Há vidas que duram dois instantes: o nascimento e a morte.
Há vidas que duram três instantes: o nascimento, a morte e uma flor.
Roberto Juarroz, poesia vertical, 25
Geraldo Vandré - pra não dizer que não falei de flores
[soube-me bem recordar este tema... neste dia do senhor... "Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora / Não espera acontecer". hope you like]
"Podes abster-te dos sofrimentos do mundo, tens liberdade para o fazer e está conforme com a tua natureza; mas talvez este abster-se seja precisamente o único sofrimento que poderias evitar"
Calder, Alexander untitled (from peace portfolio) (c.1971)
[é o que fazterem umrorde ismos]
[é impressão minha, ou o facto de os ataques terem ocorrido na Índia ...faz com que... sejam... assim...tipo... menos citados? (eu sei que estou a ser eufemística...eu sei)...]
P' rá mentira ser segura E atingir profundidade Tem de trazer à mistura Qualquer coisa de verdade
(A. Aleixo)
Tu dizes que foste bom, Que não fizeste asneira. Acreditei no teu tom Irei parar à fogueira?
Pois cavaco já eu sou! E se mentiras me largas, Perco o rumo p'ronde vou Deito as amoras amargas.
Ao papá ligaste um dia A dizer: já sou ministro! Mas, se por ti alguém m 'alia... Seja ao que for, de sinistro...
Pior que toda a vergonha Que decerto sentiria, Conta com cena medonha: Cai-nos em cima a Maria!
(moi même rsrsrsrs)
Manuela Azevedo (Clã), problema de expressão (no programa Gato Fedorento)
[gastem uns minutos e atentem na pinta da "letra"]
[quis colocar aqui a canção "casa comigo Marta" de José Mário Branco, mas não encontrei no you.tube] _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ O problema está na massa!
Não entendo tanta discussão a propósito das declarações de Manuela Ferreira Leite ... sim, aquela dos 6 meses! Ora, esta semestralização, mais não é do que a adaptação da democracia ao processo de Bolonha! Balhamedeus!
"O principal problema do velho feminismo foi, de facto, a falta de uma visão antropológica baseada no reconhecimento das diferenças entre os sexos. Enquanto que o feminismo "igualitário" pretendia uniformizar os sexos, levando as mulheres a imitar os homens, o feminismo "de género" dos nossos dias assenta na preposição ontológica de que a masculinidade e a feminilidade são construídas socialmente. Não se trata, portanto, de termos liberdade para sermos nós próprios, homens e mulheres autênticos, mas de negar a existência de uma tal autenticidade. Esta teoria está de tal forma afastada da experiência quotidiana de todos nós que não me merece mais nenhuma consideração." Janne Haaland Matláry (2002).
A Anamar, visita habitual deste blog, fez anos no dia 21. Com a minha rotina alterada e o tempo escasso destes dias, não lhe deixei aqui a lembrança que ela me sugeriu dias atrás num comentário. Atrasados, mas com muita alegria, aqui ficam hoje os parabéns e.... muitos anos de vida!
parece que este colarinho branco, reforçado com o laranja da gravata, está a sentir que lhe pregaram um autêntico nó cego. sente que a sua camisa, agora de sete varas mais parece uma grade. precisa de companhia a curtíssimo prazo nesta autêntica prisão! e não me venham dizer que sou eu que "deito achas* para a fogueira"!
ver aqui
Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África.
Na noite de 5 de Novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos.
Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de "nosso irmão". E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo.
Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: "E se Obama fosse camaronês?". As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano? São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto.
E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana?
Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente. Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular.
Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia.
Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes. O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente "descobriram" que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado 'ilegalmente". Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor.
Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um "não autêntico africano". O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos "outros", dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?). i
Se fosse africano, o nosso "irmão" teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada "pureza africana". Para estes moralistas - tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos.
Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos. Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos ditadores. Fique claro: existe excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte.
Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos.
A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa.
Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes. Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público.
No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de políticos gananciosos. Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política. Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo.
Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia.
In Jornal "SAVANA" - 14 de Novembro de 2008
Miriam Makeba, malaika
* o texto chegou-me por e-mail. já o li noutros blogs. ainda assim insisto.
"E por tolerância, não entendemos aqui a piedosa inclinação para suportar o outro, sob genéricas alegações de humanidade ou de virtude, mas a capacidade para compreender para além das aparências imediatas, para compreender as motivações reais do comportamento alheio, e sobretudo, do nosso próprio comportamento. Por tolerância, não queremos significar a largueza de coração, mas acima de tudo, a largueza - possível - da compreensão."
in "Tire a mãe da boca" de João de Sousa Monteiro, p. 55
Lisa Ekdahl [confesso que pesquei esta sugestão musical aqui]
Itten, Johannes a pairofburrwalnutveneerarmchairs
(c.1930)
COMUNHÃO
Naopáro nem sossego.
Nasci assim aflito.
Morro e ressuscito
Em cada hora.
A paz não mora
No meu coração.
Quando vem,
Traz também
Não sei que disfarçada inquietação.
E os versos o dizem.
Cada poema é sempre um desespero
Impaciente
Que de repente
Quebra o cadeado.
Um desespero tão desesperado
Que já nada limita.
Um grito de alma, que necessita
De ser ouvido e ser compartilhado.
[vão ficar chocados com as imagens? também eu ando chocada com o ponto a que isto chegou... e não consigo perceber como alguém pode sorrir, sequer, perante a gravidade da situação, mesmo que a contabilidade da rua lhe seja "favorável".]
??? - voulezvouscoucheravecmoicesoir
[eu sei, eu sei que hoje é dia do senhor, repetidamente aqui assumido como um mau dia para mim... mas, ou se deixam de m... (pronto, tretas, fica aqui melhor) ou as consequências do que se passa com os profs vão tornar-se demasiado profundas e graves. é urgente que se atalhe o que se passa. uma mui humilde sugestão ... um grupo de gente capaz de estudar o assunto, sem paixões e com competência, que desenhe planos de acção que desempatem este jogo mau... mas... mas há uma condição fundamental.... nesse grupo não pode estar ninguém, mas ninguém mesmo, que nos últimos 7 anos tenha pertencido a qualquer organismo dirigente ou de aconselhamento ligado à educação em Portugal.]
Quando Eva andava nua pelo paraíso,
disfarçava o tédio à sombra das árvores, colhendo
as flores cheirando o seu perfume,
e pensando como seria bom ter um céu
para espreitar.
Um dia, uma dessas flores transformou-se em
fruto; e Eva levou-o à boca, trincou-o, provou
a sua polpa. Por um estranho efeito
de causa e consequência, o sabor da maçã
obrigou Eva a cobrir a sua nudez
com folhas e flores que passaram
a ser uma metáfora do corpo
que escondem.
Então, o pecado tornou-se uma simples
figura de retórica, e o sexo um exercício
de interpretação.
Nuno Júdice, a matéria do poema, ed, dom quixote, 42
Louis Armstrong, what a wonderful world
Katie Melua, Eva Cassidy duet - what a wonderful world
* Aqui entre nós que ninguém nos ouve, cá para mim, foi o que a Eva pensou antes de decidir dar a "trinca-dela"... rsrsrsrs
Ovos que, devidamente chocados, dariam um lindos pintainhos...
Desperdício de quem julga que a galinha dos ovos de ouro está no laissez-faire,laissez -passer.
E se não se pode laisser-passer tudo, seria conveniente que cada lado assumisse as suas verdadeiras responsabilidades. O que mais me incomoda nesta "cena da educação" é a incompetência traduzida em tacticismos bacocos protagonizada por indivíduos que se estão nas tintas para o país, para a educação e para os alunos. Lamento que tudo se tenha tornado num braço de ferro em que as asneiras começam a ser de parte a parte. Mas, convenhamos, tudo, mas tudo, o que inicialmente foi proposto para mudança, foi sempre rejeitado liminarmente. A ministra pode começar a dar sinais de intransigência, mas o Mário Nogueira satisfeito que anda com a contabilidade, se tiver um pingo de noção do que pode robustecer socialmente a profissão docente, do que significa lutar pela sua verdadeira profissionalização, há-de dormir mal ou a poder de lexotans ou xanaxes.
Há uns meses uma aluna e uma professora travaram-se de razões numa aula a propósito do uso de um telemóvel. Hoje acarinham-se alunos a "lançar ovos" contra o estatuto do aluno.
São ovos, são ovos podres os que se lançam contra quem protagoniza uma mudança necessária. Uma mudança que também se tornou muito atabalhoada e com erros de palmatória escusados, porque o "outro lado" sempre foi destrutivo e contra tudo. Ou seja, adepto da manutenção de um statusquo que não se justificava de maneira nenhuma.
Cada vez mais acho que, esta questão em torno “da Educação”, mostra que…em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. A falta de pão a que me refiro é plural: falta de dimensão profissional do grupo dos professores, falta de tacto do ME que cometeu erros básicos perfeitamente evitáveis, (mais parece que tem lá “submarinos” infiltrados para boicotar as medidas que pretende por em prática), falta de informação de muitos dos que falam sobre educação (o mais que sabem sobre o assunto tem a ver com a sua experiência de aluno ou de pais de alunos). Dos sindicatos está quase tudo visto: têm comprometido a profissionalização da classe e, com isso, ajudam a descredibilizar um grupo de profissionais tão importante para a afirmação do país.
No meio deste turbilhão, só lamento que uns quantos professores abnegados e esforçados tenham sido arrastados para situações de completa desmotivação.
[nem sei se deva publicar isto... não é politicamente correcto, nem suficientemente elaborado para ser um ponto de vista novo... tomem-no como um desabafo.]
Querida Isaura*
Há já algum tempo que não dou notícias. E se tem havido motivos! Mas tenho andado ocupada o suficiente para que as cartas escasseiem. Dizem-me todos os dias que o país está muito mal e que o mundo não anda melhor, apesar da eleição de Obama poder ser uma centelha de esperança para uma qualquer mudança para melhor. Não sei! Não acredito em messias, embora acredite que uma pessoa pode fazer a diferença. Sabes como sou paradoxal por vezes!
Em relação aos assuntos caseiros, o que mais me angustia é a falta de alternativas à vista e com pernas para andar! Porque o mundo está complicado. E, se são as ideias que fazem girar o mundo, estas também têm de se traduzir em acções que não traiam essas mesmas ideias e, sobretudo, não tornem as palavras que as enunciam em palavras vãs. P0r mim, desde há uns tempos, e por questões de mera sobrevivência, resolvi tentar olhar para o copo meio cheio em vez de olhar o copo meio vazio. Mas confesso que essa decisão se torna difícil de colocar em prática quando penso no futuro do meu filho e, com o dele, no dos jovens deste tempo e deste país. A lógica da organização do mundo está a mudar de valores e de lugar. Reconheço no tempo que passa o verso que nos diz que "todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades." Saber sondar atentamente os meandros dessa mudança e influir para que o seu sentido vá na direcção da conveniência humana, do viver bem, será um talento nem sempre fácil de conseguir.
Esta "nossa" geração foi tramada pela história: conhecemos a tristeza e a amargura do antes, empolgamo-nos, empenhamo-nos e quase nos esgotamos na possibilidade da mudança plena e, agora, num altura que deveria ser de tranquilidade, confrontamo-nos com a mudança de paradigma a ser configurado por muita asneira que se foi deixando fazer e por muito caminho titubeado na aplicação confusa de valores fundamentais.
Sabes o que me consola mesmo? Ir descobrindo pessoas novas, como a Carminda, que me mostram que, apesar da aspereza do tempo, têm um coração doce e não se demitem de pensar e intervir.
Beijos
* Esta carta começou por ser um comentário que deixei no blog FORUM CIDADANIA da Carminda Pinho.
"Retroceder é avançar no tempo e entender porque não se deve repetir o passado".
Gunter Grass
Manu Chao, libertad
Muito obrigado a todos os que me mimaram a propósito dos dois anos do blog! Quando fico assim, comovidita, eu que sou tão prolixa... fico emocinada e as palavras parecem-me sempre desajustadas! BEM HAJAM!
pelas minhas contas faz hoje, dia 11 de Novembro, dois anos que iniciei o blog. um início muito insípido e sem saber muito bem o que estava a fazer. só em finais de Dezembro do ano passado e no início deste ano, comecei a olhar para este cantinho de um modo mais sistemático e com um pouco mais de atenção. sem destino marcado, nem ideia definida inicialmente, fui fazendo um caminho marcado pela forma lúdica como me situo aqui. tenho sido uma privilegiada com as pessoas que me visitam e comentam o que vou colocando, quase sempre de forma espontânea e sem planeamentos.
não vou nomear nicks ou nomes. mas já me habituei a gostar de pessoas que aqui chegam, mesmo sem as conhecer pessoalmente. tenho aprendido muito. e do meu confronto com a leitura de outros blogs também tenho aprendido a conhecer-me melhor.
muito obrigada a todos! from the bottom of my heart!
1) Obama ganhou. Tendo-me eu inclinado pela Hillary inicialmente, a partir da sua nomeação pelo partido democrata, Obama ficou o meu candidato. O mais importante para mim foi, contudo, ter aprendido a olhar a América de um modo mais livre e menos preconceituoso. Ainda me hão-de indicar um país, sem ser africano, onde, neste momento, Obama fosse eleito para o mais alto cargo do país.
2) Que exagero virem já apregoar que o Obama é o novo messias e, deste modo, colocarem-lhe nos ombros tarefas imensas que nem ele se propôs realizar no decurso da campanha. Há gente que não sabe mesmo perder. E gosta de desfazer, e quanto pior melhor!
3) O BPN foi nacionalizado. No meio de trafulhices e desfalques de muitos milhões de euros, mais uma vez, os que se abotoam com muitos milhões e são negligentes a tratar de tantos outros, se vão escapulir minando a democracia e defraudando o país. Só existem apitos dourados para tratar de uns resultados de uns manhosos jogos de futebol...
4) A Fátima Felgueiras foi condenada embora com pena suspensa. Simbolicamente condenaram-se também as ligações pouco recomendáveis entre instituições que se deviam dedicar ao bem comum e público e não a arranjar fio para tecer teias de interesses muito particulares e pouco recomendáveis.
5) Felizmente a criminalidade amainou. Será? Ou a comunicação social arranjou outro bombo para festejar diariamente a falta de competência com que aborda e exerce a sua função?
6) Casualmente eu estava na Madeira (precisamente no Funchal) no dia em que o deputado do PND desfraldou a bandeira nazi na Assembleia Regional. Falei acerca do assunto com gente que mora no Funchal. Espanto-me agora com a superficialidade do Luís Delgado (? em boa verdade vindo dele nada me espanta...a não ser como é que ele é comentador residente da SIC). Do meu ponto de vista, a pergunta a fazer é porque é que um deputado tem necessidade de fazer estas "cenas". Claro que, se o referido deputado tivesse o talento de os Gatos Fedorento ou de Os Contemporâneos, utilizaria a ironia e o exagero com outra elegância. Mas não tem e "estrebucha" como pode. Numa sociedade onde não se pode falar porque, a fazê-lo, se pode comprometer a vida definitivamente, este é que é o problema e não a forma desajeitada e até de mau gosto como se protesta. E abençoada criatura que, mesmo de forma deselegante, é suficientemente descomprometida (leia-se sem rabos de palha) para dizer certas coisas. Ver mais nA Barbearia do Sr. Luís.
7) O José Albergaria voltou com um novo blog no sapo, o mainstreet, já "linkado ali ao lado.
8) Li um texto que me tocou particularmente no sem tom nem som. Por vários motivos: porque os casos relatados mostram como a cidade está povoada de solidão e sofrimento, mas também porque mostra à evidência a importância de uma profissão que, porque é parente de outra muito cotada socialmente, normalmente é vista com olhos míopes. Se há coisas que me incomodam é haver profissões de primeira e de segunda. Nunca "encaixei" bem porque é que a necessidade óbvia da divisão de tarefas há-de levar a uma divisão social do trabalho.
De amor nada mais resta que um Outubro e quanto mais amada mais desisto: quanto mais tu me despes mais me cubro e quanto mais me escondo mais me avisto.
E sei que mais te enleio e te deslumbro porque se mais me ofusco mais existo. Por dentro me ilumino, sol oculto, por fora te ajoelho, corpo místico.
Não me acordes. Estou morta na quermesse dos teus beijos. Etérea, a minha espécie nem teus zelos amantes a demovem.
Mas quanto mais em nuvem me desfaço mais de terra e de fogo é o abraço com que na carne queres reter-me jovem. Natália Correia, O Sol nas Noites e o Luar nos Dias, II