19 junho, 2008

dizeres antigos





P. Bruegel the Elder,
tower of babel
(1563)





No percurso do discurso que se faz
não é com falas (ou com falos) que se diz,
a linguagem é real, viva, se apraz
experiência interna que nunca contradiz

o sistema do sentido mais profundo.
Ergon seguro tornado energeia,
é autonomia do discurso face ao mundo,
é pensamento, é posição que encadeia

actividade intencional - eu sou sujeito.
E sujeição, só à interpretação
que em simbiose vive com compreensão.

Só não posso, não suporto, não aceito
Ser parêntesis [mesmo que seja dos rectos]
No percurso do discurso dos afectos.

Coimbra, c. de 1997

6 comentários:

João Videira Santos disse...

"...não suporto, não aceito
ser parêntesis [mesmo que seja dos rectos]no percurso do discurso dos afectos." - Muito bonito!

Duarte disse...

Mesmo muito bom. Gostei

Unknown disse...

Acho que ninguém gosta de ser parêntesis...[no sentido que o autor dá ao conceito], sobretudo, no "discurso" dos afectos.
.
Também não gosto quando os outros sentem que é colocado por mim, como a distância que se afirma, porque tem que ser.
.
E ainda gosto menos, quando insistem em não o "ler", depois da insistência no "discurso".
.
Afinal, quem é o autor? Não conheço. Deveria?
.
Gostei muito.
.
Como, para mim, os parêntesis rectos incluem...
.
[Beijo......]

luis lourenço disse...

Um poema muito bem humorado com a vibração e alma do estudante Coimbra. Inimitável.
A Torre de Babel pelo simbolismo que representa desde a Bíblia até ao famoso quadro de Bruguel condiz bem com tanta confusão que sempre vai na cabeça dos mortais.

Durma bem Maria do Sol

mdsol disse...

joao videira santos:
:)

duarte:
a sério?
:)

um ar de:
rsrsrs não é autor, é autora
beijos despassarados
:))))

mdsol disse...

veu de maya:
as leituras dos discursos são surpreendentes!

:))