O barulho contido do mar em frente A cascata verde e branca que me envolve O céu azul intenso que aceita o resguardo de algumas nuvens E o sol intermitente que me diz para saborear bem o bom, mesmo que pouco.
A esplanada quase deserta nesta quase hora de almoço. Não, não vou especular sobre a crise. Prefiro olhar para a "praia" escura, Onde um casal de adolescentes se beija animadamente E dois rapazes de t-shirts garridas conversam com gestos largos. O excesso de luz dificulta muito ver as palavras escritas no ecran que me projecta!
[Alto! Nem pensar... claro que são frases soltas... Escritas aqui de carreirinha numa esplanada e com muitas dificuldades para ver o que escrevo por causa da luminosidade!]
Vou ali à "pérola". Verde e florida. Natureza explosiva e desafiante. Um alvoroço para os sentidos. Não me dou com os ares! Literal e metaforicamente. Ainda assim vale pelos amigos. [Se a rede não estiver com buracos a menos (hummmm, esta é subtil) dou notícias! Assim, e por outros motivos, continuo com limitações nas visitas e, sobretudo, nos rastos que gosto de deixar. :))) do aeroporto. Aqui assim denominado com toda a propriedade:aeroPORTO! Uma frustação da capital que precisa de aeroPORTO, enquanto, nós por cá, não precisamos de aeroLISBOA (desculpem.... deve ser dos nerbos antes de embarcar) rsrsrsr]
[A senhora do sábado de manhã de hoje tenta estar no espírito do dia. Vivi intensamente o dia 25 de Abril de 1974. Andei pelo Largo do Carmo e arredores calçando as minhas socas de madeira e completamente deslumbrada e feliz. O que se passou depois tem a ver connosco. Os capitães, fizeram o que tinha de ser feito.]
[A virose do "portátel" foi tratada. Está novo e mais limpinho que uma virgem da equipa das trinta que prometem aos que se imolam em nome dos ditos do profeta. Mas, a conselho do tratador, devo esperar um pouco para ver o que acontece. Não vou poder espreitar os vossos cantinhos. E se me fazem falta! Deixo a senhora do sábado de manhã programada porque compromissos são compromissos... :)))]
A propósito desta notícia e a partir do comentário que deixei a este post Tinha eu 14 anos, ou nem tanto, era aluna interna de um colégio de freiras. No único acto mais ousado que me lembro de lá ter feito, resolvi, com algumas colegas, festejar a chegada da primavera no início do estudo da noite. A façanha era simplesmente deixar cair ao chão livros, cadernos e caixas dos lápis (que naquele tempo eram quase todas de madeira) assim como quem não quer a coisa. Pode-se imaginar o estardalhaço que uma caixa fazia naquele soalho do salão de estudo onde estavam mais de 100 alminhas. Toing! Traz, Plam...
Castigo certo: nada de filme nessa semana e a tarde de Sábado enfiadas numa sala a ouvir lições de moral. Eu atrevi-me a argumentar que não tinha sido por mal. Que podia ter sido um modo tolo de festejar o início da primavera, mas não tinha havido a intenção de aborrecer a "irmã" que estava a tomar conta do estudo. _ Isso ainda é pior. Não ter consciência do que as suas acções podem significar! Embrulhei.
Mas então o senhor presidente da câmara toma lá as decisões que bem entende, pelos vistos os habitantes que o elegem não se opõem, mas tem a cara de pau de vir dizer para a televisão que não pensou que... que era um dia que dava jeito, que... O senhor merece um nome feio não só por fazer o que faz, mas também por querer fazer dos outros parvos.
Faz hoje 35 anos, era quarta-feira e pairava no ar a certeza de que o desejo de (quase) todos, a luta de muitos e o movimento de alguns não demorariam a encontrar-se e a fechar o puzzle dos pedaços que juntos permitiriam voar em liberdade.
Sempre intuitiva e muito protegida pelos anjos (em que definitivamente acredito) estive na noite de quarta para quinta-feira, de 24 para 25 de Abril de 1974, com um grupo de amigos, num espaço público, onde cantamos (mais eu do que eles) até às tantas da madrugada. As canções e as quadras proibidas (e outras tantas inventadas no momento) num misto de inocência e provocação que misturavam o prazer de cantar com a vontade de viver num tempo diferente do tempo do dia 24. Mal adivinhávamos que, ao mesmo tempo, alguém passava na rádio sinais muito mais bem cantados e capazes de colocar em movimento vontades, vozes e sonhos a caminho de uma madrugada realmente nova. Foi assim no mês de Abril dos meus 20 anos!
Paulo de Carvalho, e depois do adeus
[Ainda com o "portátel" no estaleiro, deixo o post programado mas não poderei espreitar por aí.]
Faz hoje 35 anos e a liberdade ainda era um sonho! Um sonho que durou toda a "longa noite do fascismo".
Joan Baez, oh freedom
[Sem entrar em discussões académicas sobre o conceito de fascismo, incomoda-me que se invoque o tempo do fascismo em vão. Comparar, de forma linear, o tempo actual a esse tempo é, quanto a mim, ter memória curta ou não ter memória. Admito que haja quem não pense assim, obviamente]
Um vírus! O que faz um vírus estúpido! Ontem levou-me tudo do ecran do portátil. Claro que ia sempre ficar aborrecida, preocupada e desconsolada porque muito trabalho podia estar perdido. Mas, desaparecerem as minhas coisas para o ecran se encher de imagens pornográficas, foi uma coisa que me agrediu além da simples perda de trabalho e de elementos do meu lazer que é o blog! Ontem à noite quando ia colocar o post "contagem decrescente 2" e o espectáculo aconteceu, controlei-me. Hoje quando o engenheiro informático mais doce que pode haver me disse: vou ter de reformatar tudo mas... vou conseguir "salvar os ficheiros" desatei num pranto. _ Por favor, copie já a pasta X ( trabalho) e a pasta com os meus quadros! O resto pode esperar!
Faz hoje 35 anos e era a segunda segunda-feira dos meus 20 anos. Faz hoje 35 anos e era a última segunda-feira dos 48 anos da outra senhora*!
José Mário Branco, eu vim de longe
* Dizer que era do tempo da outra senhora era uma forma eufemistica de dizer que era do tempo da ditadura, como bem se lembram. Sugerem-me que não a trate por senhora... okay: deixo à imaginação e criatividade de cada um a substituição por outro termo!
Miró, J. une etoile caresse le sein d'une négresse (1938)
Miró J. figure and birds
(1948)
Miró, J. o ouro do azul
(1967)
Gosto muito da pintura de Juan Miró que nasceu a 20 de Abril. Como se comprova aqui e ali na coluna da direita. Aqui deixo alguns quadros menos conhecidos (com excepção d' "o ouro do azul".... mas sendo azulona, não podia deixar de ... )
É tão suave ter bons sentimentos
consola tanto a alma de quem os tem
que as boas acções são inesquecíveis momentos
e é um prazer fazer bem
Por isso se no verão se chega a uma esplanada
sabe melhor dar esmola que beber a laranjada
Consola mais viver assim no meio de muitos pobres
que conviver com gente a quem não falta nada
E ao fim de tantos anos a dar do que é seu independentemente da maneira como se alcançou ainda por cima se tem lugar garantido no céu gozo acrescido ao muito que se gozou
Teria este (se não tivesse outro sentido)
ser natural de um país subdesenvolvido
Ruy Belo,homem de palavra(s)[palavra(s)de lugar]
todos os poemas, Assírio & Alvim, 200
(?) color theory for the economist Sarkozy' s disappointing first year (2008)
Era eu ainda miúda e um amigo meu muito alto (e, já agora, considerado lindo de morrer) disse-me amigavelmente quando me tomei de amores por um rapaz não tão alto: toma cuidado com os baixinhos. Na altura achei que os altos e muito bonitos também podiam sentir-se despeitados. Adiante! Acabei de me lembrar deste episódio ao ler esta notícia. Pois: cuidado mazé com os que levam a sério o seu sapato de tacão, sem ser por motivos ortopédicos!
Dias, J. Casa de Cháda Boa Nova
de Álvaro Siza Vieira (foto daqui)*
CASA DE ÁLVARO SIZA NA BOA NOVA
A musical ordem do espaço,
a manifesta verdade da pedra,
a concreta beleza
do chão subindo os últimos degraus,
a luminosa contensão da cal,
o muro compacto
e certo
contra toda a ostentação,
e refreada
e contínua e serena linha
abraçando o ritmo do ar,
a branca arquitectura
e nua
até aos ossos.
Por onde entrava o mar.
Eugénio de Andrade, homenagens e outros epitáfios, 55
Faz hoje um ano aconteceu-me isto e lembrei-me disto. Entretanto espreitem quem ontem me deu isto. Vejam se, tal como eu, ficam: perplexos com isto, estupefactos com isto, curiosos com isto e interessadosnisto.
É um blog onde o autor escreve em várias línguas. O mais interessante é esta possibilidade de comunicação, mesmo quando não se consegue levar tudo à letra.
[Acho esta canção muito bonita. Coloco-a num dia em que gostava que o fê cê pê ganhasse aos red de Manchester ou, pelo menos, passasse a eliminatória. Peço aos amigos do glorioso para não ligarem ao verso "e lampiões tristes e sós"... os poetas são uns exagerados, Carlos T incluído, porque aqui no branco no branco respeitam-se muito os adversários...]
(publicado às 14.30 mais coisa menos coisa)
* o seu a seu dono: "bamos lá cambada" é uma expressão usada pela personagem José Estebes, interpretada pelo Herman José e criada pelo Tozé Brito e pelo António Tavares-Teles.
Um pássaro entrou numa nuvem. Uma nuvem entrou num pássaro. "Qual a verdade?", perguntou o homem. "Está no pássaro? Ou está numa nuvem?" E enquanto o homem procurava a resposta, o pássaro saiu da nuvem, fazendo com que a verdade saísse do homem.
Nuno Júdice, a matéria do poema (dom quixote, 91)
E, a (des)propósito de...
DIÁLOGO ABSOLUTAMENTE GRATUITO take one _ Srª Presidente do Partido, temos de escolher rapidamente o cabeça de lista para o parlamento europeu. _ Sim, é vital. _ Mas o Vital? Esse já vai pelo pê esse. _ Não é isso. E já escolhi. É o PR. _ Mas, Srª Presidente, o Presidente da República não pode ser, apesar de se dar muito bem com a Senhora. _ Ó criatura, é vital que seja o Paulo Rangel! _ Ah, entendi Srª Presidente. take two _ Srª Presidente, espero ardentemente que não se perca o último ele. _ Oh criatura, que último ele? E perder o último ele porquê? O que está a dizer não tem sentido nenhum. _ Ai não? Ele que perca o último l que, depois, só range. _ Lá isso é verdade. Sim, isso é verdade.
Zeca Pagodinho, verdade
ADENDA: [eu quis ser irónica com este post... prefiro que me saibam desajeitada do que ser mal interpretada... :))) ]
Não tenho nada contra o zénite. [Até nos detectam alguma afinidade e nem sequer temo que me caia em cima da cabeça, como os Normandos do Asterix]. Mas, sempre tive muita curiosidade pela obra deNADIR AFONSO. Escolhi dois quadros do seu vasto trabalho sobre duas paisagens que me dizem muito. A propósito desta notícia.
As flores são para quem chegar. Muito obrigada a todos. Sou uma sortuda blogosférica como atesta a caixa assim cheiinha.
Boa semana e tudo e tudo e tudo...
Mary Hopkins, those were the days (1968)
[Toca a ouvir este hit que massacrou meses a fio, senão anos... e vão ver que o pezinho naturalmente vai marcar o ritmo rsrsr e, quiçá, a cabecita acentuar a marcação rsrsrs... até as próprias mãos investem pausadamente uma contra a outra ... :))))))]
Ontem foi dia de viagem [retomo esta confissão alargada que gostei de escrever no ano passado por este tempo] a muitos dos meus afectos: pessoas, cores, paisagens e horizontes. Cresci a ver tudo isto* ao mesmo tempo. Como posso não me dispersar ou contentar-me com respostas de sim ou sopas?
* Percebem, decerto, a razão porque me remeto à condição de motorista... :)))
[para alguém mais inusitado por estas bandas convém dizer que o "tudo isto" linkado se refere a um espaço temporal quase inexistente. poderiam julgar que era um "tudo isto" de dias diferentes tirado de lugares muito distantes... não, não... o "tudo isto" é quase simultâneo]
Christiansen, D. spring as winter
(2008)
[gouache]
O tempo resolveu brincar. Um calor quase estival há duas semanas. Hoje anuncia-se mau tempo ao ponto de darem alertas amarelos nos distritos a norte do sistema montanhoso montejunto-estrela. Neve prevista acima dos 800metros. Vou visitar a minha mãe. Sei que frio só vou encontrar o tempo.
No ano passado fiz esta "visita da Páscoa" no Sábado de aleluia. Foi muito bom, tal como disse aqui!
"Ao cair da tarde, sentou-Se à mesa com os Doze
Enquanto comiam, declarou:
«Em verdade, em verdade vos digo:
Um de vós Me entregará».
Profundamente entristecidos,
começou cada um a perguntar-Lhe:
«Serei eu, Senhor?»
Jesus respondeu:
«Aquele que meteu comigo a mão no prato
é que vai entregar-Me.
O Filho do homem vai partir,
como está escrito acerca d’Ele.
Mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser entregue!
Melhor seria para esse homem não ter nascido».
Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou:
«Serei eu, Mestre?»
Respondeu Jesus:
«Tu o disseste».
Evangelho, Mateus 26, 14-25
[qualquer semelhança com acontecimentos recentes cá do rectângulo luso é mera coincidência rsrsrs aliás como é fácil de imaginar]