14 dezembro, 2008

as velas ardem até ao fim ...




Andoe, Joe
candle
(1993)



_ Perguntar o quê?... _ diz em voz baixa, com uma ênfase depreciativa, como se fizesse troça de si mesmo. _ O que é que se pode perguntar das pessoas com palavras? O que vale a resposta que uma pessoa dá com palavras e não com a realidade da sua vida? ... Vale pouco _ diz com determinação. _ São poucas as pessoas cujas palavras correspondem por completo à realidade das suas vidas. Talvez seja esse o fenómeno mais raro da vida. Na altura, ainda não o sabia. Agora não me refiro aos mentirosos, aos safados. Só penso que conhecer a verdade, adquirir experiências, de nada serve, porque ninguém consegue mudar o seu carácter. Talvez não se possa fazer mais nada na vida que adaptar à realidade com inteligência e cautela essa outra realidade inalterável, o carácter pessoal.
...
Sándor Márai "As velas ardem até ao fim", D. Quixote, 119


Richter, Polonaise Op. 61 em Lá Bemol Maior (Chopin)


GRATA & companhia
O observatory, do blog fio.limpo, deixou-me esta "festa" na caixa de comentários. Como gostei muito, além de lhe agradecer, aproveito para mostrar a quem passa!

Iva Bittova & Vladimir Vaclavek

12 comentários:

in_side disse...

lembraste-me os políticos
as suas palavras-vã o s.

de muitos escritores, artistas, vistos como representantes da humanidade, com escolhas de vida... ((da sua vida afectiva e humana, (enfim, não usarei expressões valorativas.

e o quão pouco me apetece falar a maior parte do tempo, por saber que o essencial se partilha num lugar sem palavra s.

acredito que as velas ardem até onde as deixamos arder, podemos apagá-las ou não, reacender, podemos tanto ((ía dizer tudo (em cada fatia de presente que nos amamenta!

acredito e afirmo (ainda que sob tortura, a mudança desejada, o amor desejado, e nos múltiplos modos de alterar o que julgámos
destino - o destino de todos nós,

que poderá ser apenas recuperar a sua essência adiada ou quase-quase levada à perda pelo lado racional, em exercício viciado e sem tréguas, exigência pressuposta de sobrevivência?

(somos felizes ou vamos a caminho!?

´carácter pessoal` como algo pré determinado, não sei que seja, acredito na força da força, na declinação da vida fora do medo,

na força motriz do sal das lágrimas, na bebida magnífica da luz, na inalação do vermelho mais sanguíneo, na noite branca que senti, na morte,

(( lembrei-me de... substituir estes sentidos, que aprendemos na escola e se me mostram agora meio inúteis, ( por outros sentidos - por outro Sentido?, embora não saiba o seu nome embora nada saiba,

- ai, e que deus me perdoe falar tanto, ainda,



~

Luna disse...

é a mais pura da verdade podemos até limar arestas, mas mudar o que já se encontra enraizado não é facil, diria mesmo impossivel
beijos

Myriade disse...

Queria Maria do Sol, parece que adivinhaste o tema do meu fim de semana :)) E é um tema esencial da vida !

Uma amiga minha depois de 14(!!)anos de psicoterapia disse-me que deixou de acreditar na capacidade humana de mudar e até de adaptar-se.

Eu nao sou tao pessimista !! Acredito que é possivel adquirir mais sabedoria, que nao é necessario cair SEMPRE dentro do mesmo buraco na mesma rua. Acredito que é possivel contornar o buraco e como segundo passo mudar de rua. Embora eu tenha passado hoje muito tempo a procura da escada para sair do meu buraco predilecto do ultimo ano. MAIS CONSEGUI e fico optimista :))

Adaptar a realidade a "nossa realidade" é um excelente passo no caminho do insalubre e da neurose !! Até Don Quixote no final quiz "queimar os livros" :)) Nem ele, o prototipo da pessoa que constroi uma realidade artificial, ardou até ao fim !! E tao perigoso retirar-se do mundo real por mais dificil que seja aguenta-lo !!

Desculpa o longo comentario que em realidade é um desabafo porque a pessoa que provoca as minhas caidas regulares no mesmo buraco é um destos constructores de mundos artificiais só para ele e vejo como ele afasta-se progresivamente da realidade e doe-me.

E agora chega e vou por Sandor Marai que pelo nome deve e ser hungaro na minha lista de leitura.

um beijo :))

Manuel Veiga disse...

ardem até ao fim. as velas. e por vezes incendeiam-(se). rss

Sensualidades disse...

uf e fui acompanhada pela diversao, lol com a muito nao era

Adorei o video simplesmentes espetacular

Jokas

Paula

Anónimo disse...

sim, as velas ardem mesmo até ao fim;e o fogo queima-nos, quase sempre.

Laura_Diz disse...

Obrigada pela visita, gostei daqui tb.
Abs, Laura

Anónimo disse...

Mdsol,
este post diz-me da coerência. Ligou muito bem com a festa de gatos, na articulação perfeita de Bittova e Vaclavek.
Cumpts

Violeta disse...

Li o livro há muito tempo, adorei. Obrigada por lembrares. A música é linda.
bjs

Duarte disse...

À luz duma vela ele escreveu o Quixote, e eu, em certo dia, até chorei, felizmente de alegria. Reconhecendo que nem sempre conseguimos ser compreendidos.

:))

Abraços

luis lourenço disse...

Li e ouvi...o teatro das velas...quando a festa é felicidade é delicioso.

há tantas coisas belas no Mundo...
Pq existe tb tanta estupidez...bem haja, Maria do Sol.

~pi disse...

múuuuuuuuuusica

(ou

vir sem olhos



~