17 junho, 2008

rente ao dizer o silêncio





Michelangelo
a criação de Adão (pormenor)
1508-1512



A MÃO NO OMBRO

Como se tu alumiasses
ainda
cada degrau, cada palavra,
e a noite não fosse
a única porta estranhamente
branca,
eu subia sem conhecer o ombro
onde apoiava a mão.
Eugénio de Andrade, Rente ao dizer, 24

19 comentários:

mdsol disse...

Há dois livros da colecção editada pela fundação Eugénio de Andrade: O "Branco no Branco" e o "Rente ao Dizer" trago sempre comigo. Em tempos literalmente...trazi-aos na carteira! Estão sujos, riscados, com as capas partidas, com anotações nas margens a cores diferentes marcando assim tempos diferentes.
Aprendo sempre qualquer coisa de mim quando releio-o qualquer poema.
Em parte está explicada a obsessão com que "eugenizo" este blog!

Maria Oliveira disse...

Eugénio de Andrade é sempre excelente!

Parabéns pelo blog

Abraço

Juani disse...

lo que te pasa a ti con eugenio de andrade, me pasa a mi con antonio machado.
Es bueno siempre tener un hombro
donde poder llorar nuestras penas o contar nuestras alegria.
saluditos :))))

Pulsante disse...

Eu sou como a Isaura...detesto EA. Nunca gostei de homens-mulheres (isto não tem qualquer conexão sexual, não se abespinhem), e EA ainda sobrecarrega com a manta do seminário. Só lhe falta a militância jovem no PC para o quadro ficar completo. A todo o poeta fica bem a depressão, desde que a compense com a explosão, EA não explode nunca, só deprime e deprimocontagia. Mal por mal viva o Antero.

mdsol disse...

paula:
Benvinda por estes lados.
:)

Juani
saluditos, muitos
:)

pulsante:
até sou capaz de concordar com parte do que escreves...o que não está particularmente marcado neste poema concreto. Acresce que o facto de eu gostar muito destes poemas não quer dizer que goste só destes. Gosto também de outros muito diferentes, eventualmente menos "blogáveis" porque são mais extensos. Mas fico contente por te identificares com a Isaura rsrsr Ó se fico! Who knows, who knows...rsrsr
:))

Duarte disse...

Já começamos a ser dois.
Não o conhecia muito. Com o prémio Camões falou-se muito dele aqui, principalmente no jornal "El País", e nesse verão comprei alguns livros dele.
Os seus versos são profundos, meditados, nem sempre os alcanço à primeira, mas gosto.

O pintor, outro génio. Este expressava-se com os pincéis!

Pulsante disse...

Isaura-me, por quem és!!! :))

Eu também tenho uma Isaura. Uma Isaurita, melhor dizendo. Isaurita até aos noventa e muitos anos que foi a idade com que morreu. A Isaurita era sobrinha do meu avô materno e se ele não fosse calvo teria, com toda a certeza, esbranquiçado alguns dos seus cabelos. Não é que a Isaurita era comunista? Não é que a Isaurita casou com outro comunista (o primo Zé)? Esse desvio da Isaurita nunca foi compreendido pelo meu avô. No entanto, quando o primo Zé morreu, apesar da bandeira do PC que levava sobre o caixão, o Senhor meu avô permitiu que o dito fosse enterrado no jazigo da família...
Família é família e nesse campeonato o meu avô não brincava e a Isaurita lá fez as pazes com o tio

Anónimo disse...

Eu não sou eugénico (a).

Gosto, como a Isaura, da força da terra, expressão da "raça".

Baralhar as palavras, faze-las soar, sem nunca dizer muito, esgota-se para lá do conveniente.

A Isaura assim esta a ser inconveniente.

Gosto das tuas mãos.

mdsol disse...

Conclusão:

A "Isaura" escapou-me. Ganhou vida que eu não controlo! O pulsante e o/a anónimo/a que se entendam! E parece que sim!

Eu gosto da Isaura.Ponto
Eu gosto do Eugénio de Andrade.
Eu gosto de muitas coisas.
Há outras tantas de que não gosto. Sou assim tipo normalzinha rsrsrsr

:))

E gosto de ver isto animado!

luis lourenço disse...

Miva a vida e a poesia! Eugénio sempre imortal...e A Maria do Sol que nos traz a luz e a paixão dos poetas...

beijinhos

mdsol disse...

NOTA IMPORTANTE:

ISTO DA MINHA PARTE NÃO TEM NADA A VER COM O CONTROVERSO TERMO EUGENIA
BRINQUEMOS, MAS BOTANDO OS PINGOS NOS IS!
:))

Mar Arável disse...

Eugénio de Andrade

SEMPRE

Unknown disse...

Caramba!
Desta vez, nem sei como entrar aqui!

A fã da Isaura era eu, ou não?
Quanto ao Eugénio, nunca foi dos meus preferidos e nunca soube porquê... Não seria por homofobia, com toda a certeza [que nessas matérias eu tenho algumas, poucas, certezas]. Aprendi a relê-lo aqui, neste blog.
.
Acho que o achava, de facto, um bocado deprimente e deprimido [culpa da mãe, como diria o Freud - é sempre a culpa da mãe! Arre!...]
.
Quanto à Isaura, aguardo notícias...
.
[Beijo....]

Carminda Pinho disse...

E assim... rente à manhã, o poema de EA, soa ainda mais bonito.:)

Anónimo disse...

Normalzinha = "normótica", como dizia o outro...
(Um dia há-de me contar a história da Isaura, que me tem deixado intrigsdo desde que a leio.)
rsrs :))
Zé-Carlos

mdsol disse...

Oh meu caro José-Carlos:
Até já eu me perdi com a história da Isaura! Ela tomou o "freio nos dentes" e partiu com vida própria!
:))

Manuel Veiga disse...

há presenças assim. que iluminam os passos. e as noites brancas.

belíssimo. sim

Justine disse...

Eugénio, sempre. E o silêncio:
"dai-me outro verão nem que seja
de rastos, um verão
onde sinta o rastejar
do silêncio,
a secura do silêncio,
a lâmina acerada do silêncio.
Dai-me outro verão nem que fique
à mercê da sede.
Para mais uma canção."

mdsol disse...

herético:
:))

justine:
esse também é um dos meu spreferidos e acho até que já o coloquei algures por aí. Fizeste bem em trazê-lo de novo...
beijinho