
by the way:
as "cobras" rodam por aí, espontaneamente, onde menos se espera ... onde deveriam estar paradas...
imagem: "Rotating snakes" Circular snakes appear to rotate 'spontaneously'
em: http://www.ritsumei.ac.jp/~akitaoka/index-e.html
Composição: Jorge Palma
Os serões habituais
As conversas sempre iguais
Os horóscopos, os signos e ascendentes
Mais a vida da outra sussurrada entre os dentes
Os convites nos olhos embriagados
Os encontros de novo adiados
Nos ouvidos cansados ecoa
A canção de lisboa
Não está só a solidão
Há tristeza e compaixão
Quando sono acalma os corpos agitados
Pela noite atirados contra colções errados
Há o silêncio de quem não ri nem chora
Há divórcio entre o dentro e o fora
E há quem diga que nunca foi boa
A canção de lisboa
Mamã, mamã
Onde estás tu mamã
Nós sem ti não sabemos mamã
Libertar-nos do mal
A urgência de agarrar
Qualquer coisa para mostrar
Que afinal nos também temos mão na vida
Mesmo que seja a custa de a vivermos fingida
O estatuto para impressionar o mundo
Não precisa de ser mais profundo
Que o marasmo que nos atordoa
Ó canção de lisboa
As vielas de néon
As guitarras já sem som
Vão mantendo viva a tradição da fome
Que a memória deturpa e o orgulho consome
Entre o orgasmo e a gruta ainda fria
O abandonado da carne vazia
Cada um no seu canto entoa
A canção de lisboa
Encosta-te a mim,
nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.
Chegado da guerra,
fiz tudo p´ra sobreviver em nome da terra,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem,
não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói,
não quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Encosta-te a mim,
desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.
Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim
Jorge Palma
A formiga no carreiro
Vinha em sentido cantrário
Caiu ao Tejo
Ao pé dum septuagenário
Larpou trepou às tábuas
Que flutuavam nas àguas
E de cima duma delas
Virou-se prò formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro
A formiga no carreiro
Vinha em sentido diferente
Caiu à rua
No meio de toda a gente
Buliu buliu abriu as gâmbias
Para trepar às varandas
E de cima duma delas
Virou-se prò formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro
A formiga no carreiro
Andava a roda da vida
Caiu em cima
Duma espinhela caída
Furou furou à brava
Numa cova que ali estava
E de cima duma delas
Virou-se prò formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro
José Afonso, Album: Venham Mais Cinco Orfeu STAT 017 | 1973 | LP-33 rpm | Gravado no Estúdio Aquarium em Paris de
Músicos: Michel Cron, Alain Noel, André Garradot, Michel Bergés, Janine de Waleyne, Jean Claude Dubois, Jean Claude Naude, Michel Buzon, Michel Grenu, Marcel Perdignon, Michel Delaporte e José Mário Branco
Reeditado em:
1973 | CFE Guimbarda PS 30111 | Espanha
1987 | Movieplay SO 3040
1996 | Movieplay JA 8006
Traz Outro Amigo Também
(José Afonso)
Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também
Em terras
Em todas as fronteiras
Seja benvindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também
Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também
José Afonso, Album Traz Outro Amigo Também
Orfeu STAT 005 | 1970 | LP-33 rpm | Edição Arnaldo Trindade & Cª. Lda, Porto | Capa: José Santa-Bárbara
Músicos: Carlos Correia (Bóris), colaboração de Filipe Colaço
Reeditado em:
1987 | Movieplay "Série Ouro" SO 3038
1996 | Movieplay JA 8003
Coro da Primavera
Cobre-te canalha
Na mortalha
Hoje o rei vai nu
Os velhos tiranos
De há mil anos
Morrem como tu
Abre uma trincheira
Companheira
Deita-te no chão
Sempre à tua frente
Viste gente
Doutra condição
Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
Livra-te do medo
Que bem cedo
Há-de o Sol queimar
E tu camarada
Põe-te em guarda
Que te vão matar
Venham lavradeiras
Mondadeiras
Deste campo em flor
Venham enlaçdas
De mãos dadas
Semear o amor
Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
Venha a maré cheia
Duma ideia
P'ra nos empurrar
Só um pensamento
No momento
P'ra nos despertar
Eia mais um braço
E outro braço
Nos conduz irmão
Sempre a nossa fome
Nos consome
Dá-me a tua mão
Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
José Afonso, Album Cantigas do Maio Orfeu STAT 009 | 1971 | LP-33 rpm | Gravado no Strawberry Studio, Herouville (França), de 11 de Outubro a 4 de Novembro de 1971 | Edição Arnaldo Trindade & Cª. Lda, Porto | Capa: José Santa-Bárbara | Fotografia: Patrick Ulmann | Som e mistura: Gill Sallé e Christian Gence
Músicos: Carlos Correia (Bóris), Michel Delaporte, Christian Padovan, Tony Branis, Jacques Granier, Francisco Fanhais e José Mário Branco
Reeditado em:
1974 | LP Hispavox | Espanha
1974 | LP Vedette Zodiaco VPA 8219 | Itália
1974 | Chante du monde LDX 74558 (Agora Harmonia Mundi) | França
1975 | LP Plane S88 115| Alemanha
1987 | Movieplay "Série Ouro" 3002
1996 | Movieplay JA 8004
1996 | Círculo de Leitores Orlador 2049
2000 | Westpark CD 842282 | ?
Zeca Afonso imagem em: http://www.blogoteca.com/upload/bit/arti/591-12754-a-ZecaAfonso.jpg
nome genérico das substâncias indispensáveis ao crecimento, na sua maior parte fornecidas pela alimentação, com actividades muito diversas, que o organismo não é capaz de sintetisar e cuja carência provoca perturbações características.
hoje (ontem), num espaço inesperado, sintetisei algumas...
como não estou a crescer... é bom para não mirrar ...
O Carnaval sempre foi sinónimo de folia, pândegas e descomedimento. Ainda assim é o Carnaval nos nossos dias. Mas do verdadeiro Entrudo português, caceteiro, ofensivo e muito avinhado, pouco resta. Foi substituído pelo ritmo frenético dos sambas e pelo manear de ancas de baianas, que se fazem estrelas pelos carnavais do mundo. Mas ainda há espaço para a tradição, para os Enterros do Entrudo, as "cacadas" ou "paneladas", os ditos do "botelho", as enfarruscadelas e troças, típicas do velho entrudo que já poucos lembram.