31 outubro, 2008
e(ra) (mais) uma vez na américa
Rob & Nick Carter
colour changing spiral, XXXIV
(2005)
o "onze" faz a diferença?
voto estimado?
muito interessante é a contagem que "A barbearia do senhor Luís" nos apresenta desde o dia 29.
Bruce Springsteeen, born in the USA (acústico) [atenção à apresentadora]
30 outubro, 2008
há viagens que vêm mesmo a calhar
Gretta Sarfaty Marchant
travelling
(1997)
Queixa das almas jovens censuradas
Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola
Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade
Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prêmio de ser assim
sem pecado e sem inocência
Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro
Penteiam-nos os crânios ermos
com as cabeleiras das avós
para jamais nos parecermos
conosco quando estamos sós
Dão-nos um bolo que é a história
da nossa historia sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra que o medo
Temos fantasmas tão educados
que adormecemos no seu ombro
somos vazios despovoados
de personagens de assombro
Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
dão-nos um pente e um espelho
pra pentearmos um macaco
Dão-nos um cravo preso à cabeça
e uma cabeça presa à cintura
para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura
Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante
Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino
Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte
Natália Correia, "O Nosso Amargo Cancioneiro"
José Mário Branco, queixa das almas jovens censuradas
[mal eu sabia que viajar nesta altura me pouparia desgostos presenciais... e enquanto o pau vai e vem folgam as costas... não se trata de fugir... trata-se de ter mais tempo e distância para...lidar com gente que não se enxerga ... não se preocupem...isto são desabafos muito caseirinhos... é que isto das prepotências e da tentativa de manipulação das consciências e da individualidade de cada um não se manifesta só à escala nacional.... é vê-los, muitas vezes críticos do que nacionalmente se faz, a exagerarem maus procedimentos e más práticas nas quintas em que têm reinados efémeros. uns tristes.]
29 outubro, 2008
uma ilha no dia a dia (e uma "boquita")
Webster, E. Ambrose
volcanic cliffs, Azores
(1913)
seja de férias ou em trabalho, fazer uma pausa na rotina sabe bem.
eu gosto de ir, de partir ...
e a ilha é verde e tem lagoas.
Zeca Medeiros, cantiga da terra
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eu já não tenho "pachorra" ... confio plenamente no discernimento de quem aqui espreita...
é o "eduqês" no seu melhor... pelo menos que se expliquem...
27 outubro, 2008
rumor do silêncio
Sheehan, D.
silence of autumn
(s/data)
...
Escuto um rumor: é só silêncio.
E. Andrade (último verso do poema ESCUTO O SILÊNCIO, antologia breve, 50/51)
Gregorian, the sounds of silence
(Simon and Garfunkel já tinha colocado aqui)
26 outubro, 2008
mão, mano, main, hand so on and so on
Klinge, D.
hand 20
(2005)
A MÃO
A mão
que no fundo da noite chama,
num sopro mais ligeiro
que a pedra do desejo
ou o cheiro
do feno quente ainda
da última gota de água,
a mão
esquece a árvore onde fez o ninho
e vai poisar
entre o frio dos joelhos
devagar.
Alfred Brendel, Beethoven - sonata para piano nº 14 (op.27) [moonlight sonata] 3º andamento
[a escultura, as palavras e a música... sim, a música... porque hoje é dia do senhor...um bom dia do senhor para todos, senhoras e senhores, meninas e meninos, damas e cavalheiros e todos os que aqui vierem espreitar rsrsr...]
25 outubro, 2008
paciência... (falta de...) (1)
Fatima Abu Rumi,
s titulo,
(2007)
Motivos pessoais levaram-me a recorrer a um serviço privado (no sistema de saúde). Como era a primeira vez foi necessário preencher uma "ficha". Com a informatização dos serviços a funcionária preenche-o directamente no computador. Até aqui tudo bem, tudo necessário, nada demais. Porque me falta a paciência então?
A paciência falta-me para o "espectáculo" que é perguntarem-me em voz alta e exigirem resposta igualmente em voz bem alta, o meu nome, a morada, a profissão, se pertenço a algum sub-sistema de saúde, o número do telemóvel, o serviço que procuro...
Ontem, avisada por experiências semelhentes que não me agradaram, antes da funcionária iniciar o interrogatório, numa voz audível mas suave, resolvi oferecer-me para lhe passar os cartões e, deste modo, evitar que todos quantos estavam naquela "entrada" ficassem a saber de mim o que não é necessário e faz parte da minha intimidade em sentido mais lato (digamos assim).
Que não, com ar de espanto, que não era preciso o B.I., nem cartão nenhum. Diga, diga,! E eu num tom suave... Maria. E ela repetia mais alto Maria... E eu suavemente (a ver se ela percebia)... e ela cada vez mais alto... e eu a ficar sem paciência... e ela cada vez mais alto... Cada dado que eu lhe dava num tom morno, ela repetia-o mais alto, mais alto...
E foi neste jogo de incompreensão mútua que eu debitei parte do que me identifica como cidadã de um modo que ouviu a funcionária, ouviu quem estava à volta e, os que estavam mais longe, ouviram também. Tudo repetido pela diligente funcionária, com muita segurança e tim tim por tim tim ...
Pergunta verdadeiramente genuína: é de mim ou deveria haver uma maneira de isto não acontecer?
???, pelos caminhos de Portugal
gostos do comum dos mortais (5)
o sol já "carcomiu" parte da cor da lombada estreita e da capa desta Antologia Breve de Eugénio de Andrade, da Editorial Inova Limitada, edição de 1972.
Pierre Fournier, 1º andamento do concerto nº 1 para violoncelo de Camille Saint-Saëns, com a orquestra de câmara da ORTF conduzida por André Girard.
24 outubro, 2008
2008 - 1958 = 50
Szaggars, S.
interweaving their fragrances
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
Álvaro de Campos, aniversário
O meu caríssimo amigo J. faz hoje 50 anos. Parabéns!
Marylin Monroe, happy birthday
22 outubro, 2008
21 outubro, 2008
20 outubro, 2008
quem dá o que tem ...
19 outubro, 2008
investimentos a longo prazo
Deolinda, movimento prepétuo associativo
(aproveito para vos apresentar esta nova proposta de Hino Nacional, que substuirá A Portuguesa)
18 outubro, 2008
17 outubro, 2008
outonos
Yanping, Y.
autumn morning
(1997)
Cat Stevens, morning has broken
gostos do comum dos mortais (4)
lança menina , lança todo este perfume
desbaratina não dá pra ficar imune
ao teu amor que tem cheiro de coisa maluca
Vem cá meu bem, me descola um carinho
Eu sou néném, só sossego com beijinho
Vê se me dá o prazer de ter prazer comigo
Me aqueça
Me vira de ponta cabeça
Me faz de gato e sapato e...
Me deixa de quatro no ato
Me enche de amor, de amor
Lança, lança pefume
oh oh oh oh lança, lança perfume
Lança perfume....
16 outubro, 2008
pujanças
Mai, Wang
the fertility of capitalism
(2006)
quedas
injecções
suplementos alimentares
a economia norte americana entrou em recessão
hummmm... e agora o que "verdadeiramente"conta. Isto sim, são verdadeiras desgraças para a humanidade
empatas
divórcio
Leonard Cohen, closing time
15 outubro, 2008
meninices (da gaveta para hoje)
trocadilho absolutamente gratuito
13 outubro, 2008
conivências
12 outubro, 2008
11 outubro, 2008
10 outubro, 2008
09 outubro, 2008
"gerbil" * da rua do muro
Nagle, R.
the Wall Street gerbil
(2008)
os títulos baixam...
banqueiros irresponsáveis? quem diria, oh pah!
08 outubro, 2008
bolsinhas solidárias ...
Shaw, J.
Vários, we are the world
*MAFACUMAM
Movimento (de) Ajuda (aos) Financeiros Aparentemente Com Uns Milhões A Menos
[bem bem ... ai ai... eu não disse que não devia haver empresários... meninas e meninos atentem, eu tentei referir-me a essa coisa que anda entre o interesse e a usura]
07 outubro, 2008
fogo e gelo generalizados?
Kaneda, S.
stable uncertainty
(2003)
Islândia, fogo e gelo ....quem diria!
Philip Glass, Koyaanisqatsi
05 outubro, 2008
todas as estações se cruzam
Dauge, B.
orange fall
(2007)
ESSE VERÃO
Vinha meio nu
Trazia uma cesta de vime cheia de amoras
que colhera nas margens do rio
Passara a tarde toda de silvado em silvado
Na sua mão direita um pequeno arranhão
_ Tão quente, tão quente
esse verão
J. Sousa Braga, o poeta nu (o segredo da púrpura), 143
Aphrodite's Child, spring, summer, winter and fall
E lá porque é Domingo, dia do senhor, blá blá blá (já sabem o que penso destes dias) não se esqueçam que é dia 5 de Outubro
04 outubro, 2008
pontes de luz...
Trovante, 125 azul
Foi sem mais nem menos
Que um dia selei a 125 azul
Foi sem mais nem menos
Que me deu para abalar sem destino nenhum
Foi sem graça nem pensando na desgraça
Que eu entrei pelo calor
Sem pendura que a vida já me foi dura
P´ra insistir na companhia
O tempo não me diz nada
Nem o homem da portagem na entrada da auto-estrada
A ponte ficou deserta nem sei mesmo se Lisboa
Não partiu para parte incerta
Viva o espaço que me fica pela frente e não me deixa recuar
Sem paredes, sem ter portas nem janelas
Nem muros para derrubar
Talvez um dia me encontre
Assim talvez me encontre
Curiosamente dou por mim pensando onde isto me vai levar
De uma forma ou outra há-de haver uma hora para a vontade de parar
Só que à frente o bailado do calor vai-me arrastando para o vazio
E com o ar na cara, vou sentindo desafios que nunca ninguém sentiu
Talvez um dia me encontre
Assim talvez me encontre
Entre as dúvidas do que sou e onde quero chegar
Um ponto preto quebra-me a solidão do olhar
Será que existe em mim um passaporte para sonhar
E a fúria de viver é mesmo fúria de acabar
Foi sem mais nem menos
Que um dia selou a 125 azul
Foi sem mais nem menos
Que partiu sem destino nenhum
Foi com esperança sem ligar muita importância àquilo que a vida quer
Foi com força acabar por se encontrar naquilo que ninguém quer
Mas Deus leva os que ama
Só Deus tem os que mais ama
autumn light
03 outubro, 2008
...com pés e cabeça....
02 outubro, 2008
schuack, schuack, schuack + schuack, schuack, schuack
Munch, E.
the kiss
(data?)
Gotas de orvalho
ligeiramente tingidas
de bâton
Jorge de Sousa Braga, o poeta nu, 175
Cesária Évora, besame mucho
Andrea Bocelli, besame mucho
The Beatles, besame mucho
E porque tenho os melhores comentadores do mundo aí vão as sugestões de o natural de barrô e do mr. lynch e da carminda pinho
Diana Krall, besame mucho
João Gilberto & Caetano Veloso, besame mucho
Frank Sinatra, besame mucho
Blow, S
screen kiss
(2003)
Krushenick, N.
kiss kiss candy
(1978)
Factor, I.
the kiss
01 outubro, 2008
conversas com a Isaura (7)
Avery, M.
autumn light
(1963)
Não falamos há algum tempo. Como sempre as minudências no dia a dia interpôem-se entre estas nossas conversas. Confesso-te que estou num tempo de ambivalências claras, calma e sobressaltada. Como tu bem sabes há momentos em que a vida resolve mostrar-se de forma inesperada e avassaladora. Da perplexidade instalada decorre uma exigência de acção que começa pelo nosso necessário posicionamento. Encontrar coordenadas em momentos destes torna-se num exercício de remoção quase arqueológica de nós mesmos. A surpresa instalada delimita a manifestação dos sentimentos, a perplexidade encandeia o desenvolvimento de outros e o inusitado parece querer tornar ainda outros impossíveis. São momentos de intensa aprendizagem de nós. Quase uma revisão forçada da toda a matéria dada. Não só a matéria aprendida voluntariamente, mas também a que foi ficando em nós por mero usucapião. É, seguramente, um teste sério e difícil à nossa capacidade para viver bem! De acordo com a conveniência humana.
Querida Isaura, não te maço mais por hoje.
beijos