20 dezembro, 2010

há dois anos, com gripe, não havia presépio...





Avery, M.
sheep
(1952)



Sem estábulo disponível, os problemas do branco no branco para realizar o seu presépio já eram tantos, que resolveu avançar para um campo tradicionalmente colaborante e não muito exigente, a ver se a "coisa" ainda teria pernas para andar. Mas, encontrou a ovelha, normalmente alegre, completamente amuada. Pois que está farta de andar sempre em rebanho, a fazer o que mandam os que se chegam à frente, apesar de ser branca tem uma costela de ovelha negra e não está para alinhar em cenas que, no fim de contas, quase se ficam pela pose para a fotografia tradicional.
_Chega de carneiradas! disse convicta! _ Não que eu seja ronhosa, que não sou, mas já tenho idade suficiente para não alinhar com gado sem pedigree! _E como eu há muitas mais! O que custa é sair do redil mas, assumida a saída, eu bem sei do que sou capaz. Ainda há ovelhas que sabem o que é a liberdade! Finalizou num tom entre o apocalíptico e o profético.
O tom, assaz desafiador, surpreendeu o branco no branco habituado que estava a ouvir os seus balidos, desalinhados é certo, mas sem consequências assim tão definitivas.
Por ora, o branco no branco não vê modos de remover  esta ovelha do lugar em que se fixou, nem vislumbra palavras bonitas que a demovam da sua decisão actual e tão auto-determinada.
Ora, sem ovelhinhas, como pode haver presépio?
[publicado em 20 de Dezembro de 2008]

3 comentários:

Maria de Fátima Filipe disse...

Gado sem pedrigree nem pensar! Já nos basta as ranhosises que se vão vendo a toda a hora por bandas de Belém...


:)))

jrd disse...

Com ovelhas destas, é mesmo de dizer: "Minha lã, meu amor". :)

cristal disse...

Acho que seria bom recordares a "série" toda. Para ver se me faz tão bem como nesse ano.