21 maio, 2010

... da esperança







Earley, L.
journey of hope I
(s/ data)










SONETO

Acusam-me de mágoa e desalento,
como se toda a pena dos meus versos
não fosse carne vossa, homens dispersos,
e a minha dor a tua, pensamento.

Hei-de cantar-vos a beleza de um dia,
quando a luz que não nego abrir o escuro
da noite que nos cerca como um muro,
e chegares a teus reinos, alegria.

Entretanto, deixai que me não cale:
até que o muro fenda, a treva estale,
seja a tristeza o vinho da vingança.

A minha voz de morte é a voz da luta:
se quem confia a própria dor perscruta,
maior glória tem em ter esperança.

Carlos Oliveira

[Com os olhos bem abertos e tentando ver bem longe. Às urtigas quem só olha para o umbigo e não tem um horizonte sensível que mais alguém veja.]

8 comentários:

Mónica disse...

e umas lágrimas não??
bom fim de semana!

Mar Arável disse...

Boa memória

jrd disse...

Porque o horizonte está onde estão os nossos olhos.

Justine disse...

"...até que o muro fenda..."
Vamos a isso!
Um beijo

Rogério G.V. Pereira disse...

MdSol
Vou-me embora, comovido e grato pelo que me ofereceu aqui.

Hoje assino-me como

Um anti "ars gratia artes"

lino disse...

Um grande escritor, de quem tenho a obra completa.
Beijinho

Daniel Santos disse...

Assim é que é falar.

Sensualidades disse...

Cair pode não ser a nossa escolha, mas levantarmo-nos é sempre nossa escolha.

Beijos
Paula