26 fevereiro, 2008

saudades de solidariedades



Nota:

houve um tempo em que viajava muito de carro. Associo esta canção a viagens sem fim no meu clio cor de burro quando foge, de porta amolgada e tremelicante mal eu passava dos 110km...
sendo de Lisboa nunca se importou de me acompanhar dias a fio até C.


A Canção de Lisboa

Jorge Palma

Composição: Jorge Palma

Os serões habituais
As conversas sempre iguais
Os horóscopos, os signos e ascendentes
Mais a vida da outra sussurrada entre os dentes
Os convites nos olhos embriagados
Os encontros de novo adiados
Nos ouvidos cansados ecoa
A canção de lisboa

Não está só a solidão
Há tristeza e compaixão
Quando sono acalma os corpos agitados
Pela noite atirados contra colções errados
Há o silêncio de quem não ri nem chora
Há divórcio entre o dentro e o fora
E há quem diga que nunca foi boa
A canção de lisboa

Mamã, mamã
Onde estás tu mamã
Nós sem ti não sabemos mamã
Libertar-nos do mal

A urgência de agarrar
Qualquer coisa para mostrar
Que afinal nos também temos mão na vida
Mesmo que seja a custa de a vivermos fingida
O estatuto para impressionar o mundo
Não precisa de ser mais profundo
Que o marasmo que nos atordoa
Ó canção de lisboa

As vielas de néon
As guitarras já sem som
Vão mantendo viva a tradição da fome
Que a memória deturpa e o orgulho consome
Entre o orgasmo e a gruta ainda fria
O abandonado da carne vazia
Cada um no seu canto entoa
A canção de lisboa

2 comentários:

Anónimo disse...

"Perdi-me" daqui por uns dias e ao regressar encontro esta prodigalidade de recordações? Bons sinais? Que assim seja. Tenho saudades de ti, e até de mim, imagina! Precisamos de trocar umas palavras quando eu recuperar o "pio". BJS. Mia

Tinta Azul disse...

Olha...
beijos
:)))