08 dezembro, 2010

rumor da noite na chuva das árvores






Lamb, Thomas
blossom trees in the rain at night








Brad Mehldau, when it rains

Árvore rumorosa

Árvore rumorosa pedestal da sombra
sinal de intimidade decrescente
que a primavera veste pontualmente
e os olhos do poeta de repente deslumbra

Receptáculo anónimo do espanto
capaz de encher aquele que direito à morte passa
e no ar da manhã inconsequentemente traça
o rasto desprendido do seu canto

Não há inverno rigoroso que te impeça
de rematar esse trabalho que começa
na primeira folha que nos braços te desponta

Explodiste a vida e és serenidade
e imprimes no coração mais fundo da cidade
e marca do princípio a que tudo remonta.

Ruy Belo, [cem sonetos portugueses, selecção organização e introdução de José Fanha e José Jorge Letria, ed. terramar,135]

8 comentários:

Meg disse...

Mdsol,
É por este e "outros" poemas que TUDO vale a pena.
Bom feriado.
Um beijo

Mar Arável disse...

Excelente Ruy Belo
sempre
com os amigos Fanha e Letria

Bela memória

Maria de Fátima Filipe disse...

Já li tudo de fio a pavio, a argumentação do burro deu cabo de mim, os investimentos do anjo e as perdas dos Ovos Day são razões para quadro de honra. E, coitado do pobre José...Uma delícia, devia reeditar a saga.

Beijinho

:)))

Justine disse...

Dentro de qualquer inverno há sempre uma primavera a aguardar o tempo certo...
Grande Ruy Belo!

anamar disse...

Hoje o dia passado por Santa Teresa...
Uma Sintra mas enriquecida...
Que descoberta de sonho...
Pensei em ti e mais amigos fãs desta cidade...
Bjsssss

lino disse...

Um belo quadro para um bonito soneto :)

Daniel Santos disse...

olha que bem.

Anónimo disse...

Justine,você um poeta...também!