25 janeiro, 2009

confessionário




Caulfield, P.
Jules Laforgue Portfolio -
all these confessions.....
(1973)


A Sofia Loureiro dos Santos, do blog Defender o Quadrado (de quem me habituei a gostar) fez-me um desafio interessante. Só uma vez aceitei uma proposta semelhante, feita pela Carminda Pinho do Fórum Cidadania. De outras vezes, em que me competiria escolher blogs do meu agrado, lamentei, mas não dei continuidade à cadeia, apesar do miminho que é sermos objecto de uma escolha pela positiva. O que me limitou nessas alturas é da mesma natureza do que agora me dificulta responder ao que a Sofia Loureiro dos Santos propõe. Mas resolvi aceitar. E, pela primeira vez aqui no blog, dou comigo quase aflita! Fazer um desvio para o humor ou a ironia não me parece adequado ao sentido do desafio. Ontem, antes de adormecer, quase voltei aos tempos em que tinha o dever de fazer todas as noites o “exame de consciência”. A tarefa torna-se complicada porque não se trata de sintetizar um dia, mas a mim mesma como protagonista de mim.


Diz a Sofia Loureiro dos Santos e eu repito: "trata-se de escolher seis coisas que deverei contar sobre mim indicar mais seis blogues para continuarem o desafio com o respectivo link, explicando as suas regras, e informá-las nas respectivas caixas de comentários que tinham sido nomeadas".

Siga a rusga:

1) Sou muitas coisas ao mesmo tempo. Gostava de ser mais uniforme. Ser assim é um peso porque me dispersa, me faz “precisar” de olhar para muitos lugares diferentes ao mesmo tempo e me conduz a identificações (quase) contraditórias. Não me permite o aconchego (suponho eu) que é podermos considerar-nos de uma determinada “gaveta”.

2) Não me consigo compartimentar. Ando sempre com a tralha da vida toda às costas. Isto cansa tanto que tentei modificar-me. Continuo, nesta idade, a tolerar demasiado situações que não me agradam. Restos, ou não, de um tempo em que me ensinaram a não dizer não, cada vez mais acho este aspecto limitador. O mais que consigo, neste momento, é desligar. Só que, como não me compartimento, desligo do que devo e do que não devo!



3) Gosto muito de aprender com outras pessoas. Valorizo o que dizem. Pressuponho que, para afirmarem o que afirmam, devem ter pensado bem no assunto [e também apanho as respectivas decepções]. Convicta do que eu própria digo, “incorporo” o que ouço no que já compreendera antes. [Prefiro um raciocínio criativo, mesmo que não me identifique com a substância, do que um raciocínio previsível cuja conclusão se aproxime do que penso]. Paralelamente incomodam-me profundamente (irritam-me) o que chamo “perguntas parvas”. Como ninguém tem obrigação de, num determinado momento, estar ligado ao mesmo quadro de referências que eu, vale que não me custa pedir desculpa. Voluntariamente sou incapaz de colocar alguém numa situação desconfortável. [E às vezes é preciso!]


4) Sou naturalmente extrovertida e gosto muito das pessoas até prova em contrário. Marcam-me a credulidade e a ausência de calculismo (sou naif). Sou mais social do que gregária. Nunca consegui pertencer só a um grupo. Falta-me a paciência para "solidariedades enredadas".
5) Apesar de alternar momentos de alegria e contentamento com momentos de melancolia, tristeza e desamparo, não apareço mal-humorada ao outro mais exterior a mim. Admito que os mais próximos não escapam às consequências desta dança de estados de espírito.

6) Sei que uma certa “mania” de perfeição me conduz, muitas vezes, à inacção. [Um tormento.] Não me dou com rotinas. Não faço nada se não acreditar, só porque toda a gente faz. Quando sinto que entendi o sentido geral de determinado assunto, situação (o que seja) desinteresso-me. Os pormenores não me motivam e claro que perco coisas muito importantes. Gostava de não ser assim, mas nunca consegui alterar muito esta característica senão em aspectos relacionados com o meu trabalho.

E a batata quente vai para...

tinta azul - aluaflutua
blondewithaPhD - blondewithaPhD
jorge c. - entre deus e o diabo

um ar de - nem tudo o que sobe
gp - sarrabiscos
cristal - sem tom nem som

(agora vou a correr deixar a intimação nas respectivas caixas)

11 comentários:

Anónimo disse...

Eu sei que é de uma indelicadeza atroz mas desta vez vou passar, se não se importar. Eu explico porquê.
Não é que tenha algo contra correntes. Não tenho. Mas esta corrente vai contra algo que me parece o motivo pelo qual nos lemos uns aos outros. Quando nos lemos vamo-nos conhecendo. Se eu disser tudo aquilo que sou em seis pontos estarei a condicionar o seu juízo sempre que me ler. Por isso acho que tudo isto faz parte um processo de acompanhamento. Além de que a exposição, assim, intimida-me.
Prometo que se me passar alguma de música ou cinema ou literatura respondo com todo o prazer e passo. Mas esta não, está bem?
Espero que não me leve a mal!

mdsol disse...

jorce c.
Entendo perfeitamente! Não é indelicadeza nenhuma. Como digo na introdução, eu própria sou bastante avessa a estas coisas.
Um beijinho
:))

Anónimo disse...

A sua compreensão e amabilidade fazem de mim uma coisa pequenina.

Como dizem os ingleses,

humbly yours.

luis lourenço disse...

Maria do Sol!
parabéns pela paiência...noblesse oblige...quanto ao perfil acho que já tinha a ideia...só faltava o conceito.
Bjinho

véu de maya.

Myriade disse...

Se viesses o meu ultimo post :)))

Myriade disse...

Tens razao: para eu escrever um texto como este em portugues demoraria um dia ou mais :))

Juani disse...

me gusto leer algo que habla de ti
gracias por compartirlo
saluditos

cristal disse...

Apetece-me chamar-te "amiga da onça"... mas vá lá, por esta passa... também não gosto de correnteseas auto-análises, a esta altura da minha vida, parecem-me um desperdício. Além do mais, é capaz de parecer plágio a ti mesma, uma vez que muito me revejo neste teu auto-retrato (o que até nem admira). Mas, por vir de ti, vou tentar dar continuação
. Amanhã, só amanhã.

anamar disse...

Mdsol, que bom saber mais de si!!!!
Já assim a imaginava....
Foi um enorme desafio, mas o seu acto de coragem ajudou a quem a aprecia, ter vontade de ir tomar , um destes dias , o pequeno almoço consigo....
Abracinho
"balhamedeus", dá-me volta á cabeça... saudades do tempo em que fui feliz pelo norte1

GP disse...

mdsol
Que problemaço me arranjaste, oh amiga! Não me importo de falar de como me vejo a mim mas não é assim de repente. Tenho que escolher seis coisas das seis mil que me ocorrem. Vou fazer o TPC com calma.

beijinho

Anónimo disse...

olha que bem :D