31 dezembro, 2009

ano bom





Maimon, I.
champagne girl
(1990)






P'ra todos um ano bom
Que não tenha um revés
Abraço do coração!*
Um grande 2010!
 [*Para rimar leia-se com sotaque do Porto...]



Michael Nyman, time laps 
[Esta "sugestão" musical não é sinal de capitulação...]

é do tempo






Frankenthaler, H.
walking rain
(1987)






Saiam-me de casa devidamente equipados porque vai chover em todo o país, neste último dia de 2009.

30 dezembro, 2009

... e agora eu era ...





Jikai, L. 
rocking horse
(2006)
[pintado em fibra de vidro]








Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você
Além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava o rock
Para as matinês
Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigada a ser feliz
E você era a princesa
Que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país
Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Sim , me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade
Acho que a gente nem tinha nascido
Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá desse quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo
Sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim

(Chico Buarque - Sivuca, 1977)


Chico Buarque, João e Maria                   Chico&Nara Leão, João e Maria

29 dezembro, 2009

... e o dia amanheceu em paz

.





Jing, A.
red in love - 2
(2009)









 


VALSINHA 
Um dia, ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar
E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz

Chico Buarque / Vinícius de Morais


Chico Buarque, valsinha

[É para ouvir mesmo. Eu bem aviso...  :)))]

28 dezembro, 2009

manhã de segunda mas uma boa semana (16)

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Heron, P.
28 December 1998
(1998)




...e que a última semana do ano seja temperada com as cores que percorrem os sonhos de cada um...

Aquarela

Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...
Corro o lápis em torno
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos
Tenho um guarda-chuva...
Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho
Azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu...
Vai voando
Contornando a imensa
Curva Norte e Sul
Vou com ela
Viajando Havaí
Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela
Branco navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul...
Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo
Avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar...
Basta imaginar e ele está
Partindo, sereno e lindo
Se a gente quiser
Ele vai pousar...
Numa folha qualquer
Eu desenho um navio
De partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida...
De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo...
Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...
Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
(Que descolorirá!)
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
(Que descolorirá!)
Giro um simples compasso
Num círculo eu faço
O mundo
(Que descolorirá!)...

Composição: Toquinho, Vinícius de Morais, G. Morra e M. Fabrízio


Toquinho, aquarela

27 dezembro, 2009

saudades tranquilas ...

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Kusama, Y.
white infinity
(2007)



As saudades só ficam mais redondas. Faria hoje 94 anos.

26 dezembro, 2009

redimensionado

.

Franz Marc a 3 dimensões

sábado de manhã (88)

.


Vuillard, E
sleep
(c.1891)

25 dezembro, 2009

we all stand together

.

Paul McCartney - we all stand together

WE ALL STAND TOGETHER

Win or lose, sink or swim
One thing is certain, we'll never give in
Side by side, hand in hand
We all stand together

Play the game, fight the fight
But what's the point on a beautiful night
Arm in arm, hand in hand
We all stand together

La la la la la la la la
Keeping us warm in the night
La la la la la la la la la la la
Walk in the light
You'll get it right

La la la la la la la la
Keeping us warm in the night
La la la la la la la la la la la
Walk in the light
You'll get it right

Win or lose, sink or swim
One thing is certain, we'll never give in
Side by side, hand in hand
We all stand together




Meyro
(Zdzistaw Majrowski)
light
(1999)

24 dezembro, 2009

24 de dezembro

.




Masullo, A.
5026
(2008) )









Gloria in Excelsis Deo

Tenham dias tão bons que, de tão bons, sejam festivos.
Beijos e abraços cheios de cor.
:)))

23 dezembro, 2009

ao cuidado do pai natal

.




Van Gogh, V.
a pair of shoes
(1885)









Charlie Brown, christmas dance

22 dezembro, 2009

inverno





Ney, L.
winter
(1953)













Tori Amos, winter

Winter
Snow can wait
I forgot my mittens
Wipe my nose
Get my new boots on
I get a little warm in my heart
When I think of winter
I put my hand in my father's glove
I run off
Where the drifts get deeper
Sleeping beauty trips me with a frown
I hear a voice
"Your must learn to stand up for yourself
Cause I can't always be around"
He says
When you gonna make up your mind
When you gonna love you as much as I do
When you gonna make up your mind
Cause things are gonna change so fast
All the white horses are still in bed
I tell you that I'll always want you near
You say that things change my dear

Boys get discovered as winter melts
Flowers competing for the sun
Years go by and I'm here still waiting
Withering where some snowman was
Mirror mirror where's the crystal palace
But I only can see myself
Skating around the truth who I am
But I know dad the ice is getting thin

When you gonna make up your mind
When you gonna love you as much as I do
When you gonna make up your mind
Cause things are gonna change so fast
All the white horses are still in bed
I tell you that I'll always want you near
You say that things change my dear

Hair is grey
And the fires are burning
So many dreams
On the shelf
You say I wanted you to be proud of me
I always wanted that myself

He says
When you gonna make up your mind
When you gonna love you as much as I do
When you gonna make up your mind
Cause things are gonna change so fast
All the white horses have gone ahead
I tell you that I'll always want you near
You say that things change
My dear

rain & tears





Yan, L.
rain
(2008)
[trabalho em papel]









 
Aphrodite Child, rain and tears

Do que eu me fui lembrar, não é? Música de constituir família. A voz cheia de requebros. Tremelicante e falsamente desesperada. Tudo bem. Aceito tudo isso e mais que venha. Mas... Ah! Quem nunca a dançou? Quem não tremelicou ao dançá-la? Quem ... Do que me fui lembrar, não é?

21 dezembro, 2009

manhã de segunda mas uma boa semana (15)





Dauge, B.
blue winter
(2008)











... Estás aqui comigo e tenho pena acredita de ser só isto
pena até mesmo de dizer que sou só isto como se fosse também outra coisa
uma coisa para além disto que não isto
Estás aqui comigo deixa-te estar aqui comigo
...
Ruy Belo, tu estás aqui [toda a terra, I parte - areias de Portugal (todos os poemas) Assírio e Alvim, 483-484]

S. Umebayashi, Yumeii's theme (in mood for love)

Neste primeiro dia do inverno administrativo desejo-vos uma semana cheia de todos os aconchegos. :)))

20 dezembro, 2009

sábióla

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Murakami, H.
poppy
(2008)





... e que as papoilas sejam suficientes para todos os que aqui chegam consoladinhos com o resultado do jogo.

[Eu tenho "férplei", mas sou azulona, tá?]

azul cor do céu limpo




Maguire, C.
hydrangea (light background)
(s/ data)




Deixo aqui flores para quem chega. Suaves e redondas como convém no dia do senhor. Com luz e muito azul*.
:)))


Norah Jones, december

* Luz, seguramente, mas azul... eh eh eh

19 dezembro, 2009

não é balão mas ...

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Wolfe, R.
counting stars
(s/data)




Por esta altura é o que os Reis Magos devem estar a fazer: a olhar a estrelas para fazerem bem os cálculos de modo a que a viagem até Belém, [para entregarem ao Menino, enquanto o adoram, o ouro, o incenso e a mirra], decorra sem percalços escusados. Ainda acho mais proveitoso olhar o céu para contar estrelas do que para isto. Digo eu que, na altura do primeiro evento, não achei piada e só fiz alguma contrição dos maus pensamentos que tive, quando me argumentaram com os efeitos económicos da coisa. A argumentação do tipo ser bom para a economia e tal, aflige-me sempre muito porque me interpela sobre a possibilidade da minha ignorância, somada a um certo egoísmo, poder dar, e o mais certo será dar, asneira naquilo que penso. Mas, mesmo assim, não consigo compreender como é que, numa altura de tantos  e tão graves problemas, se faz disto um caso.




Gang,W. X.
oh - my balloon
(2008)
escultura em resina

Xutos & Pontapés, não sou o único (a olhar o céu)

sábado de manhã (87)

.







Nguyen Khac Chinh*
sleeping woman 2
(*vietnamita)

18 dezembro, 2009

que posso eu dizer?




Christensen, D.
blues summit
(1979)







 
George Winston - walking in the air (album forest)

Que posso eu dizer perante a falta de entendimento sobre questões em que, ou nos salvamos todos, ou nos perdemos todos? Que raio de válvulazita da humanidade não funciona e, assim, caminhamos todos para vidas complicadas quando, paralelamente, há realizações humanas extraordinárias? Bem se diz que o impulso que leva o ser humano a cometar as maiores "chineladas" é da mesma natureza do que o impele para realizações sublimes.
Onde pára o norte?  É hoje pior do que ontem? Não creio que hoje seja pior. Mas creio que as questões de hoje são mais definitivas, porque a sua resolução deficiente tem à disposição meios com um potencial de consequências irreversíveis.
Êta! Período cansativo este!

há um ano, aqui, foi assim (2)

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consequências da constipação

com.sentido

E, assim sendo, faz hoje um ano que o branco no branco adoptou esta cara mais clara. A forte constipação deu nisto:  obras de conservação e pintura do blog. Foi ficando assim e, agora, já mal me lembro do verde que por aqui dominava. O que o tempo nos faz, não é? Outra das consequências daquela gripe: os posts porque é que não há presépio no branco no branco. Esta série começou sem eu saber que tinha começado. Fiz o primeiro post sem a mínima intenção de continuar o assunto. Depois, entre fungadelas e espirros, fui seguindo até 25.

Bolas que a minha imaginação anda prodigiosa, anda*. Mi desculpem, vai... É da quadra...

*Estou a mangar comigo, como é bom de ver...

17 dezembro, 2009

... portanto, pretende-se paredes transparentes e portas e postigos abertos de par em par

.

Shepherd, K.
lit lines on four blues, one transparent wall
(2003)



A interpelação nº 1 ao governo, marcada para hoje, dia 17, centrou-se na transparência de políticas públicas.

Philip Glass, glassworks (abertura)

Concurso de Natal 2009 - Burros de Presépio (4)

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Mais um êxito d' A Barbearia do Senhor Luís - o concurso de Natal 2009 - burros de presépio, lançado no passado dia 9 de Dezembro e que decorreu até ontem, dia 15.


Numa manifestação inequívoca de eficácia, o colectivo de juízes da Barbearia conseguiu publicar, ainda esta madrugada, a acta deliberativa, que mostra um rigor de assinalar. Assim se prova que, quando se sabe o que se anda a fazer, se faz o trabalho de casa, se traz o trabalho em dia, se gosta do que se faz e não se capitula perante distracções laterais, que desviam do essencial, a celeridade dos processos não é letra morta.
A satisfação dos concorrentes e da clientela da Barbearia em geral é óbvia e, assim, mais uma vez, esta história dos concursos termina muito bem, sem que se vislumbre a mínima hipótese de chumbos futuros por parte de entidades externas que, naturalmente, hão-de auditar os resultados praticados. A bem de uma satisfação esclarecida, completa e inequívoca de toda a clientela da Barbearia.
Aqui no branco no branco rejubila-se com esta eficácia eticamente irrepreensível em ambiente de afectividade muito positiva. Toma-se este processo exemplar, em que clima amistoso e decisões objectivas co-existem, como uma centelha de esperança, tão conforme à quadra que vivemos. É assim que o branco no branco entende o primeiro lugar colectivo. Nestas e noutras andanças da vida, quando um ganha todos ganhamos e quando um perde, todos perdemos.
Parabéns ao Senhor Barbeiro, a todos os concorrentes e aos que seguem com simpatia e até alguma ansiedade o certame.


Queens, we are the champions

16 dezembro, 2009

há um ano, aqui, foi assim

Concurso de Natal 2008 - Baltasar
Época a descoberto
Beijo abrupto

Boas cópias

 .
Copiado descaradamente daqui. Na minha opinião, um delito que se justifica pelo conteúdo do pequeno filme.


Assim reza no you-tube:
Postal electrónico de Natal realizado no âmbito da cadeira de Projecto II, do curso Design da Universidade de Aveiro. Este postal visa os problemas do excesso de consumo que se vão apoderando desenfreadamente da nossa sociedade, tendo por base o conceito de "prosumer".

EDIT 1: o feedback em relação a este vídeo tem sido muito positivo e por isso agradecemos a TODOS pelos comentários, favoritos e visualizações! repassem ;)

EDIT 2: este vídeo não foi realizado com o intuito de atacar marcas em particular. Estas foram escolhidas de forma aleatória. Compreendemos que não é legal o uso das imagens gráficas destas. No entanto, reforçamos que se trata de um projecto académico, sem nenhum propósito lucrativo. Obrigada.

15 dezembro, 2009

Concurso de Natal 2009 - Burros de Presépio [d 'A Barbearia do senhor Luís] (3)

.




Chagall, M.
paradise
the green donkey*
(1960)



Termina hoje, dia 15, à meia-noite, o estimulante concurso da Barbearia mais in de toda a blogosfera, em que o branco no branco participou com o seu bbb. Escusado será dizer que o nervoso miudinho e a ansiedade tremelicante se instalaram aqui no branco no branco, dada a fortíssima concorrência que o certame convocou, num autêntico desafio ao estado de crise apregoado por esse mundo fora. Tanto quanto me fui apercebendo este ano não só há mais candidatos, mas também se nota uma qualidade acrescida nos exemplares apresentados. Ansiosa pelo resultado final - que o magnânimo júri anunciará quando a difícil tarefa de julgar estiver terminada - uma conclusão me atrevo a tirar desde já: há burros por aí que nem se suspeita.
É sempre de enaltecer o aturado trabalho de organização do Sr. Luís da Barbearia.:)))))))

* Uma versão verde e amante da boa forma ambiental, em tempo de cimeira cheia de artistas... Exemplar não apresentado a concurso para não introduzir ruído nos trabalhos  de Copenhaga.

claras recordações iluminadas








Corse, M.
white light painting
(1990)








A camisola do dia

Amor, eu me lembro ainda,
Que era linda, muito linda,
Um céu azul de organdi,
A camisola do dia,
Tão transparente e macia,
Que dei de presente a ti,
Tinha rendas de Sevilha,
A pequena maravilha,
Que o teu corpinho abrigava,
E eu, eu era o dono de tudo,
Do divino conteúdo,
Que a camisola ocultava.

A camisola que um dia,
Guardou a minha alegria,
Desbotou, perdeu a cor,
Abandonada no leito,
Que nunca mais foi desfeito,
Pelas vigílias do amor....


Maria Bethânia, a camisola do dia

14 dezembro, 2009

saídas possíveis

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Ghidinelli, K.
aftermath






"... hoje quero dar-lhe um enorme "passou bem", demorado e firme, que dê tempo à pele para trocar as impressões que quiser".


E. Morricone, playing love, violoncelo Yo-Yo Ma

13 dezembro, 2009

Concurso de Natal 2009 - Burros de Presépio [d 'A Barbearia do senhor Luís] (2)

O prometido é devido. Aqui está o burro do branco no branco (bbb) opositor ao concurso Burros de Presépio organizado pel' A Barbearia do Senhor Luís. Deixo também o desabafo do bbb quando lhe pedi para entrar no concurso e ele percebeu a imensa exposição mediática a que ia ser sujeito:

Apesar de bem nutrido
E não ter um ar plebeu
' Stou sem focinho escondido.
Desses burros, não sou eu.

Sou um burro atinadinho
E escolho bem os meus sócios
Não caio em engodinhos
Bancos de Palha, Negócios

Quando não posso, arreio
Para não trocar a porta
Das casas com o correio,
Nem o montado por Horta

Meu trabalho preferido
É só bafejar Jesus
Mas ando tão dividido
Entre Belém e a Luz...

Com este modo de estar
Tão íntimo dos do Céu
Apetece perguntar
Se o burro sou mesmo eu...

Este burro só pode ganhar destacadíssimo... ou não!

:)))

passem bem

.



Warhol, A.
December shoe
(c.1955)

Já que caminhamos a passos largos para a quadra...

Um bom dia do senhor para quem aqui chega


Artur Piazzola, milonga del angel

corrupções

.




Hafez,K.
mighty hands








Amor Corrupção é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não que se sente;
É um contentamento descontente do contente;
É dor que desatina sem a doer;

É um não querer mais que bem muito querer ter;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de o contente;
É cuidar que se ganha em se sem perder;

É não querer estar preso por vontade;
É servir a benesses quem vence, o ao vencedor;
É ter com quem nos que matar a lealdade.

Mas como causar pode seu favor sua extinção
E Nos corações humanos amizade, pôr verdade
Se tão contrária a si é o mesmo a corrupção?

[Camões que me perdoe por favor
O oportunismo desta adaptação
Ideia que me chegou sem eu supor
Ao comentar no Delito de Opinião]

E andamos nisto...


Guess...

12 dezembro, 2009

frio quente






Stefano, F. de
cold light
(2007)



A luz deste sábado frio aclara e espevita memórias quentes do meu tempo ingénuo vivido em terra fria e seca quando tudo era possível no futuro do verão.  
Gosto do rigor e da clareza deste frio franco, directo e competente.


Jan Garbarek & The Hilliard Emsemble, O salutaris Hostia,  de Pierre de la Rue, do cd Officium

sábado de manhã (86)

.




R. Lichtenstein
sleeping muse
(1984)

10 dezembro, 2009

concurso "burros de presépio"



Que bommmm. A Barbearia do senhor Luís, mais uma vez, promove um concurso de altíssima relevância relacionado com a "quadra" que se avizinha, convocando todos a participar. O branco no branco só entrou no certame do ano passado, com o tema Rei-Mago Baltasar, mas gostou tanto que já está em pulgas para ver se arranja tempo para se preparar condignamente e, assim, participar no desafio que o senhor Barbeiro coloca este ano - Burros de Presépio. Já há por lá uns concorrentes, cujo gabarito cria responsabilidades acrescidas na aquisição de um exemplar de qualidade, digno de entrar em tão conceituada contenda. Mas, meninas e meninos, embora o branco no branco tente uma representação condigna, ninguém fica desobrigado de participar. Afianço-vos eu, pela experiência do ano passado, que participar nos faz muito bem.

09 dezembro, 2009

conversas com a Isaura (11)

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 Nara, Y.
acid rain
(1996)


Querida Isaura
Como vais? Bem, assim espero. Ao tempo que não falamos, não é? Como te tinha dito, pelo menos até ao Natal, ando bastante ocupada. E este tempo também não ajuda nada. Muito feio, acho eu. Só apetece estar enroscada numa mantinha quente e suave, a bebericar uma infusão aromática e sem pensar em nada. Eu passei mais ou menos assim o fim de semana. A ressaca do funeral, a chuva a cair sem parar, demasiado cinzento, literal e metafórico, para ter vontade de coisas mais elevadas. Acresce que tenho a casa de pantanas. Já vociferei o que tinha de vociferar, até ao dia em que ouça mais algum político a falar das piquenas e médias empresas que precisam de apoios. Em altura de crise, começar obras, prolongá-las (o preço está previamente definido, portanto, nem sequer é uma esperteza saloia esticá-las) e, mesmo com o prazo de conclusão esgotado, fazer ponte, pois claro, e eu que me amanhe com quase tudo fora do sítio e algum pó no ar, óptimo para "atenuar" a tosse alérgica com que ando. Claro que, com estas coisas todas nem me lembro do ombro. A tendinite, de que te falei, não passou completamente. Comprometi-me a fazer  fisioterapia e nunca pus os pés na clínica, que, sabes bem, fica a 2 minutos de minha casa. Como me dói menos, abuso do abandono. E isto sabendo que as vou pagar com língua de palmo, mais tarde ou mais cedo. Sabes Isaura, até os prós estão contra. Acreditas que até o tlm anda meio tolo? Pura e simplesmente não toca e cria-me embaraços. Ainda não tive oportunidade de o atirar à parede (tenho de comprar outro antes).
Isaura, não te maço mais. Ah! e não te preocupes comigo. Já me conheces e sabes que, quando se aproxima a "quadra", eu acuso logo um nervoso miudinho, revestido de falta de paciência, com manifestações muito agudas se me chega algum dlindlindlin da época ou me ponho a pensar nos embrulhos vazios, cheios de coisas dentro. Adiante.
Se não falarmos antes, e apesar da minha manifesta não militância da causa natalina e afins, desejo que passes bem as festas e que o ano novo seja muito auspicioso.
:)))

08 dezembro, 2009

longa chuva






Yamanobe, H.
long rain No. 4
(2007)





De 1 de Novembro a 4 de Dezembro (33 dias) só em 4 dias não terá chovido aqui pelo noroeste, como confirmei aqui, no post de 04-12. Já é uma longa chuva.


Miriam Mackeba, chove chuva

Chove chuva
Chove sem parar
Chove chuva
Chove sem parar

Pois eu vou fazer uma prece
Prá Deus, nosso Senhor
Prá chuva parar
De molhar o meu divino amor

Que é muito lindo
É mais que o infinito
É puro e belo
Inocente como a flor

Por favor, chuva ruim
Não molhe mais
O meu amor assim

Chove chuva
Chove sem parar
Chove chuva
Chove sem parar

Jorge Ben

07 dezembro, 2009

manhã de segunda mas uma boa semana (14)

.





Cohen, E.
as souls change into water
(2006)










Look What They've Done to My Song

Look what they've done to my song, Ma
Look what they've done to my song
Well it's the only thing I could do half right
And it's turning out all wrong, Ma
Look what they've done to my song

Look what they've done to my brain, Ma
Look what they've done to my brain
Well they picked it like a chicken bone
And I think I'm half insane, Ma
Look what they've done to my song

I wish I could find a good book to live in
Wish I could find a good book
Well, if I could find a real good book
I'd never have to come out and look at
What they've done to my song

La la la...
Look what they've done to my song

But maybe it'll all be all right, Ma
Maybe it'll all be OK
Well, if the people are buying tears
I'll be rich some day, Ma
Look what they've done to my song

Ils ont changé ma chanson, Ma
Ils ont changé ma chanson
C'est la seule chose que je peux faire
Et çe n'est pas bon, Ma
Ils ont changé ma chanson

Look what they've done to my song, Ma
Look what they've done to my song, Ma
Well they tied it up in a plastic bag
And turned it upside down, Ma
Look what they've done to my song

Ils ont changé ma chanson, Ma...

Look what they've done to my song, Ma
Look what they've done to my song
Well it's the only thing I could do all right
And they turned it upside down
Look what they've done to my song


Melanie, look what they've done to my song

06 dezembro, 2009

manifestamente evidente: óbvio, portanto

.




Tàpies, A.
matèria i frontissa
1996



Interessa-me quem cria a partir do desperdício. Deslumbra-me quem cria a partir do inesperado. Comove-me quem junta os cacos e retoma o essencial. O óbvio, o previsível e a superfície acabam comigo. Mas, não tomem isto como pretensão, ou tique de (Serra da) Estrela, muito menos do tipo: É ver est(a). É condição volumosa, que me ultrapassa e que em nada me facilita nada.


Camerata Brasil, Bach in Brasil

[Quem aqui chega há mais tempo já sabe do meu contencioso com o dia do senhor, vulgarmente conhecido por domingo ou, para os mais pessimistas, como véspera de segunda-feira. Ora, juntem ao de hoje uns salpicos da época que está mesmo a chegar, pintem-no de cinzento plúmbeo e concederão que é dose para desculpar frases como as de cima... O melhor mesmo é não ligar muito. Isso é óbvio. :)))
Bom domingo]

05 dezembro, 2009

é cada tirada!

.




Zviedris, V.
when all is forgotten
(2008)






Em relação às pessoas o tempo tem isto: ao corpo faz misérias, ao resto ... maravilhas.

sábado de manhã (85)

.


Denis, M.
la dormeuse ou jeune fille endormie
(1892)

03 dezembro, 2009

evocação da A.

.






Jones, R.
heaven
(s/ data)









Foste embora, minha querida, demasiado cedo, demasiado depressa, demasiado antes de tempo. Escolheste o recato nesta recta final. Fico na dúvida se, ao respeitar a tua escolha, não te mostrei devidamente como gostava de ti e como te queria muito bem. Mas, pensando bem, eu sei que tu sabes e isso, sendo muito pouco, dá-me algum sossego neste momento triste, triste, triste. Olha, minha querida, hoje deu-me para vestir o casaco azul de malha, igual ao teu e que tão elegante te fazia.
Que as cores quentes do céu te afaguem. Com muita ternura.


Bach /Gounod, Avé Maria (harpa e violino)


Bach/Gounod, Avé-Maria (Violoncelo - Julian Lloyd Webber)

02 dezembro, 2009

enxurrada amarga - nota em dó maior

Pelamordedeus. Digam-me sinceramente. Sosseguem-me se puderem. Vocês aguentam isto? É de mim, ou é completamente desajustado? Já me aconteceu a voz áspera, quase desesperada, e a música desproporcionada andarem a azucrinar-me o dia inteiro. Apre!

01 dezembro, 2009

início de dezembro, (quase) fim de outono e algum frio pelo meio (finalmente)






Cherry, H.
december
(1959)











UM DIA NÃO MUITO LONGE
NÃO MUITO PERTO

Às vezes sabes sinto-me farto
por tudo isto ser sempre assim

Um dia não muito longe não muito perto
um dia muito normal um dia quotidiano
um dia não é que eu pareça lá muito hirto
entrarás no quarto e chamarás por mim
e digo-te já que tenho pena de não responder
de não sair do meu ar vagamente absorto
farei um esforço parece mas nada a fazer
hás-de dizer que pareço morto
que disparate dizias tu que houve um surto
não sabes de quê não muito perto
e eu sem nada para te dizer
um pouco farto não muito hirto e vagamente absorto
não muito perto desse tal surto
queres tu ver que hei-de estar morto?

Ruy Belo, um dia não muito longe não muito perto
{outono, [homem de palavra(s)], todos os poemas,
Assírio e Alvim, 223}


Erik Satie, pièces froides - danses de travers, nº3