03 agosto, 2008
ai eu estava quase morto no deserto e o Porto aqui tão perto*
PORTO
imagem daqui
CIDADE
Imensa, troglodita, ambiciosa,
vai a cidade até à praia;
perdeu no campo as rochas cor-de-rosa,
e o mar, se a busca, evita-a, não desmaia,
antes se ergue negro contra o desconforto.
O rio leva casas debruçadas
que já, com o tempo foi cavando em arcos
de perfil sem cal. inclinado e morto...
e leva também barcos.
No céu, as nuvens correm desviadas,
enquanto o Sol, em dardos, sobre o mar as crava.
JORGE DE SENA, in Ao Porto - colectânea de poesia sobre o Porto (Adosinda. P. Torgal e Madalena Torgal Ferreira), D. Quixote, 45.
Rui Veloso, Porto sentido
* palavras de uma canção do Sérgio Godinho (que não consegui encontrar no you-tube)
ver também aqui
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7 comentários:
bonita cancion, que tengas un buen domingo
saluditos
Olhe, lerdice é a minha.
Já nos "conhecemos", gostamos ambos do Senhor Luís, o barbeiro (em minha convencida opinião: é o melhor blogue que temos em Portugal!), já visitou o meu blogue e, eu,parado, feito "morcão".
Hoje, porque é domingo, dia d'ELE, fui-me em viagem e "tropeçei" no seu Branco no Branco.
Olhe, gostei.
E, afirmo-o sem esquivas ou debruns, que hei-de "voltar a Viana" e hei-de ficar "cliente".
Dá para perceber que é "pintora".
Só uma bela-artista é que percebe que o BRANCO é a cor real, a que convive e aceita todas as cores...mesmo até o branco!
Dá para perceber que é "poeta".
Só quem vibra com as aliterações, as metáforas, as alegirias e a prosódia das palavras...não se cansa do poetar dos outros.
Faz muitos anos vivi no Porto e quanto lá cheguei, desembarquei em invernoso inverno na estação de S. Bento. Anos após fui capaz de dizer algo parecido ao que o enorme Jorge de Sena (que se dizia, irado, sempre, mais pequeno que outra portuense: Sofia de Mello Breyner)aqui, no seu blogue deixou dito: "ai eu estava quase morto no deserto e o Porto aqui tão perto.".
Abraço,
Zé Albergaria
É, nós de Lisboa não podemos entender...
:))
José-Carlos
Já falta menos para que possa contemplar ao vivo, uma vez mais, nunca me canso, desde a serra do Pilar, este belo postal do Porto, para mim o melhor cartão de apresentação.
Abrazos
vejo a cidade como quem vê
um quadro.
[ não me é não a sou:
de facto, permaneci na
terra :)
~
juani
igualmente. sempre tens tempo para trazeres aqui um dos teus saluditos gostosos
:)
aqueduto livre
mais que não seja por ser livre, já é muito bom tê-lo por cá... e um aqueduto....não é de somenos importância. Bem vindo. Obrigada pela suas palavras generosas ...
:)
Caro José-Carlos
Confesso: fui muito, mas muito feliz em Lisboa. E ainda sou agora quando lá vou!
:)
duarte:
posso imaginar as saudades. Mas prepara-te, se é que não vens há muito...o Porto também se degradou em alguns aspectos... nomeadamente no modo com cresceu! (ou não). De qualquer modo...o espírito cá está..
:)
~pi
percebo. um quadro...
:)
é andar por ali como se um fio nos atravessasse
e me balançasse sobre a proximidade
suspenso :)
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