30 abril, 2008

... quem espera...



ESPERO

Espero sempre por ti o dia inteiro,
Quando na praia sobe, de cinza e oiro,
O nevoeiro
E há em todas as coisas o agoiro
De uma fantástica vinda.


Sophia de Mello Breyner Andresen



Munch, Girl looking out the window (1892)

6 comentários:

Rui Caetano disse...

Um lindo poema, bem seleccionado. ESperar vale sempre a pena.

Unknown disse...

Se eu tivesse o dia inteiro, para esperar, assim, com o nevoeiro a crescer numa praia, em cinza e oiro!...
E com a perspectiva de uma fantástiva vinda, como eu me ocuparia a fazer um montão de coisas adiadas!...
Para meu deleite, olharia de soslaio a cor cinza e oiro... até à chegada da "visita" tão esperada.

Que quadro idílico!...
O poema é lindíssimo.

[Beijo e um suspiro]

P.S.: Quem sabe, bem agasalhada, ainda andaria a pé, pela praia, num breve intervalo a cheirar a maresia?

Duarte disse...

Essa espera é algo que pude valorar sendo criança, num dia em que o nevoeiro e o mar embravecido invadiu a praia de Angeiras, e as mulheres dos pescadores, com os joelhos espetados na areia, rezavam aos gritos à esperas dos seus homens.

Fernando Pessoa plasma maravilhosamente essa situação no seu poema "Mar português".

mdsol disse...

rui caetano:

:) para a pérola!

Duarte:
o lado menos "poético" da es+era. Mas a vida é feita de muitas esperas diferentes.
:)

um ar de:
a menina fez outro poema!!
beijo

Anónimo disse...

Poema adorável.
Perto vá o agoiro.

un dress disse...

espero esperas esperamos

e vivemos

entre tanto

a beber águas mil águas

/ nem sempre transparentes ~

e as mulheres

mais ainda

(deses)es peram





beijO