01 setembro, 2008

9º mês ainda verão





Hodgkin, H.
summer
(2007)






Wyckoff, K. B.
september sail









Factor, I.
september afternoon











David Sides (piano) wake me up when september ends (Green Day)


...CONTRA O VENTO ...
E ANTES QUE O GUSTAV CHEGUE ÀS TERRAS DO TIO ...



Johns, J.
flag
(1954-55)




1) a ter de vir de algum lado venho do lado onde se entende que a liberdade é o valor, que cada um de nós sem "o outro" não existe, ... venho do lado que privilegia o modo solidário de encarar a vida, seja qual for a escala em que nos situemos ... adiante...

2) tenho dificuldade em pertencer a grupos. não porque me ache original ou seja demasiado ciente do que penso ou, ainda, me sinta uma personalidade solitária. mas precisaria de encontrar lugares sem a tradicional cartilha que se vai determinando e reproduzindo, como se o mundo, a vida, as ideias não tivessem complexidade suficiente para se materializarem com cambiantes muito diversificadas e um qualquer raciocínio tipo permitisse aplicar uma "regra" geral a tudo...

3) costumo dizer que, consciente da questão feminina, não sou "feminista furiosa". o que quer que isso signifique há-de andar perto do entendimento do lugar que a mulher ocupa e (não) tem ocupado (e dos seus problemas particulares) e perto, ainda, dos problemas que resultam de quererem substituir uma dominação (a masculina) por outra, em vez de se procurarem novos modos de estar e ser, que não partam do confortável branco ou preto.

4) interessa-me o que se passa nos EUA porque o que lá se passa (pelo menos por agora) interessa ao resto do mundo. não tenho mais formação política que o comum dos cidadãos. estou reduzida ao quadro que a comunicação social não especializada expõe e não tenho informação além do que fui "pescando" aqui e ali, sem critério nem preocupação de sistematização.

5) como não tenho uma simpatia pessoal especial pela Hillary Clinton, seria suposto, perante o já dito, que eu fosse 100% pró Obama. e, com alguma perplexidade minha, não sou. isto intrigou-me ao ponto de, ultrapassada a primeira explicação de que a idade nos "arredonda" (o que não se aplicaria, de modo nenhum, neste caso) me sentir impelida a escrever sobre isto, num exercício quase catártico. a minha ignorância, por si só, justificaria o silêncio.

6) se em relação à "experiência", vejo uma Hillary Clinton, pelo menos, mais experimentada, o discurso refrescante de Obama faz-me supor que "conhece" a realidade de um outro modo. se bem que as palavras também "operem" não me parece que se inscrevam primordialmente no campo da acção prática.

8) aqui chego com um empate. a frescura do discurso de Obama e a experiência de Hillary, para o caso, podem equivaler-se.

9) está-se mesmo a ver que não foi uma maior identificação "ideológica" e afectiva (pelo contrário) ou argumentos práticos demasiado fortes, que me fizeram pender para o lado de Hillary.

10) andava eu nesta modorra (que a mais ninguém interessa, eu sei) quando aconteceu o que eu intuía, sem saber como e porquê, mas intuía: convidado do The Daily Show de Jon Stewart (um dos talk-show, que passam a desoras num dos canais da sic) para demonstrar as suas qualidades de "orador" e que, ditas por si, todas as palavras "vendem" importância e sentido, Obama é instado a ler a bula de um remédio (ou a lista telefónica, não me recordo) como se de um discurso seu se tratasse. e ele -lo. e empenhou-se. no tom de voz, nas pausas certas, na respiração e colorido das palavras... e quem, por momentos, não ligasse ao conteúdo, podia perfeitamente julgar que ele estava a anunciar uma forma viável de acabar bem com a guerra do Iraque.

10) agarro-me a uma minudência? não percebo as regras do showbiz, da TV, do marketing político americano, do que seduz os americanos que é, afinal, o que importa? talvez... mas, na minha modestíssima opinião, Obama NUNCA se poderia ter prestado àquele papel, mesmo que só por uns breves segundos.

11) contudo, nada o impediu de ganhar a nomeação. ganhou-a. resta-me esperar que o pormenor seja só mesmo um detalhe e não seja um fractal do Obama e do que ele significa.

12) mas, quando o vejo, lembro-me sempre daquele bocadinho. e já não me apetece ouvi-lo. porém, se votasse agora, não daria largas a estes "estados de alma".


Ashanti, god bless america

11 comentários:

livia soares disse...

Olá, querida.
Sim, também eu venho tentando diminuir a minha ignorância em política (que continuo achando um assunto reles, mas necessário para nos orientar quanto à sobrevivência).
Hilary e Obama são parte do mesmo embuste, são dois vigaristas intelectuais que só estão aí para confundir, como tudo que vem do Partido Democrata americano. O mal-estar que vc sentiu é um sintoma de inteligência e discernimento. É, de fato, uma palhaçada que um candidato à presidência de uma grande nação se preste a isso, mas Obama é isso e nada mais. E o fato de ele ser negro não o torna melhor nem pior do que é, obviamente - mas serve para chantagear os incautos bem-intencionados ("estarei sendo preconceituoso?"). Não está, não. E o discurso de Obama é inconsistente
e vago porque ele não tem projeto nenhum a não ser solapar as bases da maior democracia do Ocidente. Os motivos? Bem, se lhe interessar, posso lhe passar uns sites onde vc poderá pesquisar em fontes sérias e tirar suas próprias conclusões.
Mas chega de política. Agora vou ver se consigo dar uma lida mais tranqüila no seu blog, que muito me agrada. E aparece lá no meu blog, estou com saudades.
Um abraço.

luis lourenço disse...

Viva Maria do SOl!

Agradeço a partilha que nos proporiona hoje que é em todos planos ...actualíssima...característica das "almas perfumadas".

abraço

poetaeusou . . . disse...

*
amiga.
há pequenos detalhes,
que talvez queiras omitir
ou passou-te ao lado,
o obama não é um novato como
diz a nossa imprensa, tem nos
corredores da casa branca mais
de uma vintena de anos,
alem de inteligente é experiente,
e já deu sinais de não querer ser
um mártir da pátria americana,
ele não quer ser John F Kennedy,
não quer ser imolado . . .
e foi dize-lo a Berlim,
o seu vice, escolhido por ele e não
pelo partido dá-lhe toda a segurança,
a Hillary Clinton, ficara a um tiro
do poder e a consagração do bloco
central ou pensam que é só em
Portugal . . .
de qualquer modo, temo se ele
vencer, assina a sua pena de morte,
,
digo eu, . . .que tenho direito a opinar,
,
conchinhas de amizade, deixo-te
,
*

meus instantes e momentos disse...

Meu amor, teu blog é realmente muito bom.
Gosto de te ler, de ver, gosto daqui. Tenha uma belissima semana.
Maurizio

mena maya disse...

Adorei este post!
Setembro o meu mês, o mar, as tardes e as terras de Sam onde vivi 6 anos e assisti às eleições em que Bush roubou a presidência a Al Gore!

É difícil de entender todo o mecanismo das eleições americanas, a começar pelas somas vergonhosas que se gastam, passando pela farsa dos debates na TV,onde é mais importante se o candidato sorriu ou se irritou, do que propriamente o contéudo do seu discurso (querem melhor exemplo que Bush?) e acabando no sistema obsleto do colégio eleitoral, com os seus 538
delegados representantes de todos os estados, decidem por vezes as eleições contra o voto popular, como aconteceu na eleição acima referida.
Quanto ao Showbizz, os candidatos têm que fazer o que por aqui se chama "Gute Miene Zum Bösen Spiel"
ou seja comer e calar!

De qualquer forma estas eleições são extremamente interessantes, pois abrem 2 precedentes:
um dos candidatos é afro-americano, outra (à vice-presidencia)é mulher!

De fora já só ficam os homosexuais, os ateus e todos os que são contra a pena de morte...até um dia, quem sabe!

Nevertheless LET OBAMA WIN!

WOLKENGEDANKEN disse...

Muito pronto vou arranjar tempo para dar a minha opiniao :))

Pulsante disse...

Pois...
Era bom que a razão pudesse coincidir com o coração. Mas não.
Se o coração prevalecesse diria sobre o circo: "fuck them, I don't care". Mas, infelizmente, o que se passa no circo interfere no resto da selva.
Rep ou Dem são todos messiânicos e os crucificados somos nós.
Eu, se fosse norte-americano, votava no Mário Soares.

Manuel Veiga disse...

pois...

votarias em Cynthia McKinney, estou a ver-(te)... rss

(Cyntia McKinney uma corajosa ex-congressista negra eleita pelo Estado da Geórgia; tornou-se numa das mais importantes activistas e líderes da esquerda norte-americana e dos movimentos progressistas no país.

... e candidata à presidencia dos Estados Unidos, sabias?

(desculpa o "discurso")

Duarte disse...

Aqui os termómetros continuam a subir ao meio dia por cima dos trinta graus à sombra... para despistar...

Depois do relaxado que vim da nossa terra, queres que comece a fazer reflexões desse calibre? É certo que o que passe ali vai incidir aqui, pois já está, não penso mais nesse tema: não me deixam decidir...!

Que tenhas um bom dia

Abraços

cristal disse...

O "circo" made in USA, apenas é mais visível, mais completamente assumido aproveitando muito bem a "ingenuidade" cultivada metódica e cientificamente na maioria dos povos que lá vivem. Mas este mesmo tipo de "circo" é impingido em todos os lugares do mundo com o mesmo tipo de eficácia. O que me leva a deplorar a forma como as ciências sociais e ditas humanas têm sido sistematicamente postas ao serviço da causa do embrutecimento dos povos. É por isso que, em quaisquer circunstâncias, é de extrema importância dar força aos que, de algum modo, resistem e resistem apesar das fraquezas, apesar das falhas.

Aqueduto Livre disse...

Ele há uma rábula com alentejanos, que eu gosto sobremaneira:

-atão compadre, que tal?
-Olhe. Sabe o que lhe digo? Olhe. Nem lhe digo nada!

Apetecia-me dizer algo sobre este seu poste, mas não é preciso: está lá tudo.

Justo e perfeito como se diz aí por algumas confrarias...

Abraço grande,

Zé Albergaria

PS - Um pedido: quero mais Magritte. Sou "magrittó"-dependente.