17 setembro, 2008

setembro, ainda verão




Garabedian, Charles
september song
(2001-2003)





TEORIA DA PRESENÇA DE DEUS

Somos seres olhados
Quando os nossos braços ensaiarem um gesto
fora do dia-a-dia ou não seguirem
a marca deixada pelas rodas dos carros
ao longo da vereda marginada de choupos
na manhã inocente ou na complexa tarde
repetiremos para nós próprios
que somos seres olhados

E haverá nos gestos que nos representam
a unidade de uma nota de violoncelo
E onde quer que estejamos será sempre um terraço a meia altura
com os ao longe por muito tempo estudados
perfis do monte mário ou de qualquer outro monte
o melhor sítio para saber qualquer coisa da vida

Ruy Belo, todos os poemas, (relações), 59


Lou Reed, september song (de K. Weil e M. Anderson)

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[queria referir-me aqui, no meu modo singelo e do senso comum, a mais esta manifestação complicada da crise no mercado norte americano (AIG)..., porque como já tenho dito, isto não pode ser só poeminha e musiquinha e pinturinha, por mais interessantes que sejam. Sem tempo para alinhavar mais do que duas ou três frases, registo o momento como mais uma manifestação desta selvajaria e especulação financeiras em que se tornou o capitalismo! A mostrar à evidência que este modelo neo-liberal (ou lá como se chama) não funciona, ponto final! E que não pode ser justificado porque outros modelos (opostos) também não funcionaram. O que me espanta é ver quem acha natural tudo o que está associado à globalização e seja muito neo-qualquercoisa, admitir sequer que o que se está a passar nos Estados Unidos não tem nada a ver connosco. Mas haverá sector mais "imbricado" do que este? Deve ser de mim, que sou ignorante nestes assuntos e não olho para as coisas além do que a minha intuição... intuí! Ou a imaginação e criatividade, assentes em novos valores, apresentam serviço ou... é que isto da reserva federal ser bombeiro não me parece solução. vantagem é não haver fogos...]

23 comentários:

Jardineiro de Plantão disse...

Pensamento ou introspecção... pouco importa.

O sentimento está muito bem expresso.

Abraços

prafrente disse...

"somos seres olhados"...quando dizemos AMO-TE e velhos nos olhos do outro o brilho de uma emoção que nos conforta e estimula...

O caixão vogando sobre o mar "assustou-me".Eu quero viver...

poetaeusou . . . disse...

*
o "meu" ruy belo
,
tu trazes até mim a tua longa mão
entende-la como uma ponte
entre nós dois inverno e verão
garantes que ela tem
por trás o coração
e no entanto só te chamo irmão,
cada um de nós é como
antes uma solidão
e nada significa a nossa saudação,
,
in-ruy belo
,
conchinhas
,
*

Myriade disse...

E o máximo absoluto do "neo-qualqercoisa" :))) modelo estadounidense é a desproporcao entre poder e responsabilidade do presidente e a triste realidade que este presidente pode ser intelectualmente ....... digamos simples, eticamente ainda pior e nem por isso o "fantastico" sistema poe-se em duvida.

vieira calado disse...

Há muito tive "Aquele Grande Rio Eufrates", mas não sei onde anda.
Creio que nunca tinha lido este. Obrigado por publicá-lo.
Bjs

Anónimo disse...

...
And these few precious days...
...

T

~pi disse...

não conhecia esta de lou reed.

bela, belíssima! :)



e arrasto setembro

( lírio que quer

casa (



~

luis lourenço disse...

Escutei a música e o poema...e li o teu texto com atenção...e apetece-me dizer, num registo próximo: Que pobres ficam os homens quando reduzem a vida à economia...que precisa de ser ampliada de outra forma...

bjinho

Anónimo disse...

(Fui às letras pequeninas...)
Pois é ! Selvajaria e tudo o mais do mesmo género que se lhe queira chamar ! A chatice é que nos falta um novo Marx (ou, já agora, um novo Keynes .. do mal o menos...) para nos dar uma solução. Será que vem da América Latina ? Seja como for, assim é que não pode ser ,,,

:)) José-Carlos

Violeta disse...

Poema, música e pintura a combianr; como sempre.
Obrigada.
Bjs

Duarte disse...

Nunca reparo no que opinam os demais, mas desta vez fugi à regra por tratar-se dum assunto que a todos nos tinha que começar a preocupar, e muito.
Com o teu comentário recordei algumas aulas dum professor de teoria económica da Faculdade de Valência. Estávamos então em plena crise dos anos noventa, e aquele senhor aproveitou para falar-nos do craque do 29, e da depressão dos anos 30. Os meus escassos recursos práticos, já que nunca exerci o que estudei, são que, se não actuamos a tempo, pode trazer-nos consequências bastante funestas, comparadas com as de então. Esta tarde o jornalista da RNE falou de cifras que assustam, verdadeiramente preocupantes que, como sempre, vão afectar, muito negativamente, aos que menos tem; já que estas empresas operam em todo o mundo. A solução já não está nos campos de algodão e toda a malta a cavar, agora somos muita gente, a situação complexa, e a delinquência a crescer, em grau superlativo, quando chegam as vacas fracas.
Estou a meter-me demasiado a fundo, e só queria comentar que enquanto mdsol nos faz uma introdução a debate dum assunto tão bicudo, que a malta nem lê e sai dizendo que tudo combina muito bem, que as fotos são bonitas e que o poema es estupendo... está bem, tudo isso é certo, pois todos sabemos o bom gosto que tem, mas dedicou tempo a escrever-nos algo muito meditado, até digo que meritório. É lamentável ter que chegar a esta conclusão.

Parabéns mdsol pelo excelente trabalho apresentado hoje, desses que convidam à reflexão.

Um grande abraço como compensação

cristal disse...

E vê lá tu se, a propósito, já ouviste alguém falar de Brenton Woods!!! Parabéns pelo tema e pelo que dizes e deixa-te de falsas modéstias porque aparecem por aí certas pessoas que se pretendem ser autoridades que sabem bem menos do que falam do que tu. BJS

GP disse...

Eu hoje só quero a musiquinha e o poe minha. Vai ao sarrabiscos ver o que enche os olhos...

Beijo grande, enorme, imenso

manhã disse...

é bom pensarmos que somos olhados, mesmo que não sejamos.

mena maya disse...

Setembro, aqui já outono, resta-me esperar pelo Indian Sommer..e deliciar-me com a música!

Do outro lado do mar, em plena estação dos hurricanes, a tempestade fez "Landfall" na Wall Street...
Já se fizeram sentir os primeiros efeitos em Londres, que estragos irá ainda causar?

Andam a jogar ao Monopólio e nós que nos tramemos!

E não há Santa Bárbara que nos acuda!

Beijinho

Justine disse...

Fiquei toda nostálgica com o September song, mas "arrebitei" logo com as tuas excelentes palavras de indignação, que subscrevo na íntegra.
Abraço forte

Carminda Pinho disse...

A tua intuição "intui" perfeitamente, minha linda.
Olha, eu ando muito sem pachorra para as políticas do mundo, de tal maneira, que me tenho quedado mesmo, é na poesia e nas musiquinhas, que me têm alimentado a alma. De modo que saio daqui saciada.:)

Beijos

meus instantes e momentos disse...

é tudo tão complicado...
Bom dia, saudades de voce,
Tenha um belissimo dia.
Maurizio

Carla disse...

gostei do poema escolhido e principalmente da tua análise ecómica...simples e correcta
beijos

Unknown disse...

Gostei de tudo...
... embora não consiga ouvir-me pensar... [muito].
[Beijo]

Anónimo disse...

Lindo poema de Ruy Belo.

Aqueduto Livre disse...

Caríssima,

Esse seu geito de, em bicos de pés, por cima das pedras, passar para a outra margem do rio, quase pedindo desculpa por estar a ocupar "indevidamente" as pedras que lhe/nos indicam o caminho...uma maravilha.

A estética, cara amiga, nunca se pode desprender da ética, nem ser trocada por...

Nas minhas deambulações sobre a história e sobre a escrita da história - topei uma frase do grande Michelet (ele é mesmo muito grande!) que diz, mais coisa menos coisa: "Para escrever sobre o presente é preciso ignorá-lo e fugirmos dele.". A proximidade não nos dá nem perspectiva nem prospectiva.

Temos que procurar a resposta algures...mas a intervenção, boa ou má, tanto faz, da FED é perfeitamente irrelevante para a compreensão de TODO o fenómeno actual.

Não estou em desacordo consigo, acho é que a abordagem ainda está muito por cima do presente e isso não nos permite VER e , menos ainda, PERCEBER.

Para remate de conversa, e isto é que, verdadeiramente me importa: a ÉTICA e a ESTÉTICA deveriam ser considerados irmãs siamesas sem hipótese de serem separados.

E disse.

Abraço,

Zé Albergaria

Anónimo disse...

.......
"I want to spend them with you"
......
Will you? I help you....

***