31 dezembro, 2007

mais palavras emprestadas a pensar no meu amigo Jú


"Coimbra, 16 de Abril de 1991 - Varri-o do meu caminho. Ultimamente tem sido uma razia
. E acabarei como comecei. Na companhia e na amizade dos simples, que não sabem mentir, ou mentem inocentemente. Em vésperas de partir não quero mais equívocos....Que nenhuma confusão possa sujar a minha." (alma)

Miguel Torga, DiárioXVI, p.73

mosquitos por cordas?



quem tem bancos tem cadilhes
tem-nos quem os não tiver

quem tem bancos tem atilhos
mesmo depois de "morrer".

quem tem acções tem sentido
p'ra onde lançar o dardo
e meter bem o partido.
e tirar como o berardo

sou ignorante q.b.
em economia e finança

mas no caso o que se vê
é a basta maningância

que em tempo de frio salta
e estoira em clima franco
não por usar gola alta
mas sim colarinho branco!

e às tantas vale tudo
que eu disto nada sei
e ó'pois vão num canudo
as "bocas" que aqui dei.

ano bom




um ano cheiinho de coisas boas

30 dezembro, 2007

acontecido

Não cultivo os balanços. Fico tonta, ourada como se diz no sul. Contudo, sugestionada pela leitura do jornal, dei comigo a pensar qual seria, para mim, o acontecimento caseiro do ano que agora acaba. Normalmente hesitante em relação a (quase) tudo, auto-surpreendi-me com a certeza rápida da escolha.
Em boa verdade, o acontecimento do ano, para mim, foi a condenação de um fulano e de uma sicrana, de uma instituição universitária, a pena de prisão por ABUSO DE PODER. Bem sei que é uma gotícola de água no mar de abusos, prepotências, aproveitamentos, corrupções e ... que grassam por este país. Mas, sem gotas não há copos que transbordem. E, já era tempo destes (des)temperos não serem só reconhecidos nos autarcas e nos presidentes dos clubes de futebol. Eu sei que é simbólico mas, ainda assim, muito importante, porquanto, a persistir esta mentalidade e este sentido de impunidade em Portugal, não há sabonária nem barrela que nos tornem definitivamente num país civilizado e culto. Nem que as sabonárias e as barrelas sejam presidências europeias catitas e cimeiras europóqualquer coisa muito pragmáticas.

29 dezembro, 2007

palavras emprestadas

"Coimbra, 16 de Novembro de 1990 - Mudei. Até aqui, combatia com as armas erradas e cegas do instinto, da paixão e do sentimento. E perdia sempre. Agora, menos impulsivo, perco na mesma, mas as derrotas doem-me menos. Escudo-me na indiferença. Não pactuo, nem quero atraiçoar a minha vida. Luto ainda denodadamente, é certo. O objectivo, porém, não é vencer em plano algum, nem responder a ninguém. É sair do mundo com brio e lucidez".

Miguel Torga, Diário XVI, p.38

Aí está. Como diria o Odorico Paraguassu "talqualmente" eu sinto. E, assim sentindo, recordo uma outra frase, escrita noutro diário e que me cai, também, como sopa no mel... Vou procurar ...

Achei.!!!..

"Chaves 4 de Setembro de 1988 - Dava tudo para que me compreendessem. Mas já me contento quando me respeitam." (M. Torga, Diário XV, p.131)

28 dezembro, 2007

corda bamba




"O verdadeiro caminho passa por uma corda esticada não em altura, mas um pouco acima do solo. Parece destinada a fazer tropeçar, não a ser ultrapassada."

(F. Kafka)

27 dezembro, 2007

faculdades dos feijões


Almada Negreiros numa imagem feliz falava de uma mesa cheia de feijões e esclarecia o gesto de os juntar num montão único e o gesto de os separar, um por um, do dito montão. Também considerava bem mais simples e a exigir menos tempo o primeiro gesto.
Falando de território (em vez de mesa) e de pessoas (em vez de feijões), o trabalho de juntar todas as pessoas num montão único é menos complicado do que o de personalizar cada uma delas. Ainda continuando com A.N. o primeiro gesto de reunir, aunar, tornar uno, todas as pessoas de um mesmo território é o processo de civilização. O segundo gesto, o de personalizar cada ser que pertence a uma civilização é o processo da cultura. Percebo com A.N. que é mais difícil a passagem de civilização para cultura do que a formação da civilização. A civilização é um fenómeno colectivo. A cultura é um fenómeno individual. Não há cultura sem civilização, nem civilização que perdure sem cultura. A.N. acrescenta: Justaposição disto mesmo a Portugal: uma civilização sem cultura. As excepções, inclusive as geniais, não fazem senão confirmá-lo.

Pois! E eu ao escrever isto só me apetecia trocar território por F.....
Decerto dou valor a quem "civilizou" as barracas iniciais. O problema está em que só se apostou verdadeiramente na ideia de "ajuntar" e nunca se passou à valorização das virtualidades de cada um, aceitando verdadeiramente o contributo das diferenças. Conclusão: com o argumento definitivo de estarmos sempre juntos, nunca mais se admitiu que deveríamos ficar juntos exactamente por sermos diferentes e os que foram ficando mais juntos e mais rapidamente colados são exactamente os mais iguais.

Feijões ao monte e fé em Dios


faria hoje anos

as saudades permanecem

22 dezembro, 2007

consoada

o natal é quando um homem ou uma mulher quiserem e hoje era só véspera de um dia 23 mas porque foi muito bom o jantar eu acho que este ano já tenho a minha consoada e portanto não me vou lamentar mais por ser Natal e eu não gostar deste tempo se bem que do tempo eu não gosto mesmo mas como gosto muito das pessoas fico feliz se estou bem com elas e hoje estive e rimo-nos muito e recordamos ainda mais e os "miúdos" já graúdos são mesmo muito amigos e o que fica da vida é isso e o resto são quase só palermices ...

18 dezembro, 2007

Faz hoje um ano

Que aqui coloquei o post "carolina académica"! (18 de dezembro de 2006)

Ontem a carolina académica e o seu presidente foram condenados "ambos os dois".

Yessssssssssssssssssssssssssssssss

A ver vamos se existe epílogo!!!

17 dezembro, 2007

Eu não sou um(a) Calimero


Não aconteceu tudo o que devia ter acontecido, mas aconteceu alguma coisa do que era urgente que acontecesse. Assim comece a acontecer em todos os campos da vida do país.

Já agora era só autarcas e dirigentes de futebol....

(estou vazia.... só quis registar....)


16 dezembro, 2007

E porque hoje é dia do senhor


Admito. A conversa por aqui anda chata e pesada. Mas, desde que iniciei "isto", sempre soube que escreveria o que me "saísse". Se eu não ando fresca e airosa, a prosa parida não lhe pode ficar muito distante.
Domingo de manhã. Arrumações muito básicas feitas, mexo ao acaso nos "meus livros". Saquei da estante o Vol.V (Ensaios) da Obras completas do Almada Negreiros. Admito que retirei este um pouco a pensar na minha querida Tinta Azul tão entusiasmada com o seu lado artístico. Abro e.... logo naquela 1ª página em branco que (quase) todos os livros têm antes de começarem propriamente, dou de caras com a minha letra a lápis! (Sim, eu escrevo, rabisco, sublinho os livros).

Vejo a data da minha "escritura": Domingo, 27/8 /1995 e leio admirada

13h

É preciso comer para viver
Tudo em nós requer alimentação
A cabeça o estômago, o coração
Peitos fortes, pernas boas para ver

Hoje para dar corpo à função
Vou fazer uns filetes de salmão
Cor bonita, aparência apaladada
P' ra degustar juntamente com salada.


Assim, sem um rabisco ou correcção.... Só me pude rir.... e ficar satisfeita porque naquele dia a minha vontade de fazer o almoço deveria ser tanta ... E o Almada que me perdoe ficar para depois.

15 dezembro, 2007

"espírito natalino"

A minha falta de identificação com este "período natalício" já se manifesta. Cada ano piora. Concordo que há exageros a evitar, mas DETESTO este tempo. De tal modo que me parece justificar-se eu pensar seriamente porque é que este tempo me magoa tanto.


(depois do comentário feito por MNN)

A minha falta de identificação com este "período natalício" já se manifesta. Cada ano piora. Concordo que há exageros a evitar, mas DETESTO este tempo. Irrita-me, ponto!





Sem saída?

"... Esta minha vida de agora é circular e eu sufoco, sem dela poder sair, com o deus que lá existe, com Deus, com Deus...Comboios que não páram de ranger e apitar. Comboios que partem. Durante a noite acordo muitas vezes com Deus a apitar. Mas de manhã a a minha falta de fé parece ainda maior e compreendo que nunca hei-de sair deste quarto e que os comboios são simples pensamentos, como Antuérpia, uma inspiração difusa, confusa."

in "Os passos em volta" de Herberto Helder pp.49

13 dezembro, 2007

Amizade

Nesta altura do ano em que (quase) tudo me deprime, com especial relevância para os dlinsdlinsdlins tocados à exaustão em qualquer raio de lugar em que entremos, ou mesmo na rua, começa a ser um lugar comum eu dizer:
Ah se eu pudesse, sumia-me pelo menos a partir do dia 20 de Dezembro e só voltava depois do dia de reis (6 de Janeiro). Não é ainda possível. Mas estou segura de que um dia vai acontecer. Piro-me mesmo sozinha! Nem que tenha que apelar para aquele tipo de circunstância que justifica um certo "destravamento" das pessoas mais idosas.

O livro de que retiro este excerto " A Amizade" ajudou-me muito, há uns anos atrás, quando, já com idade suficiente para ter juízo, mas também com ingenuidade bastante para distribuir num infantário ,tive necessidade de esclarecer o mais possível
interiormente a questão da amizade.

Aí vai o que Voltaire disse:
" A amizade é um contrato tácito entre duas pessosa sensíveis e virtuosas. Digo "sensíveis" porque um monge, um solitário, pode ser uma pessoa de bem e viver sem conhecer a amizade. Digo "virtuosas" porque os maus tem apenas cúmplices, os divertidos companheiros de paródia, os cúpidos sócios, os políticos juntam em redor os partidários, os que se metem na vida dos outros têm relações, os príncipes cortesãos, mas apenas os homens virtuosos têm amigos. Cetego era cúmplice de Catilina, e Mecenato cortesão de Octávio; mas Cícero era amigo de Aristóteles".

O facto de a amizade ter uma componente ética forte torna verdadeira a afirmação "diz-me com quem andas dir-te-ei quem és".

Os amigos são o retrato objectivo da ética da pesoa. Eles indicam o seu rigor, a sua intransigência, mas também o seu amor pela inteligência, a sua criatividade e finalmente a sua tolerância.

Eu tenho um bom punhado de amigos! Sou mesmo uma sortuda.