23 fevereiro, 2008

verdes linguagens, anos perpétuos

CARLOS PAREDES

Não são dedos:
são lágrimas.
Não são cordas:
são fios de saudade.
Não é um país: é um coração
que soletra lágrimas
na saudade que temos de nós mesmos.

They are not fingers:
they are tears.
They are not strings:
they are threads of longing.
It is not a country: it is a heart
That spells tears
in the longing we feel for ourselves.

Mia Couto in Movimentos Perpétuos - Textos para Carlosa Paredes, 82

http://www.youtube.com/watch?v=XwhV1ivYNsQ






3 comentários:

Unknown disse...

Que imagem lindíssima, a do Carlos Paredes!...

Ele que era tão sóbrio!... Quase sério demais...

Fotografado, assim, todo vestido, com a água do mar a cobrir-lhe as pernas e um ramo imenso de flores rubras nos braços, em vez da guitarra!...

Continuo a ouvi-lo, embora já cá não esteja.

Quanto ao Zeca Afonso, que não comentei, também.

Eram homens bons.

Eu e a minha irmã, cantámos com o Zeca, num espectáculo num celeiro, na Anadia, imagina...

Ele estava com medo que a voz lhe falhasse. Já estava cansado e a doença anunciava-se, penso eu.
As duas manas sabiam todos os temas... por isso, por ser ele, cantámos com o nosso grupo e ajudámo-lo, de seguida. Ficou-nos eternamente grato.

Eu descobri uma pessoa diferente daquela que imaginava. E gostei mais dele, ainda.

A minha irmã ainda canta. Eu nunca gostei de espectáculos e palmas. Acho que o Zeca Afonso também não.

[BEIJO]

mdsol disse...

Um ar de:

Mais uma confissão que, afinal, não escrevi logo no post porque não ando em maré de escrever....a menos que seja "estimulada" de forma directa.
Por causa de uma divisão de tarefas cá em casa (bastante discutível, mas na altura a que se encontrou) não fui ao concerto do Zeca no Coliseu do Porto quando ele já estava doente e já se sabia que seria o último (e ao qual ninguém foi, suponho eu, por causa da voz do Zeca). Nesse dia fiquei muito triste por não lhe ter ido dizer adeus, cantando com ele. Hoje só iria dizer adeus porque não consigo cantar, mas na altura dava jeito para a coisa. Também por isso percebo de um modo especial o que me contas. Além da admiração que tenho pelo Zeca (cheguei a ouvi-lo quase no meio da rua logo a seguir ao 25 de Abril de 74)há ainda uma coincidência engraçada...

beijo

Manuel Veiga disse...

um beijo. posso?