De esperas construímos o amor intenso e súbito
que encheu as tuas mãos de sol e a tua boca de beijos.
Em estranhos desencontros nos amámos.
Havia o rio mas sempre ficávamos na margem.
Eu tocava o teu peito e os teus olhos e, nas minhas mãos,
a tarde projectava as suas grandes sombras
enquanto as gaivotas disputavam sobre a água
talvez um peixe inquieto, algo que nunca pudemos ver.
As nossas bocas procuravam-se sempre, ávidas e macias
e por muito tempo permaneciam assim, unidas,
machucando-se, torturando as nossas línguas quase enlouquecidas.
Depois olhávamo-nos nos olhos
no mais profundo silêncio. E, sem palavras,
partíamos com as mãos docemente amarradas e os corações
estoirando uma alegria breve
quando a noite descia apaixonadacomo o longo beijo da nossa despedida.
Joaquim Pessoa, Os olhos de Isa, Ed Especial, (1982)
imagem: P. Picasso: The Small Bouquet
4 comentários:
Uma bela descrição da ntensidade do amor, do viver dele e para ele...
Gostei de te ler...
Vou voltar...
MORRER DE AMOR!
Morrer de amor
ao pé da tua boca
Desfalecer
à pele
do sorriso
Sufocar
de prazer
com o teu corpo
Trocar tudo por ti
se for preciso
(Mª Teresa Horta)
"lá" tem sido divertido,,,,anda!
Um abraço:pandorabox
Gostei!
Tenho de ler Pessoa, o outro, o Joaquim.
Com uma flor para a Duçolzinha,
Diamante (sem brilho)dito:Brel
Amor muito forte sem dúvida.
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