31 maio, 2009
30 maio, 2009
29 maio, 2009
leves vertigens
Barnet, W.
silent season spring
(1971)
Pois é. Hoje estou com algumas vertigens. Poucas e comedidas que o tempo é de crise, mas suficientes para não ir apanhar calor para a rua. É uma sensação estranha, esta de se perder o equilíbrio em sentido real (ah metaforicamente pode até ser catita e tal). Mas, recuso-me a admitir que a minha capacidade de somatização já se alargue ao estado do país.
ADENDA:
Não adianta. Se há coisa que me custa nestas alturas é ler. Fico literalmente enjoada o que, sendo desagradável para mim, também é uma enorme injustiça para com os vossos posts. Para já não consigo continuar as "visitas". Mailogo, logo se verá.
ADENDA:
Não adianta. Se há coisa que me custa nestas alturas é ler. Fico literalmente enjoada o que, sendo desagradável para mim, também é uma enorme injustiça para com os vossos posts. Para já não consigo continuar as "visitas". Mailogo, logo se verá.
28 maio, 2009
parabéns, muitos muitos muitos
27 maio, 2009
open minded, plize
.
Casentini, M.
open my mind
(2008)
Casentini, M.
open my mind
(2008)
"A palavra estratégia opõe-se à de programa. Para as sequências que se situam num meio estável, convém utilizar programas. O programa não obriga a estar vigilante. Não obriga a inovar. Assim quando vamos para o trabalho, ao volante do nosso carro, uma parte do nosso comportamento está programado. Se surge um engarrafamento inesperado, é preciso então decidir se se deve mudar de itinerário ou não, infringir o código: é preciso mostrar estratégia."
Edgar Morin, introdução ao pensamento complexo (ed. instituto Piaget, 118)
Com eleições em tempo de crise renomada e famosa nota-se mais a falta de estratégia, por mais densos e palavrosos que sejam os programas - quando os há de facto e não são um monte de letras mortas para cumprir uma alínea.
Edgar Morin, introdução ao pensamento complexo (ed. instituto Piaget, 118)
Com eleições em tempo de crise renomada e famosa nota-se mais a falta de estratégia, por mais densos e palavrosos que sejam os programas - quando os há de facto e não são um monte de letras mortas para cumprir uma alínea.
homenagens (2)
Modigliani, A.
woman with a necklace
(1917)
A PESCA
(para Amedeo Modigliani)
Gostava
de ir contigo
à pesca
Modigliani
deitar a linha
ao mar
Até ao fundo
e depois
sentir na mão
a palpitar
os rostos
que apanhasses
nos aquários
deste mundo.
Gostava
de ir contigo
à pesca
Modigliani
José Fanha, o riso das aves, 1987
ver também aqui
26 maio, 2009
e, ponto final.
hipericão
Nos comentários a este este post aí em baixo, o/a comentador/a hipericão tentou dar-me uma "chazada". Pela primeira vez, desde que iniciei este espaço lúdico, reagi. Naturalmente que veio segundo comentário, tão agressivo como o primeiro, e a revelar, no meu entendimento, uma leitura apressada, mesmo muito rápida, do que por aqui se passa. Tal como tinha afirmado, para o caso da arrogância e da rudeza se repetirem, deitei o comentário para o lixo.
Gosto muito da infusão de hipericão. A última vez que tomei foi em casa da tia S. e a penúltima em casa da minha irmã. Se me apetecer, agorinha mesmo, é só pôr água a ferver, colocar os caules de hipericão num bule bem catita que ali tenho, já escaldado, encher o bule com a água fervida, deixar repousar q.b., servir-me, esperar que arrefeça um pouco e tomar o que me apetecer. Diz que faz bem ao fígado.
:)))
Gosto muito da infusão de hipericão. A última vez que tomei foi em casa da tia S. e a penúltima em casa da minha irmã. Se me apetecer, agorinha mesmo, é só pôr água a ferver, colocar os caules de hipericão num bule bem catita que ali tenho, já escaldado, encher o bule com a água fervida, deixar repousar q.b., servir-me, esperar que arrefeça um pouco e tomar o que me apetecer. Diz que faz bem ao fígado.
:)))
vizinhos virtuais
nem tudo é
.
Maria Guinot, silêncio e tanta gente
Parecem ser corações de duas cores. Mas são iguais. O que muda é a cor que lhe passa por cima.
(clique na imagem para confirmar)
[daqui]
(clique na imagem para confirmar)
[daqui]
Maria Guinot, silêncio e tanta gente
25 maio, 2009
prefiro o rústico ao "plástico"
lenço sem nome
(lenços dos namorados)
"O rural é bom não por ser tosco. É bom por ser autêntico e nunca perder a significação."
M. Torga (não consigo identificar qual o "diário" , sorry)grupo etnográfico do alto minho
[Depois de aturarem este meu desabafo, espero que tenham, pelo menos, uma boa última semana de Maio]
24 maio, 2009
diz-me assim devagar coisa nehuma
.
Granter, E. W.
humming bird
FIDELIDADE
Diz-me devagar coisa nenhuma, assim
como a só presença em que me perdoas
esta fidelidade ao meu destino.
Quanto assim não digas é por mim
que o dizes. E os destinos vivem-se
como outra vida. Ou como solidão.
E quem lá entra? E quem lá pode estar
mais que o momento de estar só consigo?
Diz-me assim devagar coisa nenhuma:
o que à morte se diria, se ela ouvisse,
ou se diria aos mortos, se voltassem.
Jorge de Sena, 1956
Jacques Brel, chanson des vieux amants
Granter, E. W.
humming bird
FIDELIDADE
Diz-me devagar coisa nenhuma, assim
como a só presença em que me perdoas
esta fidelidade ao meu destino.
Quanto assim não digas é por mim
que o dizes. E os destinos vivem-se
como outra vida. Ou como solidão.
E quem lá entra? E quem lá pode estar
mais que o momento de estar só consigo?
Diz-me assim devagar coisa nenhuma:
o que à morte se diria, se ela ouvisse,
ou se diria aos mortos, se voltassem.
Jorge de Sena, 1956
Jacques Brel, chanson des vieux amants
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23 maio, 2009
mudanças
Weeden, J.
collapse
"Para evitar um erro de palavras: aquilo que deve ser destruído activamente tem de estar antes firmemente seguro; aquilo que se desmorona, desmorona-se, mas não pode ser destruído."
F. Kafka, aforismos (ulmeiro, 25)(ouçam e logo reconhecem Händel tal como apareceu no Barry Lyndon)
22 maio, 2009
olha que dois: a Manela e o Marinho (M&M)
menina mimada vs menino sem mimo
Desafio quem aqui chega a dar um título ao vídeo.
21 maio, 2009
outras águas
Dauge, B.
city on the water
um modo de apresentar o water dream in my sleep
-----------------------------------------------------------------------------------
Encarecidamente*
2ª chamada, para quem não ouviu a 1ª:
Façam o obséquio ou a fineza, tanto se me dá, de passar por AQUI e votar no vosso concerto de piano preferido que é o Beethoven Nº 5 (op.73). Não tem nada que enganar: Beethoven Nº 5 (op.73).
:))))
Eu explico: gosto, gosto, gosto deste concerto (o que não quer dizer que não goste de outros) e não é que só vai em 10º lugar? Ora, não pode ser. Está mal. Baissaber o Rabel bai à frente porque o pobo bota ao engano a cuidar que, em ganhando, l'aparece a Bo (não confundir com o Bo).
* Tudo bem. Eu sei que em tempos de crise encarecer o pedido não abona muito. :))
Façam o obséquio ou a fineza, tanto se me dá, de passar por AQUI e votar no vosso concerto de piano preferido que é o Beethoven Nº 5 (op.73). Não tem nada que enganar: Beethoven Nº 5 (op.73).
:))))
Eu explico: gosto, gosto, gosto deste concerto (o que não quer dizer que não goste de outros) e não é que só vai em 10º lugar? Ora, não pode ser. Está mal. Baissaber o Rabel bai à frente porque o pobo bota ao engano a cuidar que, em ganhando, l'aparece a Bo (não confundir com o Bo).
* Tudo bem. Eu sei que em tempos de crise encarecer o pedido não abona muito. :))
gotas de vida
20 maio, 2009
ide votar (com boas maneiras vos demando)
Façam o obséquio, ou a fineza, tanto se me dá, de passar por AQUI e votar no vosso concerto de piano preferido que é o Beethoven Nº 5 (op.73). Não tem nada que enganar: Beethoven Nº 5 (op.73).
:))))
Eu explico: gosto, gosto, gosto deste concerto e não é que só vai em 10º lugar? Ora, não pode ser. Está mal. Baissaber o Rabel bai à frente porque o pobo bota ao ingano a cuidar que, em ganhando, l'aparece a Bo (não confundir com o Bo).
:))))
Eu explico: gosto, gosto, gosto deste concerto e não é que só vai em 10º lugar? Ora, não pode ser. Está mal. Baissaber o Rabel bai à frente porque o pobo bota ao ingano a cuidar que, em ganhando, l'aparece a Bo (não confundir com o Bo).
momentos
Lahey, J.
orchid
(2009)
Há vidas que duram um instante:
o nascimento.
Há vidas que duram dois instantes:
o nascimento e a morte.
Há vidas que duram três instantes:
o nascimento, a morte e uma flor.
Roberto Juarroz, poesia vertical, campo das letras, 25
Léo Delibes, the flower duet (sous le dôme épais) da Ópera Lakmé.
19 maio, 2009
acção (a) gravada
Komad, Z.
God speed your tongue
(2006)
Ouvi a gravação da professora de História.
1. Naquela berraria sem sentido, perturbaram-me fundamentalmente três aspectos: a falta de elegância, a grosseria e a falta de nexo da conversa da professora; as ameaças feitas aos alunos, intoleráveis e a demonstrar que nem sabe as suas próprias limitações; a boçalidade e a rotunda falta de sentido do que é a relação pedagógica, quando a senhora interpela a aluna acerca das habilitações da mãe e, seguidamente, desata a perorar sobre as suas próprias habilitações académicas, numa demonstração inequívoca de que ter habilitações académicas não é sinónimo de ter formação.
2. A ser verdade que este modo de actuação da professora já era do conhecimento generalizado da comunidade escolar, é lamentável a contemporização que continua a existir nestes casos. Se há duas semanas já se sabia destas coisas, não há sequer um sinalzinho da parte do Conselho Executivo? É por estas e por outras, em que a auto-regulação não se faz, que a profissão está como está e tem sido progressivamente desvalorizada. Não são só os poderes instituídos e as circunstâncias sociais em abstracto que têm empurrado os professores para um lugar social pouco apetecível.
3. Qual a diferença entre gravar este episódio e gravar o episódio do telemóvel, acontecido no Carolina, e que levou o aluno que fez a gravação a ser castigado? Porque não foram accionados outros modos de resolução do problema? Ou, mais uma vez, é notória a falta de capacidade dos C. Executivos (não só falta de autonomia, falta de capacidade mesmo, do tipo não ferir susceptibilidades, falta de hábito de actuar, laxismo e proteccionismo, etc etc etc...) e existe necessidade de recorrer a estes expedientes? Expedientes que, confesso, não me agradam mesmo nada.
4. A senhora em causa só pode estar com problemas. A precisar de ajuda. Não da "ajuda"que é fazer de conta que nada se passa, mas de ajuda especializada. Uma pessoa razoável, com alguma educação geral e sentido de humanidade não fala assim com ninguém. Por maioria de razão, um educador não fala assim com educandos.
5. Os sindicatos dos professores. Pois é. O que se esperava. Dizem: esperemos pelo fim do inquérito (ou processo não sei), não nos precipitemos. Não é preciso cruxificar ninguém para que exista uma demarcação clara destes comportamentos. Só falta virem dizer que a conversa foi gravada de forma ilegal. Alegar questões processuais é não enfrentar o embaraço da situação. Mais uma vez não são só os poderes instituídos e as circunstâncias sociais em abstracto que têm empurrado os professores para um lugar social pouco apetecível.
6. Este episódio vai fazer mais pela não existência de um educação sexual nas Escolas do que cinco manifestações dos movimentos pró- e contra tudo e mais alguma coisa ou 5 novenas por esta intenção, promovidas pela Igreja Católica. Estava a ver o vídeo pela enésima vez e a lembrar-me do meu velho amigo D. trabalhador incansável nesta empreitada dos assuntos ligados ao planeamento familiar e à educação sexual. Acabei de o ver na TV exactamente com o ar que lhe imaginei: abatido e revoltado. Até gaguejou um pouco mais do que o normal e multiplicou os "portanto", muleta que lhe conheço desde sempre. Oh D. é muito injusto vir uma senhora que está destrambelhada dar cabo num instante do trabalho de muitos anos. Sim, porque embora a conversa seja tonta, quase toda agente diz que a senhora falava de educação sexual.
7. A comunicação social: usa e abusa destes episódios que lhe parecem brioches em tempo de falta de pão.
1. Naquela berraria sem sentido, perturbaram-me fundamentalmente três aspectos: a falta de elegância, a grosseria e a falta de nexo da conversa da professora; as ameaças feitas aos alunos, intoleráveis e a demonstrar que nem sabe as suas próprias limitações; a boçalidade e a rotunda falta de sentido do que é a relação pedagógica, quando a senhora interpela a aluna acerca das habilitações da mãe e, seguidamente, desata a perorar sobre as suas próprias habilitações académicas, numa demonstração inequívoca de que ter habilitações académicas não é sinónimo de ter formação.
2. A ser verdade que este modo de actuação da professora já era do conhecimento generalizado da comunidade escolar, é lamentável a contemporização que continua a existir nestes casos. Se há duas semanas já se sabia destas coisas, não há sequer um sinalzinho da parte do Conselho Executivo? É por estas e por outras, em que a auto-regulação não se faz, que a profissão está como está e tem sido progressivamente desvalorizada. Não são só os poderes instituídos e as circunstâncias sociais em abstracto que têm empurrado os professores para um lugar social pouco apetecível.
3. Qual a diferença entre gravar este episódio e gravar o episódio do telemóvel, acontecido no Carolina, e que levou o aluno que fez a gravação a ser castigado? Porque não foram accionados outros modos de resolução do problema? Ou, mais uma vez, é notória a falta de capacidade dos C. Executivos (não só falta de autonomia, falta de capacidade mesmo, do tipo não ferir susceptibilidades, falta de hábito de actuar, laxismo e proteccionismo, etc etc etc...) e existe necessidade de recorrer a estes expedientes? Expedientes que, confesso, não me agradam mesmo nada.
4. A senhora em causa só pode estar com problemas. A precisar de ajuda. Não da "ajuda"que é fazer de conta que nada se passa, mas de ajuda especializada. Uma pessoa razoável, com alguma educação geral e sentido de humanidade não fala assim com ninguém. Por maioria de razão, um educador não fala assim com educandos.
5. Os sindicatos dos professores. Pois é. O que se esperava. Dizem: esperemos pelo fim do inquérito (ou processo não sei), não nos precipitemos. Não é preciso cruxificar ninguém para que exista uma demarcação clara destes comportamentos. Só falta virem dizer que a conversa foi gravada de forma ilegal. Alegar questões processuais é não enfrentar o embaraço da situação. Mais uma vez não são só os poderes instituídos e as circunstâncias sociais em abstracto que têm empurrado os professores para um lugar social pouco apetecível.
6. Este episódio vai fazer mais pela não existência de um educação sexual nas Escolas do que cinco manifestações dos movimentos pró- e contra tudo e mais alguma coisa ou 5 novenas por esta intenção, promovidas pela Igreja Católica. Estava a ver o vídeo pela enésima vez e a lembrar-me do meu velho amigo D. trabalhador incansável nesta empreitada dos assuntos ligados ao planeamento familiar e à educação sexual. Acabei de o ver na TV exactamente com o ar que lhe imaginei: abatido e revoltado. Até gaguejou um pouco mais do que o normal e multiplicou os "portanto", muleta que lhe conheço desde sempre. Oh D. é muito injusto vir uma senhora que está destrambelhada dar cabo num instante do trabalho de muitos anos. Sim, porque embora a conversa seja tonta, quase toda agente diz que a senhora falava de educação sexual.
7. A comunicação social: usa e abusa destes episódios que lhe parecem brioches em tempo de falta de pão.
18 maio, 2009
agradecimentos atrasados
Szaggars, S.
my quiet friends
(s/data)
Luís Bento
João Carvalho
O pretexto é dado pelos dois posts, mas agradeço a todos os que aqui vêm e de quem me habituo a gostar.
17 maio, 2009
15 séries... 20 séries
Aproveito esta espera para responder à Sofia Loureiro dos Santos e, de um certo modo, ao Pedro Correia
Uma família às direitas
Columbo
A Visita da Cornélia
Gabriela
O Tal Canal
Sim, Sr. Ministro
Roque Santeiro
Modelo e Detective
Anos Dourados
Marretas
A família Bellamy
Reviver o passado em Brideshead
Holocausto
Raízes
EuCláudio
e ainda...
A Juíza (já não tenho espaço para esta. Dava na SIC mulher. Gostava muito de ver. Tanto baralharam o horário que acabaram por acabar com ela...)
Allô allô (também já não tenho espaço, mas sei lá... gostava muito de ver)
Os malucos do circo (outra que gostava de ver)
Serviço de Urgência (outra que deveria estar nas 15 primeiras)
Uma série de há muitos anos, ligeira, mas que me prendeu. Entrava a Nicole Kidman ainda adolescente. Não me recordo do nome.
E a Balada de Hill Street? Como eu gostava e o Polvo e Duarte e Compª e sei lá...
Ah! os nomes vão em português. Estou no aeroporto, com o "portátel" nos joelhos e não me dá jeito confirmar os nomes originais.
Não passo a cadeia a ninguém em particular... sintam-se encadeados rsrsrs
:)))
Adenda: E o Zip ZIP (como bem lembrou a Carminda nos comentários), claro! A memória é traiçoeira mesmo!
Uma família às direitas
Columbo
A Visita da Cornélia
Gabriela
O Tal Canal
Sim, Sr. Ministro
Roque Santeiro
Modelo e Detective
Anos Dourados
Marretas
A família Bellamy
Reviver o passado em Brideshead
Holocausto
Raízes
EuCláudio
e ainda...
A Juíza (já não tenho espaço para esta. Dava na SIC mulher. Gostava muito de ver. Tanto baralharam o horário que acabaram por acabar com ela...)
Allô allô (também já não tenho espaço, mas sei lá... gostava muito de ver)
Os malucos do circo (outra que gostava de ver)
Serviço de Urgência (outra que deveria estar nas 15 primeiras)
Uma série de há muitos anos, ligeira, mas que me prendeu. Entrava a Nicole Kidman ainda adolescente. Não me recordo do nome.
E a Balada de Hill Street? Como eu gostava e o Polvo e Duarte e Compª e sei lá...
Ah! os nomes vão em português. Estou no aeroporto, com o "portátel" nos joelhos e não me dá jeito confirmar os nomes originais.
Não passo a cadeia a ninguém em particular... sintam-se encadeados rsrsrs
:)))
Adenda: E o Zip ZIP (como bem lembrou a Carminda nos comentários), claro! A memória é traiçoeira mesmo!
16 maio, 2009
15 maio, 2009
notícias pouco importantes, senhoras e senhores
Parker, A.
orange poppy, May 15,
2001
(fotografia)
1) Talvez seja um dos seus encantos. Ontem um sol radioso, desavergonhado e consistente. Hoje o dia acorda com algum cinzento, predominantemente claro, é certo. Este cinzento entremeado de luz apruma-nos a esperança de, mais logo, o sol brilhar.
2) Normalmente o meu pequeno almoço é mínimo. Nem sempre assim foi. Houve um tempo, já remoto, em que era a refeição que me sabia melhor. Hoje um iogurte ou uma chávena de leite tingido chegam e sobram para o meu desjejum. Ah sim? Isto é verdade em casa. Enfiem-me num hotel e pareço uma frieira. Impressionante. Não vos conto pormenores para não perder o resto da aura que ainda terei por aqui. Um despautério... O que vale é que, nestas alturas, também ando muito a pé. Senão não sei como seria.
3) Estou entusiasmada por poder ver as festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Já cá tinha estado na semana a seguir à festas, a primeira vez que visitei a ilha, em férias. Vi literalmente arrumarem as tralhas. De uma outra vez estive na semana anterior e todos me perguntavam se ficava até às festas. Como normalmente não sou destas coisas, nunca liguei. Desta vez, estive mais atenta às datas. E, como fico cá, vou tentar ver, assim a multidão me deixe.
4) Sempre gostei muito. Mas hoje registo-o. Acho uma ternura perguntar qualquer coisa a alguém desta ilha e responderem: é ali senhôra, pode ser senhôra, não faz mal senhôra. Assim, com este sotaque que embrulha um bocadinho as palavras sobre si mesmas e me deixa derretida. "Lá fora" não é assim.
5) O sol está a vingar. Reflecte-se no ecran do pc aqui na varanda do quarto, onde o sinal de rede é minimamente decente e para onde desloquei a tralha agora de manhã. Isto se queria ver os mailes e não só, sem ter de dizer (em pensamento, claro) meia dúzia de desabafos... Esta também uma das razões porque não vos tenho ido dar notícias.
Inté. Que agora tenho mais que fazer... :))
Madredeus, ilhas
2) Normalmente o meu pequeno almoço é mínimo. Nem sempre assim foi. Houve um tempo, já remoto, em que era a refeição que me sabia melhor. Hoje um iogurte ou uma chávena de leite tingido chegam e sobram para o meu desjejum. Ah sim? Isto é verdade em casa. Enfiem-me num hotel e pareço uma frieira. Impressionante. Não vos conto pormenores para não perder o resto da aura que ainda terei por aqui. Um despautério... O que vale é que, nestas alturas, também ando muito a pé. Senão não sei como seria.
3) Estou entusiasmada por poder ver as festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Já cá tinha estado na semana a seguir à festas, a primeira vez que visitei a ilha, em férias. Vi literalmente arrumarem as tralhas. De uma outra vez estive na semana anterior e todos me perguntavam se ficava até às festas. Como normalmente não sou destas coisas, nunca liguei. Desta vez, estive mais atenta às datas. E, como fico cá, vou tentar ver, assim a multidão me deixe.
4) Sempre gostei muito. Mas hoje registo-o. Acho uma ternura perguntar qualquer coisa a alguém desta ilha e responderem: é ali senhôra, pode ser senhôra, não faz mal senhôra. Assim, com este sotaque que embrulha um bocadinho as palavras sobre si mesmas e me deixa derretida. "Lá fora" não é assim.
5) O sol está a vingar. Reflecte-se no ecran do pc aqui na varanda do quarto, onde o sinal de rede é minimamente decente e para onde desloquei a tralha agora de manhã. Isto se queria ver os mailes e não só, sem ter de dizer (em pensamento, claro) meia dúzia de desabafos... Esta também uma das razões porque não vos tenho ido dar notícias.
Inté. Que agora tenho mais que fazer... :))
Madredeus, ilhas
14 maio, 2009
a 14 de Maio, na... desculpem, esteve um dia e tanto
Cambronne, J.
May fourteen
(2005)
Não é para fazer inveja que não é. Num sou disso. Mas não me lembro de um dia tão bonito por estes lados. Deu para fazer o que tinha que fazer e para curtir um pouco estes ares. Amanhã, quando às 7 da tarde, mais coisa menos coisa, der por findas as tarefas obrigatórias, vou pôr-me ao corrente da festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres. E não é que anda tudo tão precisadinho deles, dos milagres? Está bem, o dia 13 de Maio foi ontem e convém ter em conta outro ponto de vista, por certo mais avisado: fia-te na Virgem e não corras, não... (Convém ler isto com uma certa entoação...)
:)))
:)))
o branco quase em branco
13 maio, 2009
ir sempre e mais uma vez
12 maio, 2009
programada & poderosa
Jing, X.
alone
(2002)
E, de repente, resolvi ir ao cinema. Saí já passava das três da tarde para a sessão das quatro. Mal cheguei fui comprar o bilhete, antes de ir tomar um café. Diz-me a funcionária diligente ao entregar-me o papelinho:
_ Pode sentar-se onde quiser.
_ Obrigada. Não deve ser muito complicado - comentei eu.
_ Como?
_ Por acaso vai lá estar mais alguém? Perguntei-lhe a sorrir
_ Ah! se calhar... Tem razão. É por isso.
Tomei café, fui a correr à FNAC e, às 15.50h, perguntei à menina em que sala passava o filme. Mais para fazer conversa. Devia estar escrito no papel que, entretanto, eu arrumara na carteira.
_ Na sala 6.
_ Muito obrigada.
Fui entrando. Olhei e ... ninguém. Nem a pedir o papelinho, nem a entrar para as salas. Ninguém naqueles corredores. Entrei na sala. Completamente vazia. Sentei-me realmente onde quis e esperei pelo filme com uma música de fundo suficientemente suave para não me incomodar.
Às quatro em ponto começou a sessão, com os preliminares todos, anúncios de novos filmes, publicidade e tudo. Começou o filme, chegou o intervalo, as luzes acenderam-se ... Tudo, como se lá estivesse uma pequena multidão. E pensei com os meus botões que, se calhar, tudo "aconteceria" da mesma forma, mesmo que eu não estivesse lá e a sala estivesse completamente vazia. É tudo tão automático!
Durante a segunda parte do filme fui "visitada" duas vezes por um segurança que vi espreitar lá ao fundo. O filme acabou, saí e pelos corredores nem viv'alma.
E foi assim, completamente sozinha, sem gente, barulho e cheiro a pipocas, que vi "UM AMOR DE PERDIÇÃO" de Mário Barroso.
Nada como ter tudo programado com muiiiita antecedência e mover as influências necessárias para se ter a sala só para nós! rsrsrs
Contudo, a sensação é estranha, muito estranha... Dá que pensar.
E agora lets luque at de treila
_ Pode sentar-se onde quiser.
_ Obrigada. Não deve ser muito complicado - comentei eu.
_ Como?
_ Por acaso vai lá estar mais alguém? Perguntei-lhe a sorrir
_ Ah! se calhar... Tem razão. É por isso.
Tomei café, fui a correr à FNAC e, às 15.50h, perguntei à menina em que sala passava o filme. Mais para fazer conversa. Devia estar escrito no papel que, entretanto, eu arrumara na carteira.
_ Na sala 6.
_ Muito obrigada.
Fui entrando. Olhei e ... ninguém. Nem a pedir o papelinho, nem a entrar para as salas. Ninguém naqueles corredores. Entrei na sala. Completamente vazia. Sentei-me realmente onde quis e esperei pelo filme com uma música de fundo suficientemente suave para não me incomodar.
Às quatro em ponto começou a sessão, com os preliminares todos, anúncios de novos filmes, publicidade e tudo. Começou o filme, chegou o intervalo, as luzes acenderam-se ... Tudo, como se lá estivesse uma pequena multidão. E pensei com os meus botões que, se calhar, tudo "aconteceria" da mesma forma, mesmo que eu não estivesse lá e a sala estivesse completamente vazia. É tudo tão automático!
Durante a segunda parte do filme fui "visitada" duas vezes por um segurança que vi espreitar lá ao fundo. O filme acabou, saí e pelos corredores nem viv'alma.
E foi assim, completamente sozinha, sem gente, barulho e cheiro a pipocas, que vi "UM AMOR DE PERDIÇÃO" de Mário Barroso.
Nada como ter tudo programado com muiiiita antecedência e mover as influências necessárias para se ter a sala só para nós! rsrsrs
Contudo, a sensação é estranha, muito estranha... Dá que pensar.
E agora lets luque at de treila
nem mais ...
Botelho, Inês
untitled
(2003-2004)
O AMIGO
Não voltará - o que dele me ficou
é como no inverno entre cortinas
de chuva um tímido fio de sol:
ilumina mas não aquece as mãos.
Eugénio de Andrade, pequeno formato (edição fora de mercado, 55)
J. Massenet, meditation (ópera Thais) Itzhak Perlman (violino)
[esmerei-me na musica... ora escutem]
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J. Massenet,
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trilogias
11 maio, 2009
manhã de segunda, semana de primeira (5)
Heron, P.
may 1965
(1965)
E TUDO ERA POSSÍVEL
Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebento do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava o mês de Maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso?Eu próprio não o sei dizer
Só sei que tinha o poder de uma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer
Ruy Belo, homem de palavra[s], primavera (todos os poemas, 241)
Nana Mouskouri, morning has broken
[Entendi que um dos poemas da primavera de Ruy Belo, dos quais já publiquei pelo menos um, seria uma boa maneira de desejar a todos uma boa semana. Escolhido o poema, enquanto o "copiava", a partir do livro, lembrei-me destas palavras, que li ao fim da tarde de ontem.]
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Nana Mouskouri,
Patrick Heron,
Ruy Belo
10 maio, 2009
FCP campeão nacional de futebol - 2008/2009
FCP 1 - Nacional 0
(golo de Bruno Alves aos 48 mn)
há quem realce que a vitória é magraPedro Cabrita Reis, paisagem 6 (2006)
(golo de Bruno Alves aos 48 mn)
há quem realce que a vitória é magraPedro Cabrita Reis, paisagem 6 (2006)
Blind Zero, hino do FCP (brincadeira em "inglês")
Maria Amélia Canossa, hino do FCP
a ver se o S. João começa hoje
Fusco, A.
we play the game -
we don't play the game
(2006)
Se ganhar o jogo de hoje com o Nacional da Madeira, o FCP será campeão nacional de Futebol da época 2008/2009. If, si, se ... I hope so! Mas, contrariamente ao entusiasmo geral, eu entendo que não vai ser um jogo nada fácil! O S. João pode, assim, ficar adiado!
09 maio, 2009
conversas com a Isaura (10)
Redden, S.
green farmland
(2007)
Querida Isaura:
Ao tempo que não te digo nada. E nem sequer tenho feito nada de especial. Bem, já sabes como sou. Não me esqueço de ti mas, às vezes, demoro a dar notícias.
Sabes que nunca fui o que genericamente se chama uma pessoa esquisita. Com razoável capacidade de adaptação às circunstâncias, ao novo e mesmo ao imprevisto, sempre me embrulhei pouco com pormenores de funcionamento desde que o fundamental funcionasse. Sou mesmo assim e tu podes comprová-lo pelas inúmeras peripécias de que fomos falando ao longo do tempo. Para o bem e para o mal. Sabes que não tenho manias, como também não gosto de rotinas e sou capaz de me adaptar bem às coisas. Vem isto a (des)propósito do seguinte: fui jardinar. Não sou de andar lá fora sempre a catar a erva e a podar a planta, mas, volta e meia, gosto de mexer na terra, tirar as folhas velhas, reorientar os ramos mais tresmalhados das plantas, arrancar o que se me afigura daninho. Hoje assim comecei. Mas a fungadeira alérgica foi de tal maneira que tive mesmo de parar. Chorava, fungava, espirrava, assoava-me, limpava-me, desisti. Foi a primeira vez me aconteceu semelhante coisa e nunca na vida me imaginei numa cena destas. Estás a ver-me com alergias à terra e às plantas? Porém, depois de entrar em casa e enquanto lavava as mãos, lembrei-me de que ainda não fez dois anos, a propósito daquela tosse estúpida, me descobriram uma alergia, não identificada rigorosamente apesar de imensos testes posteriores, e que, para rematar o assunto, me disseram ser uma espécie de asma (?). Recuei mais um ano e lembrei-me da chatice que foi ter descoberto que enjoava no Alfa. Lembras-te concerteza que houve uns tempos em que, por um motivo ou outro, tinha regularmente afazeres no centro de Lisboa e que o comboio era uma solução muito prática para me deslocar. Desisti quando, ida de véspera para uma reunião importante, [assim não precisaria de me levantar com as galinhas, acordava já na capital e iria mais fresquinha para a reunião], fiquei de tal modo que, no dia seguinte, à hora da reunião, ainda eu parecia chegada de um desterro qualquer. Tive de admitir que enjoava no comboio coisa esquisita e de que toda a gente se ri na minha cara quando digo que não vou de comboio porque enjoo.
Querida Isaura, se tiveste pachorra para ler até aqui, perceberás que não minto quando te digo que, para mim, a crise é meia dúzia de peanuts e saber que vou trabalhar até perto dos 65 anos é coisa de pouca monta, que a questão ambiental para mim são favas contadas e fome no mundo assunto de trato fácil ... A estas horas estás a pensar que mal me reconheces e eu percebo que assim penses. Eu também nunca me imaginei com alergias & outras desagradáveis companhias.
:))
Querida Isaura, se tiveste pachorra para ler até aqui, perceberás que não minto quando te digo que, para mim, a crise é meia dúzia de peanuts e saber que vou trabalhar até perto dos 65 anos é coisa de pouca monta, que a questão ambiental para mim são favas contadas e fome no mundo assunto de trato fácil ... A estas horas estás a pensar que mal me reconheces e eu percebo que assim penses. Eu também nunca me imaginei com alergias & outras desagradáveis companhias.
:))
08 maio, 2009
lindinhos, porquinhos e, pelos vistos, nada mauzinhos
treesteza
Roh, Choong-Hyun
lemon tree
(2006)
TRISTEZA
Os limoeiros são - também eles - susceptíveis à tristeza. As folhas começam por perder a cor e acabam por cair. Deixam de florir. E os raros limões que conseguem vingar são tão ácidos que se tornam impróprios para consumo.
Jorge de Sousa Braga, os pés luminosos [o poeta nu - poesia reunida, 131]
Jorge de Sousa Braga, os pés luminosos [o poeta nu - poesia reunida, 131]
talqualmente...
Ennio Morricone, tema de Débora, (Era uma vez na América)
[Há dias...! Por ora este tema chega-me para dizer]
07 maio, 2009
lata colorida
i
Hoje nasceu o i. O a, sempre a abrir, juntou-se-lhe num ai. O e, receoso de não ter mais som de i, soltou um ei! O o, bonacheirão, deu-lhe um oi. O u assustou-se: ui!
centrão, ão ão
Dzubas, F.
centre
(1983)
Arte poética
A dicção não implica estar alegre ou triste
Mas dar minha voz à veemência das coisas
E fazer do mundo exterior substância da minha mente
Como quem devora o coração do leão
Olha fita escuta
Atenta para a caçada no quarto penumbroso
Sophia de Mello Breyner Andresen, o búzio de cós
Ute Lemper, Die Moritat von Mackie Messer (Bertolt Brecht & Kurt Weill)
Ute Lemper, Die Moritat von Mackie Messer (Bertolt Brecht & Kurt Weill)
06 maio, 2009
audições e visões alucinantes
Botero, F.
the thief
(2000)
CARREIRISMO
Após ter surripiado por três vezes a compota da despensa, seu pai admoestou-o.
Depois de ter roubado a caixa do senhor Esteves da mercearia da esquina, seu pai pô-lo na rua.
Voltou passados vinte e dois anos, com chófer fardado.
Era Director Geral das Polícias. Seu pai teve um enfarte.
Depois de ter roubado a caixa do senhor Esteves da mercearia da esquina, seu pai pô-lo na rua.
Voltou passados vinte e dois anos, com chófer fardado.
Era Director Geral das Polícias. Seu pai teve um enfarte.
Mário Henrique Leiria, contos do gin tónico, 19
Pink Floyd, money
05 maio, 2009
pilhas duracel?
A Carmelinda Pereira ainda bole!
[adenda:
Depois do debate com os pequenos partidos na SIC notícias só me ocorre dizer que se o "xaile "não está bem as franjas não estão melhor... balhamedeus]
Depois do debate com os pequenos partidos na SIC notícias só me ocorre dizer que se o "xaile "não está bem as franjas não estão melhor... balhamedeus]
há dias em que nada liga por melhores que sejam os elementos
Findlay, B.
blue green river
Canções
(Quíchuas)2.
Rio cristalino
nos bosques de cardos
lágrimas
dos peixes de ouro,
pranto, oh pranto,
sobre os precipícios.
Tão fundo é o rio
nos bosques de áruns
que se precipita
em voltas no abismo
- o rio estrondeia
por entre os loureiros.
Rio que eu amo,
leva-me, leva,
longe, tão longe,
pelo meio do campo,
sob as bátegas de chuva,
abraçado à amada.
Rodrigo Leão, Lula Pena, pasion
04 maio, 2009
manhã de segunda, semana de primeira (4)
03 maio, 2009
Mães
Duoling, H.
mother & son
(2005)
AS MÃES
Quando voltar ao Alentejo as cigarras já terão morrido. Passaram o verão todo a transformar a luz em canto - não sei de destino mais glorioso. Quem lá encontraremos, pela certa, são aquelas mulheres envolvidas na sombra dos seus lutos, como se a terra lhes tivesse morrido e para todo o sempre se quedassem orfãs. Não as veremos apenas em Barrancos ou em Castro Laboreiro, elas estão em toda a parte onde nasça o sol: em Cória ou Catânia, em Mistras ou Santa Clara del Cobre, em Varchats ou Beni Mellal, porque elas são as Mães. A tua; a minha, se não tivera morrido tão cedo, sem tempo para que o rosto viesse ser lavrado pelo vento. Provavelmente estão aí desde a primeira estrela. E como duram! Feitas de urze ressequida, parecem imortais. Se o não forem, são pelo menos incorruptíveis, como se participassem na natureza do fogo. Com mãos friáveis teceram a rede dos nossos sonhos, alimentaram-nos com a luz coada pela obscuridade dos seus lenços. Às vezes encostam-se à cal dos muros a ver passar os dias, roendo uma côdea ou fazendo uns carapins para o último dos netos, as entranhas abertas nas palavras que vão trocando entre si; outras vezes caminham por quelhas e quelhas de pedra solta, batem a um postigo, pedem lume, umas pedrinhas de sal, agradecem pelas almas de quem lá têm, voltam ao calor animal da casa, aquecem um migalho de café, regam as sardinheiras, depois de varrerem o terreiro. Elas são as Mães, essas mulheres que Goethe pensa estarem fora do tempo e do espaço, anteriores ao Céu e ao Inferno, assim velhas, assim terrosas, os olhos perdidos e vazios, ou vivos como brasas assopradas. Solitárias e inumeráveis, aí as tens na tua frente, graves, caladas, quase solenes na sua imobilidade, esquecidas de que fazem o primeiro orvalho do homem, a primeira luz. Mas também as podes ver seguindo por lentas veredas de sombra, as pernas pouco ajudando a vontade, atrás de uma ou duas cabras, com restos de garbo na cabeça levantada, apesar das tetas mirradas. Como encontrarão descanso nos caminhos do mundo? Não há ninguém que as não tenha visto com umas contas nas mãos engelhadas rezando pelos seus defuntos, rogando pragas a uma vizinha que plantou à roda do curral mais três pés de couve do que ela, regressando da fonte amaldiçoando os anos que já não podem com o cântaro, ou debaixo de uma oliveira roubando alguma azeitona para retalhar. E cheiram a migas de alho, a ranço, aguardente, mas também a poejos colhidos nas represas, a manjerico quando é pelo S. João. E aos domingos lavam a cara, e mudam de roupa, e vão buscar à arca um lenço de seda preta, que também põem nos enterros. E vede como, ao abrir, a arca cheira a alfazema! Algumas ainda cuidam das sécias que levam aos cemitérios ou vendem pelas termas, juntamente com um punhado de maçãs amadurecidas no aroma dos fenos. E conheço uma que passa as horas vigiando as traquinices de um garoto que tem na testa uma estrelinha de cabrito montês - e que só ela vê, só ela vê.
Elas são as Mães, ignorantes da morte mas certas da sua ressurreição.
17.8.85
Eugénio de Andrade, vertentes do olhar, 44-47
Kathleene Butler, ave Maria (Bach/Gounod)
Elas são as Mães, ignorantes da morte mas certas da sua ressurreição.
17.8.85
Eugénio de Andrade, vertentes do olhar, 44-47
Kathleene Butler, ave Maria (Bach/Gounod)
02 maio, 2009
01 maio, 2009
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