Deixo-vos com todo este céu na voz bonita da Né Ladeiras, outra voz de que sempre gostei. E é para ouvir, estão a ler? Na minha modesta opinião é uma interpretação muito boa de uma canção já de si muito bonita. Depois não digam que não avisei! Balhamedeus :)))))
[Retirei o poema porque dei conta que estava com gralhas. Fui à procura do meu CD para a copiar manualmente, mas num dei com ele...]
Eu bem sei que a um blog pititi como este não compete meter-se por caminhos que não domina, de que não sabe nada além do que lhe querem dizer e tal. Ainda assim: eu se fosse procuradora do MP começava a pensar seriamente em reciclar-me. C' os diabos: não tiveram tempo para diligências que consideram essenciais? Mas que respa de incompetência é esta? Foram pressionados ao ponto de ser preciso salvaguardarem-se com queixas (para memória futura)? Mas que respa de incompetência continua a ser esta?
Adenda: competência em sentido amplo, nomeadamente no que significa de rigor no exercício específico do seu ofício, sem se alienarem do sentido daquilo que fazem, reportando-se à dimensão técnica e à dimensão ética. Dimensões que não se podem separar, como é óbvio.
Tal como disse aqui, há mais de um ano, era minha intenção colocar aqui palavras que caíram em desuso. Algumas serão meros regionalismos, outras até poderão ser corruptelas. Para o caso não me parece importante. E, assim sendo, será um gosto acrescentar palavras de outras regiões, à minha lista Mandem-mas por e-mail, se entenderem, que eu depois publico-as com a devida referência.
A apresentação é feita sob a forma de pergunta. Aguardo impacientemente a resposta na caixa dos comentários. A pergunta não é retórica. É mesmo para responderem.
Jogar de cor com a cor, corresponder
Com traço firme, pincelada rigorosa,
Sair do limbo do deve e do haver,
Saber dizer sem falar de verso ou prosa.
Banhar de luz, ser sol de qualquer ideia
Cortar com sombra o que for mais que real
Proporcionar o mundo novo que medeia
Entre sentir, querer bem ou querer mal.
Rasgar de raiva a vermelho o coração
Ou amainar os elementos com um véu
De verde manso bege doce azul do céu.
És tu pintor que me dás a tua mão
P´ra eu ver contigo. Essa arte é só tua
Que me faz, sem querer, ver-me tão nua.
(a propósito do "um" quadro de Munch, so long ago...)
Teresa Silva Carvalho, mas que fresca mondadeira (RTP, 1982) de Francisco Martins Ramos e Vitorino
Deixo esta fresca mondadeira na voz quente da Teresa da Silva Carvalho, voz de que sempre gostei.
[Em particular para os alentejanos militantes. Para os que lá nasceram, os que o adoptaram e aqueles que, como eu, embora de longe, gostam muito do Alentejo]
Emilio Aragón, Bach to Cuba, Orquestra Sinfónica de Tenerife
Aos veraneantes desejo que o tempo dure, dure, dure. Aos que, como eu, ainda não podem veranear, desejo que o tempo corra, corra, corra ... Boa semana meninas e meninos.
Diz-me devagar coisa nenhuma, assim
como a só presença em que me perdoas
esta fidelidade ao meu destino.
Quanto assim não digas é por mim
que o dizes. E os destinos vivem-se
como outra vida. Ou como solidão.
E quem lá entra? E quem lá pode estar
mais que o momento de estar só consigo?
Diz-me assim devagar coisa nenhuma:
o que à morte se diria, se ela ouvisse,
ou se diria aos mortos, se voltassem.
Em verdade, em verdade vos digo: está cá um dia! Vou ficar moidinha de tanto flutuar e, sobretudo, de tanto me mover na água, ajudando com os braços e as pernas. :)))
Não gosto de jogos de cintura. Entendo a maleabilidade como um reflexo da nossa compreensão das coisas, construída, também, a partir do ponto de vista do outro. Não aguento dissimulações. O cinismo perturba-me e os videirinhos tiram-me do sério. Evito, evito e torno a evitar. Mas quando não entendem a subtileza do comportamento, nem a elegância do trato, bato à porta e a cena é olhos nos olhos. Com calma, mas convicta, com abertura para relevar minudências, mas intransigente quanto ao essencial. É pegar ou largar. Não sei porquê normalmente pegam. Nestas alturas retiro o que digo muitas vezes e vejo que ainda vale a pena não abdicar de princípios e valores. Pode não se ir longe, mas vai-se fundo e é-se respeitado.
Quando Eva andava nua pelo paraíso,
disfarçava o tédio à sombra das árvores, colhendo
as flores cheirando o seu perfume,
e pensando como seria bom ter um céu
para espreitar.
Um dia, uma dessas flores transformou-se em
fruto; e Eva levou-o à boca, trincou-o, provou
a sua polpa. Por um estranho efeito
de causa e consequência, o sabor da maçã
obrigou Eva a cobrir a sua nudez
com folhas e flores que passaram
a ser uma metáfora do corpo
que escondem.
Então, o pecado tornou-se uma simples
figura de retórica, e o sexo um exercício
de interpretação.
Nuno Júdice, a matéria do poema, ed, dom quixote, 42
Índia, teus cabelos nos ombros caídos
Negros como as noites que não têm luar
Teus lábios de rosa para mim sorrindo
E a doce meiguice desse teu olhar
Índia da pele morena
Tua boca pequena eu quero beijar
Índia, sangue tupi
Tens o cheiro da flor
Vem que eu quero te dar
Todo meu grande amor
Quando eu for embora para bem distante
E chegar a hora de dizer-te adeus
Fica nos meus braços só mais um instante
Deixa os meus lábios se unirem aos teus
Índia, levarei saudades
Da felicidade que você me deu
Índia, a tua imagem
Sempre comigo vai
Dentro do meu coração
Todo meu Paraguai
Todo meu Paraguai
Todo meu Paraguai
Mas que prazer te rever, que bom te encontrar
Ah! Nesses a vida te fez remoçar
Não, não precisa fingir, nunca foi o teu forte fingir praagradar
Pra mim o tempo passou, mas vamos sentar e sair da calçada
Sem colarinho e com fé, que é pra gente esquentar
Uma porção de filé e um conhaque do bar
Não, nunca vou me mudar, é a mesma casinha onde fomos morar
vê se vai me visitar, as coisas continuam no mesmo lugar
O salgueiro que você plantou
De chorar quase morreu, resistiu e cresceu
Mas o cão adoeceu, sentiu sua falta demais
E a roseira lá de trás, deu rosa e concebeu, sem espinhos umaflor
que tem seu cheiro e o meu.
Garçom me traga mais dois que é pra comemorar
Traz um traçado depois que é pro santo agradar
Não, não perdi a mania, ainda durmo fumando
Ainda queimo o colchão
Claro que lembro do dia, em que quase morri
E ninguém me acordava.
Nossos retratos de amor, eu não pude rasgar
Quando você se casou, pensei em me matar
Tua loucura foi tanta, casar por vingança só mesmo você
Mas não perdi a esperança
As coisas continuam no mesmo lugar
O salgueiro que você plantou...
Uma boa semana, perfumada com muitos e bons encontros. :)))
Eu quero muito ser ministro. Contemplo a cadeira e suspiro poder representar o tipo de estado. Nunca mais independente, mais uma vez comprometido. Mostrar, agora e sempre, toda a minha abertura, tanta que só quero saber a pasta no momento de lhe pegar. Um sentimental, é o que eu sou. Pareça ou não, no fundo gosto de ser surpreendido. Danadas de saudades estas de poder mandar tirar fotocópias à vontade. Todavia, tenho de assumir: as eleições são uma estopada. Gasta-se imenso tempo em feiras, negócio de que só fruo os sãodebaites da música zote. Ora, aturar tantas maçadas para, no fim, não quererem nada comigo, eriça-me bastante. Tanto que me atrevo a forçar a porta do cavalo. Sinto uma certa vacância, sei lá!
Alexandre O'Neill, divertimento com sinais ortográficos, abandono vigiado [poesias completas 1951/1986, biblioteca de autores portugueses, INCM, 135-136].
4 non blonde, what's up?
Em tempo de muitas dúvidas, de muitas perguntas de respostas complexas, de caminhos que é preciso descobrir, questionar com rigor ainda será uma boa metodologia para chegar aonde valha a pena.
A cena passa-se ao fim da tarde de ontem, dia 12 de Julho de 2010, durante um exercício politicamente incorrecto, em casa da minha queridíssima amiga M. - a fumar um cigarro na varanda.
A conversa é trivial, sobre os afazeres de cada uma [a M. é uma excelente professora do ensino secundário, das que se desiludiu com as mudanças da ministra Mª de Lurdes Rodrigues] e algumas minudências caseiras, sempre com o sentido mais geral que conseguimos dar ao que dizemos.
A M. fala-me enfadada das papeladas que tem de preencher neste final de ano. Pergunto-lhe com calma: mas diz-me lá, no fim desses balanços todos, não sentes que a reflexão necessária para estrutuares o discurso escrito, te deixa alguma coisa além do cumprimento chato de uma tarefa burocrática? Ãh, ãh! E uma cara característica da expressiva M. diz-me que só a sua delicadeza natural a impede de me dar uma resposta torta. Percebido isso logo ao segundo ãh, reformulo a questão para saber se, no primeiro ano em que teve de preencher a papelada, não foi obrigada a arrumar as coisas, a reflectir sobre o que tinha feito de uma forma mais sistemática... Ãh, no primeiro ano talvez, mas nada de especial. Ok. percebo, tu já és muito experiente, já tens muito conhecimento tácito acerca do teu trabalho. Mas, e os professores mais novos, não achas que lhes faz bem fazerem a avaliação do que se passou (ou não passou) na turma, nos projectos em que participaram? Ui, faz muiiiiito bem!, muito bem mesmo. Aaaah! acelera-lhes a experiência profissional, é isso, M? Mais uma expressão típica da M. e ambas percebemos que nos tinhamos entendido em relação a qualquer coisa que não era preciso nomear. A M. remata o assunto com o pragmatismo de quem precisa de muito tempo livre para sonhar: já acabei tudo, já mandei tudo.
...
_M. diz-me onde havemos de ir jantar. O J. faz hoje anos, não marcamos nada e não sei onde havemos de ir todos.
_O J. faz anos hoje? Então não é amanhã?
_ Não, é hoje, dia 12.
_Como? Hoje não são 11?
_Não, 11 foi ontem, DOMINGO.
_Ah!, oh!, ah!, olha aqueles documentos foram todos com data de 11!
_ Deixa lá, não deve haver problema... Bem, olha o Sócrates ... estás a ver? É por isso que eu ... ponho sempre muitas reticências ... Aqui fui eu que fiz uma cara das minhas, porque qualquer palavra seria a mais.
Seguiu-se um sorriso de menina rosada da M. sempre menina, enleado em algumas posições partilhadas com o BE e no seu coração rigoroso.
Esto no puede ser no mas que una cancion
Quisiera fuera una declaracion de amor
Romantica sin reparar en formas tales
Que ponga freno a lo que siento ahora a raudales
Te amo
Te amo
Eternamente te amo
Si me faltaras no voy a morirme
Si he de morir quiero que sea contigo
Mi soledad se siente acompañada
Por eso a veces se que necesito
Tu mano
Tu mano
Eternamente tu mano
Cuando te vi sabia que era cierto
Este temor de hallarme descubierto
Tu me desnudas con siete razones
Me abres el pecho siempre que me colmas
De amores
De amores
Eternamente de amores
Si alguna vez me siento derrotado
Renuncio a ver el sol cada mañana
Rezando el credo que me has enseñado
Miro tu cara y digo en la ventana
Yolanda
Yolanda
Eternamente Yolanda
Yolanda
Eternamente Yolanda
Eternamente Yolanda
"Que haja diferentes modos, estilos ou formas de vida, o leitor estará sem dúvida de acordo. Pois bem, Aristóteles distingue três tipos: a vida voluptuosa, a vida política e a teorética. Os que escolhem a primeira órbita identificam a felicidade com o prazer. Aristóteles não se mostra condescendente com eles. "Os homens vulgares mostram-se completamente servis ao preferirem uma vida de animais". Desde Platão até Bertrand Russel que se repete a metáfora: "O porco deseja uma felicidade de porco." John Stuart Mill modificou um pouco a frase: "Prefiro ser um homem desgraçado do que um porco feliz". Aristóteles expõe um problema de grande envergadura, que já mencionei ao tratar os níveis de evidência. Em cada nível as evidências são irrefutáveis. O que é refutável é o nível. Para quem escolhe, como diz Aristóteles, a vida voluptuosa, falar-lhe de outro tipo de satisfação é quimérico. "...
José Antonio Marina, Ética para Náufragos, Ed. Caminho 172/173
Passa-se qualquer coisa com os comentários. Desaparecem quando tento publicá-los. Peço desculpa mas a minha conhecida nabice não me permite saber a razão e muito menos resolver o problema.
Espero que a Anamar do blog Mar à vista goste deste Vallotton e se sinta aconchegada como na praia da Figueira em dias quentes de brisas suaves. Façam favor de ir espreitar o mar da AnaMar e reparem como lá só há coisas bonitas. Eu vou sempre que posso e gosto muito. Beijinhos Anamar.
É de sonho e de pó
O destino de um só
Feito eu perdido em pensamentos sobre o meu cavalo
É de laço e de nó
de gibeira, o giló
dessa vida comprida a solo
Sou caipira, pira, pora, Nossa Senhora de Aparecida
ilumina a mina escura e funda o trem da minha vida
Sou caipira, pira, pora, Nossa Senhora de Aparecida
ilumina a mina escura e funda o trem da minha vida
O meu pai foi peão, minha mãe solidao
Meus irmãos perderam-se na vida à custa de aventuras
Descasei, joguei,
Investi, desisti
Se há sorte, eu não sei, nunca vi
Sou caipira, pira, pora, Nossa Senhora de Aparecida
ilumina a mina escura e funda o trem da minha vida
Sou caipira, pira, pora, Nossa Senhora de Aparecida
ilumina a mina escura e funda o trem da minha vida
Me disseram porém que eu viesse aqui
Para pedir de romaria e prece paz nos desaventos
Como eu não sei rezar
Só queria mostar meu olhar, meu olhar, meu olhar
Sou caipira, pira, pora, Nossa Senhora de Aparecida
ilumina a mina escura e funda o trem da minha vida
Sou caipira, pira, pora, Nossa Senhora de Aparecida
ilumina a mina escura e funda o trem da minha vida
[O melhor é nem começar a pensar no que esta romaria cantada pela Elis Regina me lembra... Balhamedeus!]
Uma boa semana, daquelas que ficam para mais tarde recordar ... :))))
O caso foi dado por encerrado. Segue-se uma voz suave e a puxar para a ironia, não vá o diabo trazer o boomerang para a conversa. Acha-se curioso e não há surpresa. Acho muito bem: a justiça não é para julgar embirrações pessoais, sei lá!
Nelson Ned, tudo passará (em castelheno e inglês - cosmopolita q.b.)
Aeste nível de competição opor racionalidade a criatividade, como se de duas entidades independentes e antagónicas se tratasse, não adianta nada para compreender o que está em causa. Chamar fria a uma equipa em que os jogadores comunicam entre si de forma eficaz e reúnem o essencial de cada um, num comportamento colectivo, para o objectivo comum ... O quarto golo da Alemanha é racional e nada frio. Gosto do Maradona, mas as coisas são o que são. Agora vou ali ligar aos meus amigos alemães que devem estar eufóricos! 4 - 0 é obra! Bis bald.
Adenda:
Sempre gostei do Maradona. E sem ironias digo que ele continua a dar lições. Agora mesmo demonstrando que o discurso do criativo-criativo, prático-prático, sem teorias-sem teorias é mesmo só de quem só quer a brincadeira legítima que o futebol proporciona e mais nada. Não sei se me faço entender.
Que cada um divulgue (e participe) como puder esta iniciativaque tenta resgatar memórias importantes de tempos que são nossos na exacta medida em que não nos esquecemos dos seus protagonistas mais inspiradores. A acompanhar aqui.
Deduzo que, para o presidente da Fenprof, ouvir não é uma atitude activa. Só falar. Deduzo, ainda, que, quanto mais alto se fala mais activo se é. Imagino que, para este professor, um aluno activo é o que está sempre a falar. Poizé, o diabo (ou Deus, who knows) está nos detalhes, que nos traem de forma violenta. Eh pah, também deduzo que as campanhas eleitorais espevitam a activação, não sei bem de quê, (uma ou outra questão) e a tentativa de perceber exactamente o que se passa. Isto de deduzir é mesmo como as cerejas... sem esquecer os caroços, que aqui no branquinho não há patrocínio que suporte a sua extracção prévia.