25 maio, 2008

tarefa da esperança


Crawford, R.
New Hope Station,
1932,

...
"Mas em Amesterdão nem sequer existia a rua que o meu amigo tinha indicado e, claro, nunca houve em qualquer parte da terra um homem chamado Max Hughes que conseguisse embarcar gente para Singapura. Às vezes chego a pensar que não existe nenhuma cidade com tal nome. Mas não é, nem nunca foi essencial. A comoção e a esperança, sim, essas existem, e são os temas dos nossos dons, a nossa tarefa. E é nelas próprias que o milagre do mundo pode ser concebido."

Herberto Helder, Como se vai para Singapura in Os passos em volta, 113

[este post surgiu-me a propósito da campanha em curso...]


10 comentários:

Manuel Veiga disse...

caminhemos, pois. na comoção e na esperança. que o caminho faz-se ao andar...

... mas é a utopia quem nos guia.

Pulsante disse...

A utopia é contra-ponto. Contra-ponto absurdo, estático e idealizador de escravos presos ao papel definido.
O contra-ponto é uma impossível perda de tempo e um detergente para as consciências.
O contra-ponto é língua de mesa de café, sentença arrotada por salvadores do mundo de pacotilha, que na maior parte das vezes nem bons vizinhos sabem ser.
O que é preciso é agarrar com unhas e dentes a cidade real…e melhorá-la…o resto “são tretas”.
Dá trabalho, não se ganha a “ponta de um chavo”, mas não há alternativa.

Luís Novaes Tito disse...

Não sei se poderemos conceber qualquer milagre, mas sei que podemos sempre tentar.

Muito obrigado
Luís

Carminda Pinho disse...

Felizmente que ainda conseguimos ter esperança e, comovermo-nos...

Vim buscar uma coisa de que me tinha esquecido...:)))

Anónimo disse...

Gosto sempre de ler o Herberto. É ainda melhor do que conversar com ele!
:))
Transdisciplinar

Justine disse...

Em Amsterdam encontramos ruas com todos os nome que lhe quisermos dar, ou então nenhuma rua tem nome. Ouvi dizer que é assim em todas as cidades - depende apenas do olhar, da comoção e do sonho.
Belíssimo post.
Beijo

Unknown disse...

Infelizmente, ou felizmente [já nem sei], também estou mais próxima do comentário do Pulsante!

Essa história das utopias... nunca me convenceu!...

Apesar do seu estilo "visceral" [que ele sabe que não me é indiferente, pelo contrário...:)], também me parece que as unhas e os dentes resultariam melhor, no aqui e agora.

Pena é, não andar com grande garra, o que já deu para perceber e não ter grande força anímica, para me dedicar a essas tarefas... [as tais que só dão mais trabalho e nem um chavo!]

Quem sabe...?

[Beijos...]

poetaeusou . . . disse...

,
arquitectando
amesterdão . . .
,
conchinhas
,
*

GP disse...

Neste tempo e neste espaço a tarefa de esperança é uma tarefa difícil...

beijinho

Duarte disse...

Estas estações, como eram cuidadas para chamariz do pessoal! A de Aveiro foi um exemplo. De todas formas eu vou derivar por caminhos mais românticos. A estação de Penelope de Serrat... que drama numa estação! e que grandiosa canção, tanto em letra como em música.