14 junho, 2008

do sol, da vida, do verde, do silêncio...




Hopper, Edward
morning sun
(1952)







ESTOU VIVO E ESCREVO SOL

Eu escrevo versos ao meio dia
e a morte ao sol é uma cabeleira
que passa em frios frescos sob a minha cara de vivo
Estou vivo e escrevo sol.

Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
no vazio fresco
é porque aboli todas as mentiras
e não sou mais que este momento puro
a coincidência perfeita no acto de escrever ao sol.

A vertigem única da verdade em riste
a nulidade de todas as próximas paragens
navego para o cimo
tombo na claridade simples
e os objectos atiram as suas faces
e na minha língua o sol trepida

Melhor que beber vinho é mais claro
ser no olhar o próprio olhar
a maravilha é este espaço aberto
a rua
um grito
a grande toalha do silêncio verde

António Ramos Rosa

8 comentários:

JPD disse...

Olá mdsol!

Lindíssimo poema e perfeita ilustração.

OUTONO disse...

Deixa-me dizer, que vi uma magnífica moldura, num texto muito bonito.

luis lourenço disse...

ANtóni Ramos Rosa é um poeta tão intenso e tão verdadeiro que é capa de nos comover. Obrigado pelo poema e pela imagem.

beijinhos

Rui Caetano disse...

Muito, muito bonito.

Duarte disse...

Um novo pleno. Excelente conjunção dos dois elementos.
O poema está carregado de matizes que fazem grande ao seu autor.
Gosto

Manuel Veiga disse...

tão bom! ler aqui este poema.

excelente a ilustração!

poetaeusou . . . disse...

*
antonio ramos rosa.
o meu preferido,
,
vivas conchinhas,
,
*

Carminda Pinho disse...

Esta imagem é linda.
Boa escolha também, no poeta e na poesia.
Bjs