Um amigo é às vezes o deserto,
outras a água.
Desprende-te do ínfimo rumor
de agosto; nem sempre
um corpo é o lugar de furtiva
luz despida, de carregados
limoeiros de pássaros
e o verão nos cabelos;
é na escura folhagem do sono
que brilha
a pele molhada,
a difícil floração da língua.
O real é a palavra.
Eugénio de Andrade, V, Branco no Branco, 15
Manet, É-
illustrated letter to Albert Hecht, with a Still Life of Plums and Cherries
(1880)
5 comentários:
O real, na sua multivocidade, sempre o real -- é o que conta...
;))
Zé-Carlos
Carta fabulosa...
Com aromas de fruta.
Gostei.
Estás a acertar plenamente.
Gosto e tenho bastante obra dele, mas este poema não o conhecia, belo, gosto muito.
Édouard, mi preferido, o verdadeiro criador do impressionismo, único.
Hoje a tua escolha é muito oportuna.É um poeta tão lírico e genuíno que nunca é demais lembrá-lo-Eugénio de Andrade.
Beijinhos e Bom fds
:)))
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