24 abril, 2009

contagem decrescente 1




Max, P.
freedom
(1980)



Faz hoje 35 anos, era quarta-feira e pairava no ar a certeza de que o desejo de (quase) todos, a luta de muitos e o movimento de alguns não demorariam a encontrar-se e a fechar o puzzle dos pedaços que juntos permitiriam voar em liberdade.
Sempre intuitiva e muito protegida pelos anjos (em que definitivamente acredito) estive na noite de quarta para quinta-feira, de 24 para 25 de Abril de 1974, com um grupo de amigos, num espaço público, onde cantamos (mais eu do que eles) até às tantas da madrugada. As canções e as quadras proibidas (e outras tantas inventadas no momento) num misto de inocência e provocação que misturavam o prazer de cantar com a vontade de viver num tempo diferente do tempo do dia 24. Mal adivinhávamos que, ao mesmo tempo, alguém passava na rádio sinais muito mais bem cantados e capazes de colocar em movimento vontades, vozes e sonhos a caminho de uma madrugada realmente nova. Foi assim no mês de Abril dos meus 20 anos!

Paulo de Carvalho, e depois do adeus

[Ainda com o "portátel" no estaleiro, deixo o post programado mas não poderei espreitar por aí.]

13 comentários:

Maria disse...

Jantava em Alcabideche...
Vínhamos para casa quando ouvi a segunda senha...

é um filme que revejo todos os anos...

beijo, com um cravo Vermelho

Ana Paula Sena disse...

Tenho pena de ter sido demasiado nova, na altura, para participar desse mesmo modo. Mas lembro-me muito bem da canção do Paulo de Carvalho :)

Um beijinho!

Carminda Pinho disse...

Dormia, e ao acordar nem dei conta do que diziam na rádio, (estava atrasada para apanhar o autocarro que me levaria ao Chiado, onde já trabalhava). Antes de fechar a porta, deparo com a minha mãe, que saira mais cedo. - Não podes ir, dizia-me ela, a calçada está cheia de tropa não deixam passar ninguém, ( viviamos na Ajuda em Lisboa, muito perto dos quartéis militares).
Não saí de casa senão no dia seguinte, passei o dia a ver televisão e a ouvir rádio.

Beijo, mdsol.

Osvaldo disse...

Olá Medsol;

Faz hoje 35 anos que nascia no Rio de Janeiro o meu primeiro sobrinho homem (já tinha duas sobrinhas) e minha irmã, mãe do rapaz, sabendo o porquê de meu pai ter emigrado para o Brasil quando nós éramos crianças, decidiu no dia seguinte, 25 de Abril de 1974, de chamar seu filho de Critiano de Spínola... e assim ele se chama. Era como que um grito da liberdade que meu pai tantas vezes oprimiu dentro de seus pulmões, como tantos de outros portuguêses o fizeram...

Hoje dou os parabéns ao sosso Spínola que completa 35 anos e amanhã compro um imenso bouquet de cravos vermelhos que envio ao paraíso onde meus pais o receberão e desse bouquet retiro alguns cravos que ofereço a todos os amigos deste Mundo virtual que comprenderão o porquê do gesto.

bjs, Mdsol
Osvaldo

Justine disse...

Arrepia sempre ouvir esta música. E as nossas recordações surgem em catadupa:))A vida é feita destes "grandes tudos"!

Arábica disse...

Solinho,

faz hoje 35 anos, eu e a minha mãe, encontramos a nossa vizinha Guilhermina, mulher de mão cheia para doces e que dessa forma fazia frente a tempos aziagos: genro preso em caxias, filha julgo que na altura , já em casa.
Ali, paradas na rua, o desabafo dela, "passamos uma vida inteira à espera que algo aconteça"!
Aconteceu passadas poucas horas.

:)


Um abraço em contagem crescente :)

jrd disse...

Vai chegar à hora prometida.

mena maya disse...

Tempos inesquecíveis e de grande expectativa!!!

Duarte disse...

Foi bonito e emocionante, eu sei, ainda que o vivi na distância. As imagens, que aí estão, dizem tudo. Hoje já é historia: passou, felizmente, convém que fique...

Passei dias de angustia...! Era a inquietude.

Um grande abraço

Mar Arável disse...

25 de Abril

de novo

lino disse...

A minha véspera foi mais prosaica, pois era deitar à uma para levantar às sete, que o trabalho de dia e o estudo à noite mais não permitiam. Acordei com a voz do Luís Filipe Costa :))

Francisco Clamote disse...

Vivia em VRSA e só de manhã, soube que aquela era "a manhã clara" há muito desejada. Abraço.

Anónimo disse...

Partilho do comentário da Ana Paula. Também era muito nova... Mas também sou demasiado medricas para ser de valia em rebeliões. Bem-hajam os outros que sois vós.