09 maio, 2008

corrupção e futebol e o que, afinal, podemos aprender

1) Tomo partido contra a corrupção. Seja de primeira, segunda ou terceira divisão. Tomo partido contra a "grande" corrupção, como tomo partido contra a mentalidade do arranjinho e da protecção dos "lobbies". Deste modo, e em coerência, sou a favor de mecanismos que controlem e punam quando a ética não funciona. Sou a favor de celeridade e de atitudes pró-activas, desgostando-me muito o estilo do tipo "assobia para o ar", seja de cada um ou de instituições, que confunde o sentido humanizador da tolerância com a pretensão impossível da neutralidade ética.

Agora

2) Não cuide a sociedade portuguesa que está a tratar do problema da corrupção só porque a "localizou" num campo particular, [ainda para mais num elo relativamente fraco porque ligado a uma actividade da esfera das actividades "não-importantes" da vida] e parece que as "coisas" estão a funcionar. O que temos de agradecer ao futebol é a celeridade com que, no fim de contas, e comparando com outras áreas de actividade, acabou por actuar.
Fico à espera que noutras arenas bem menos escrutinadas diariamente se faça o mesmo e não continue a vergonha de só uma pecentagem mínima de acusações de corrupção ter algum efeito. A quase excepção Vale e Azevedo não basta para sossegar o resto que precisa de combate enérgico e esclarecido. [Recordo só no que começou a aparecer publicamente, mal uns compadres da vetusta, séria e veneranda instituição banca se zangaram só um bocadinho...]

3) Há imensa gente que ganha a vida a propósito do futebol, sem lhe estar directamente ligado. Comentadores, jornalistas, elementos de paineis, etc etc etc... Estão armados em quê? Só agora lhes deu a lucidez e um ataquinho ético e deontológico? bah

4) Continuo a achar que a justiça desportiva tem de repensar as soluções que encontra. O castigo não pode ir contra a natureza da "coisa". Remeto para o que escrevi aqui
e, já agora:


e

5 comentários:

Manuel Veiga disse...

sou o primeiro para concordar contigo (por uma vez) em absoluto...

atrevo-me ao beijo,(a que sei seres arredia rss)

Duarte disse...

Aprovo com convicção. A firmeza com que te empregas nesta odisseia é plausível.

José Manuel Dias disse...

Clap...Clap...Clap.
Uma leitura k subscrevo.
Bjs

Pulsante disse...

Já que falaste de corrupção, eu aproveito e digo:
Cada vez estou mais convicto que o grau de corrupção de uma dada sociedade, está directamente ligada a um deficiente sistema de educação, que além de produzir em série diplomados ignorantes, falha na construção daquilo a que chamamos cidadãos. Cidadãos são os membros de uma dada comunidade que têm plena consciência dos seus direitos e dos seus deveres, exercendo cabalmente os primeiros e cumprindo integralmente com os segundos.
Numa sociedade de cidadãos é evidente que também há corruptos – e aí não distingo quem compra e quem se deixa vender - mas esses corruptos são uma excepção e considerados uma verdadeira aberração dessa mesma sociedade.
Numa sociedade em que o Sistema de Educação falha – como é o caso da nossa – a corrupção, ela mesmo, é considerada senão uma normalidade pelo menos uma fatalidade, e isso é que é gravíssimo.
Embora do ponto de vista formal a nossa comunidade e as estruturas e mecanismos inerentes à sua organização condenem a corrupção, ao nível do que é mais importante, que é consciência social da própria comunidade, essa perversão é tolerada e o corrupto não é, em rigor, visto como um criminoso na verdadeira acepção da palavra.
A nossa sociedade tem repugnância e claramente estigmatiza muito mais o assaltante do que o faz em relação ao corrupto, havendo, inclusivamente, uma espécie de complacência para com o mesmo e em certas ocasiões até se verifica uma estranha glorificação do corrupto.
A única forma de fugir à corrupção – e não há outra já que o “sistema” não responde e a maior parte dos outros com isso pouco se preocupa – é saber dizer "não". Não e sempre não, nem sequer um “nim”. O dia do “nim” será o dia do princípio do “sim”.
Dizer não em nome da decência, dizer não em nome de uma moral que se sabe ser a certa, dizer não em nome do nome que deixamos aos nossos filhos.
Esta coisa do prezar o nome que temos, não por representar campos, fábricas, cargos, obra e fortunas, mas por representar a nossa identidade, por verbalizar a essência da nossa entidade, por um dia ser transcrito na nossa certidão de óbito e na lápide que nos decorarem a o túmulo é uma enorme defesa em relação à tentação da corrupção. Não pensem que isto é uma espécie de ingenuidade - eu, felizmente ou infelizmente, nada tenho de ingénuo.
Isto de querermos preservar o nome que temos é uma elaborada construção intelectual que funciona mesmo como antídoto.

Vítor Amado disse...

Concordo com quase tudo o que afirmas. Também sou contra a corrupção. E também já tive um presidente corrupto no meu clube...e a "fanatismo" clubístico também me fez acreditar no homem durante algum tempo. Ainda bem que saiu,foi julgado, foi preso. No caso, a justiça desportiva pode ter sido lenta. Pode é perguntar-se por que razão foi lenta.Quem estava no poder da Liga na altura?como é que facturas de viagem do árbitro Calheiros,por exemplo, aparecem na contabilidade de um clube e se varreu o lixo para debaixo do tapete? Que raio de "fruta" se oferece a um árbitro?Por conseguinte, embora atrasada, a justiça desportiva actuou,numa primeira instância.
Ah, e ver Valentim Loureiro nas televisões a tentar justificar-se, só me faz acreditar que o desepero é mau conselheiro.
bom fim de semana.