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01 dezembro, 2009

início de dezembro, (quase) fim de outono e algum frio pelo meio (finalmente)






Cherry, H.
december
(1959)











UM DIA NÃO MUITO LONGE
NÃO MUITO PERTO

Às vezes sabes sinto-me farto
por tudo isto ser sempre assim

Um dia não muito longe não muito perto
um dia muito normal um dia quotidiano
um dia não é que eu pareça lá muito hirto
entrarás no quarto e chamarás por mim
e digo-te já que tenho pena de não responder
de não sair do meu ar vagamente absorto
farei um esforço parece mas nada a fazer
hás-de dizer que pareço morto
que disparate dizias tu que houve um surto
não sabes de quê não muito perto
e eu sem nada para te dizer
um pouco farto não muito hirto e vagamente absorto
não muito perto desse tal surto
queres tu ver que hei-de estar morto?

Ruy Belo, um dia não muito longe não muito perto
{outono, [homem de palavra(s)], todos os poemas,
Assírio e Alvim, 223}


Erik Satie, pièces froides - danses de travers, nº3