29 fevereiro, 2008

a realidade é o que é?


by the way:
as "cobras" rodam por aí, espontaneamente, onde menos se espera ... onde deveriam estar paradas...


imagem:
"Rotating snakes" Circular snakes appear to rotate 'spontaneously'
em: http://www.ritsumei.ac.jp/~akitaoka/index-e.html

...da minha arca de "num é" ....






um galo oferecido em forma de postal

















um galo vermelho retribuído em forma de cartaz










um galo mimoso ... para desempatar...






imagens:
???????????- Galo de Barcelos
Marc Chagall - Coq rouge
3ª Pablo Picasso- Rooster

vídeo: Sérgio Godinho "O galo é dono dos ovos" do álbum Pano Crú (1978)

28 fevereiro, 2008

doces amigos

em tempos de ASAE's e polícias da saúde
mais papistas do que eu sou para doces,
deixo aqui
"jesuítas e limonetes" da confeitaria Moura em Sto Tirso,
...excelentes

mas ....os verdadeiros doces que eu encontro em Santo Tirso
são os meus amigos....
especialmente a doce M.



27 fevereiro, 2008

prece preocupada (embora atrasada)

...dai-lhes a paz...

_ Menino Deus, Príncipe da Paz, Deus todo Poderoso, lembra-Te do povo de Timor que por Ti foi confiado à minha guarda. Escuta as suas preces, vê o seu sofrimento. Vê como não cessam de Te invocar, mesmo no meio do massacre. Senhor, libertai-os do seu cativeiro, dai-lhes a paz, a justiça, a liberdade. Dai-lhes a plenitude da Vossa graça.

Glória a Ti, Senhor!
in O Anjo de Timor (2003)
Sophia de Mello Breyner Andresen
ilustrações de Graça Morais

26 fevereiro, 2008

saudades de solidariedades



Nota:

houve um tempo em que viajava muito de carro. Associo esta canção a viagens sem fim no meu clio cor de burro quando foge, de porta amolgada e tremelicante mal eu passava dos 110km...
sendo de Lisboa nunca se importou de me acompanhar dias a fio até C.


A Canção de Lisboa

Jorge Palma

Composição: Jorge Palma

Os serões habituais
As conversas sempre iguais
Os horóscopos, os signos e ascendentes
Mais a vida da outra sussurrada entre os dentes
Os convites nos olhos embriagados
Os encontros de novo adiados
Nos ouvidos cansados ecoa
A canção de lisboa

Não está só a solidão
Há tristeza e compaixão
Quando sono acalma os corpos agitados
Pela noite atirados contra colções errados
Há o silêncio de quem não ri nem chora
Há divórcio entre o dentro e o fora
E há quem diga que nunca foi boa
A canção de lisboa

Mamã, mamã
Onde estás tu mamã
Nós sem ti não sabemos mamã
Libertar-nos do mal

A urgência de agarrar
Qualquer coisa para mostrar
Que afinal nos também temos mão na vida
Mesmo que seja a custa de a vivermos fingida
O estatuto para impressionar o mundo
Não precisa de ser mais profundo
Que o marasmo que nos atordoa
Ó canção de lisboa

As vielas de néon
As guitarras já sem som
Vão mantendo viva a tradição da fome
Que a memória deturpa e o orgulho consome
Entre o orgasmo e a gruta ainda fria
O abandonado da carne vazia
Cada um no seu canto entoa
A canção de lisboa

agora a cores e ao vivo

25 fevereiro, 2008

a propósito de uma canção do Jorge Palma

eu não percebo como uma relação que, de uma certa forma, não existe, pode ser tão íntima

imagem: "sombra- janela - muro" de Tinta Azul em: www.aluaflutua.blogspot.com

canção "Encosta-te a mim" de Jorge Palma em : http://www.youtube.com/watch?v=Tu9HPz__3ys

Encosta-te a mim

Encosta-te a mim,
nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.
Chegado da guerra,
fiz tudo p´ra sobreviver em nome da terra,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem,
não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói,
não quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Encosta-te a mim,
desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.
Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim

Jorge Palma




23 fevereiro, 2008

verdes linguagens, anos perpétuos

CARLOS PAREDES

Não são dedos:
são lágrimas.
Não são cordas:
são fios de saudade.
Não é um país: é um coração
que soletra lágrimas
na saudade que temos de nós mesmos.

They are not fingers:
they are tears.
They are not strings:
they are threads of longing.
It is not a country: it is a heart
That spells tears
in the longing we feel for ourselves.

Mia Couto in Movimentos Perpétuos - Textos para Carlosa Paredes, 82

http://www.youtube.com/watch?v=XwhV1ivYNsQ






22 fevereiro, 2008

a formiga no carreiro traz outro amigo também (para o) coro da primavera

A Formiga no Carreiro

A formiga no carreiro
Vinha em sentido cantrário
Caiu ao Tejo
Ao pé dum septuagenário
Larpou trepou às tábuas
Que flutuavam nas àguas
E de cima duma delas
Virou-se prò formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro

A formiga no carreiro
Vinha em sentido diferente
Caiu à rua
No meio de toda a gente
Buliu buliu abriu as gâmbias
Para trepar às varandas
E de cima duma delas
Virou-se prò formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro

A formiga no carreiro
Andava a roda da vida
Caiu em cima
Duma espinhela caída
Furou furou à brava
Numa cova que ali estava
E de cima duma delas
Virou-se prò formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro

José Afonso, Album: Venham Mais Cinco Orfeu STAT 017 | 1973 | LP-33 rpm | Gravado no Estúdio Aquarium em Paris de 10 a 20 de Outubro de 1973 | Som: Gill Sallé | Produção: José Niza | Edição: Arnaldo Trindade & Cª. Lda, Porto | Capa: José Santa-Bárbara
Músicos: Michel Cron, Alain Noel, André Garradot, Michel Bergés, Janine de Waleyne, Jean Claude Dubois, Jean Claude Naude, Michel Buzon, Michel Grenu, Marcel Perdignon, Michel Delaporte e José Mário Branco

Reeditado em:

1973 | CFE Guimbarda PS 30111 | Espanha
1987 | Movieplay
SO 3040
1996 | Movieplay JA 8006


Traz Outro Amigo Também
(José Afonso)

Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também

Em terras
Em todas as fronteiras
Seja benvindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também

Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também

José Afonso, Album Traz Outro Amigo Também
Orfeu STAT 005 | 1970 | LP-33 rpm | Edição Arnaldo Trindade & Cª. Lda, Porto | Capa: José Santa-Bárbara
Músicos: Carlos Correia (Bóris), colaboração de Filipe Colaço
Reeditado em:
1987 | Movieplay "Série Ouro"
SO 3038
1996 | Movieplay JA 8003


Coro da Primavera

Cobre-te canalha
Na mortalha
Hoje o rei vai nu

Os velhos tiranos
De há mil anos
Morrem como tu

Abre uma trincheira
Companheira
Deita-te no chão

Sempre à tua frente
Viste gente
Doutra condição

Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores

Livra-te do medo
Que bem cedo
Há-de o Sol queimar

E tu camarada
Põe-te em guarda
Que te vão matar
Venham lavradeiras
Mondadeiras
Deste campo em flor

Venham enlaçdas
De mãos dadas
Semear o amor

Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores

Venha a maré cheia
Duma ideia
P'ra nos empurrar

Só um pensamento
No momento
P'ra nos despertar

Eia mais um braço
E outro braço
Nos conduz irmão

Sempre a nossa fome
Nos consome
Dá-me a tua mão

Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores

José Afonso, Album Cantigas do Maio Orfeu STAT 009 | 1971 | LP-33 rpm | Gravado no Strawberry Studio, Herouville (França), de 11 de Outubro a 4 de Novembro de 1971 | Edição Arnaldo Trindade & Cª. Lda, Porto | Capa: José Santa-Bárbara | Fotografia: Patrick Ulmann | Som e mistura: Gill Sallé e Christian Gence
Músicos: Carlos Correia (Bóris), Michel Delaporte, Christian Padovan, Tony Branis, Jacques Granier, Francisco Fanhais e José Mário Branco

Reeditado em:
1974 | LP Hispavox | Espanha
1974 | LP Vedette Zodiaco VPA 8219 | Itália
1974 | Chante du monde LDX 74558 (Agora Harmonia Mundi) | França
1975 | LP Plane S88 115| Alemanha

1987 | Movieplay "Série Ouro"
3002
1996 | Movieplay JA 8004
1996 | Círculo de Leitores Orlador 2049
2000 | Westpark CD 842282 | ?





Zeca Afonso imagem em: http://www.blogoteca.com/upload/bit/arti/591-12754-a-ZecaAfonso.jpg

21 fevereiro, 2008

miminho




Chaminé que construísse em minha casa
não seria para sair o fumo, mas para entrar
o céu.

(Dito do avô Celestiano)


Mia Couto, Mar me quer, Ed. Caminho

cheia de heresias

Há cheias de que posso gostar...às vezes é preciso acrescentar a gota de água que faça transbordar o copo do situacionismo!
ENXURRADAS nunca...é que, como ser humano, sinto o dever de NUNCA, mas NUNCA justificar meios duvidosos para atingir fins, por mais "benélovos" que sejam.
Gosto muito da ideia de ideal...já me inquieto bastante com a ideia de utopia...
É que, na prática, no bem bom da acção concreta, foi em nome de utopias (lindíssimas) que se cometeram (d)as maiores barbaridades da história humana.
Em vez de utopia temos distopia...

Um dos filmes que mais me marcou foi o Fahrenheit 451, de François Truffaut, de 1966, com a bela Julie Christie e Oskar Werner e baseado no livro (distópico) com o mesmo nome, de Ray Bradbury.

18 fevereiro, 2008

desejos para a europa e o mundo que é onde fica o Kosovo

e se a moda pega?
(os americanos quiseram...
na ordem actual
dá jeito ter ali uma lança nos balcãs
qualquer dia acontece...como com os talibãs...)

Picasso: Pomba da Paz


16 fevereiro, 2008

um beijo para a minha amiga C. num dia em que as saudades começam

Mãe:
Que desgraça na vida aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil endureceu
Numa linha severa e desenhada?

Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito,
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.

Chamo aos gritos por ti - não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto - sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio.

Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!

Miguel Torga : Diário IV (1949)

Gustav Klimt - Mother and Child
http://www.allposters.com/-sp/Mother-and-Child
detail-from-The-Three-Ages-of-Woman-c-1905-Posters_i825888_.htm

daisies (66)




margaridas
para a minha amiga Margarida
num dia de festa ...








13 fevereiro, 2008

um ar de ...bilhete postal

vou confessar-te uma coisa...
há pouco mais de um ano fui passar um fim de semana alargado a Florença (não preciso de gastar mais palavras...ainda para mais tive sorte com o tempo...tudo perfeito)...
no último dia, antes de virar para o meu hotel para ir buscar a mala e seguir para o aeroporto, olhei de longe (consciente e demoradamente) para a Ponte Vecchio... assim ... a dizer adeus como deve ser...
estava eu neste interlúdio amoroso e grato com a cidade (e o que ela representa)....e... de repente a cabeça fica-me cheia com... O PORTO É TÃO BONITO.
senti-me como se estivesse a trair alguém eheheh
beijos de quarta-feira


imagem Porto em: http://diarioportugal.wordpress.com/2007/10/27/porto/
a imagem é comum, mas .....eu não fotografo... :((

minas de vida

vitamina

nome genérico das substâncias indispensáveis ao crecimento, na sua maior parte fornecidas pela alimentação, com actividades muito diversas, que o organismo não é capaz de sintetisar e cuja carência provoca perturbações características.

hoje (ontem), num espaço inesperado, sintetisei algumas...
como não estou a crescer... é bom para não mirrar ...


imagem: estrutura do ácido ascórbico (eheeh Vitamina C para os amigos)

11 fevereiro, 2008

tempo de amêndoa amarga








hoje estou triste!
por ela...

e
por ele
e
por eles
e
p
or nós!




a música que me apetece para olhar as amendoeiras em flor

http://www.youtube.com/watch?v=mz4dpbk8YBs


foto: amendoeira em flor em Figueira de Castelo Rodrigo




10 fevereiro, 2008

acácias floridas


E não há-de ser por acaso que hoje os meus dois post são referidos às palavras e à música. Duas artes que ele cultivou enquanto pode. Duas artes com que não deu "confiança" ao Parkinson que lhe bateu cedo demais à porta (ele é um ser tão delicado que, até para desfeitear uma doença, usou palavras alinhadas em caligrafia de artista, musica do seu violino e os seus trabalhos em madeira.)... Não tenho um dos seus carrinhos de chá, mas tenho um soneto que me dedicou...

Gosto tanto do meu tio que faz hoje 88 anos!

certa música

http://www.youtube.com/watch?v=AP485C6MZAU


não fui capaz de copiar o vídeo (eu e as minhas limitações com a tecnologia)

mas, ainda assim,
aqui fica um extrato do Klavierkonzert Nº5 "EMPEROR" Concerto, de Beethoven, de que gosto muito
a "versão" que tenho em CD é da Deutsche Grammophon, com a Filarmónica de Viena, dirigida por Karl Boehm e com Maurizio Pollini no piano
(esta versão é o que consegui arranjar no you-Tube)

by the way

a música enche-me de tal modo a alma que sou incapaz de estar a trabalhar e a ouvir música
(quando dava por mim estava mas é a "curti-la")

como não sou entendida,
gosto do que gosto e não do que (dizem que) se deve gostar
mas, isto acontece-me:
com o que leio, com as pinturas que tento ver, com as pessoas com quem me dou...
em relação a afectos (e afectações!)
não abro mão dos meus
critérios ...



renúncias ganhas

Certas palavras

Certas palavras não podem ser ditas
em qualquer lugar e hora qualquer.
Estritamente reservadas
para companheiros de confiança,
devem ser sacralmente pronunciadas
em tom muito especial
lá onde a polícia dos adultos
não divinha nem alcança.

Entretanto são palavras simples:
definem
partes do corpo, movimentos, atos
do viver que só os grandes se permitem
e a nós é defendido por sentença
dos séculos

E tudo proibido. Então, falamos.

Carlos Drummond de Andrade

imagem Pudor em: bocadeincendio.blogspot.com

07 fevereiro, 2008

e bem feitos ...





Mother and Daughter







imagem em http:/.../db/images/Happiness.jpg


exorcismos mal feitos




mãe e filha

05 fevereiro, 2008

das raízes...


CONTEMPLAÇÃO

Num berço de granito
Com a manta do céu
A cobrir-lhe a nudez,
A minha infância dorme.
Nem bruxas nem fadas
A velar-lhe o sono.
No mais puro abandono
Do passado.
Respira docemente,
Enquanto eu, inútil enviado
Do presente,
Sobre ela me debruço,
E soluço.

Miguel Torga, Diário VIII in Antologia Poética Ed Círculo de Leitores, 322


milagres da miopia

Noivado

Estendeu os braços carinhosamente e avançou, de mãos abertas e cheias de ternura.
_ És tu Ernesto meu amor?
Não era. Era o Bernardo.
Isso não os impediu de terem muitos meninos e não serem felizes.
É o que faz a miopia.


Mário Henrique Leiria, in Contos do Gin Tónico, Ed. Estampa, 95.


04 fevereiro, 2008

ó entrudo ó entrudo, ó entrudo chocalheiro, que não deixas assentar as meninas ao soalheiro...

Velho Entrudo

FOTO O Carnaval sempre foi sinónimo de folia, pândegas e descomedimento. Ainda assim é o Carnaval nos nossos dias. Mas do verdadeiro Entrudo português, caceteiro, ofensivo e muito avinhado, pouco resta. Foi substituído pelo ritmo frenético dos sambas e pelo manear de ancas de baianas, que se fazem estrelas pelos carnavais do mundo. Mas ainda há espaço para a tradição, para os Enterros do Entrudo, as "cacadas" ou "paneladas", os ditos do "botelho", as enfarruscadelas e troças, típicas do velho entrudo que já poucos lembram.

Três dias antes da Quarta-feira de cinzas, três dias antes do período de abstinência da Quaresma, é chegada a altura de desforrar os famigerados 40 dias que se seguem. Em todo o mundo, perde-se no tempo a memória da origem, se comemora o Carnaval, o "adeus à carne", com grande pândega, animação e muita troça. É mesmo um período que goza de muita permissividade e afincada sátira à sociedade e aos costumes. O divertimento foi, desde sempre, irreal e utópico. E é assim ainda no Carnaval do nosso tempo. Mas, do verdadeiro Entrudo pouco resta. Tem sido substituído pelas festas do samba e das pernas ao léu, particularmente mal imitadas e desajustadas. Mas ainda resistem algumas celebrações que mantêm a sua singularidade.

Maria João Silva in Terras da Beira, http://www.freipedro.pt/tb/220201/soc1.htm

03 fevereiro, 2008

domingo, 3 de fevereiro de 1963

Era um domingo de Fevereiro
e nevava, nevava, nevava
e no ar pairava um claro mistério além da neve
e a neve do céu deixou um anjo em nossa casa.
PARABÉNS!


02 fevereiro, 2008

antropofagia

Tarcila do Amaral : Antropofagia


No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra

Carlos Drummond de Andrade
(primeiramente publicada em 1928, na Revista de Antropafagia)

...é só p'ra recordar que o tempo passa ....

Fernando Assis Pacheco

Fez ontem dia 1 treze anos que faleceu... Cantei tanto a (e o) Nini dos meus 15 anos, o vestido de organdi (ou a calça de.... nem reparei) , que dançava , dançava... e que olhava só pra mim (ele) e que eu olhava olhava ...e desde então se lembro o seu olhar...é só para recordar ...que o tempo passa e um homem (e uma mulher) se recorda é sempre assim...Nini dançava só para mim....


tristeza acumulada

Pollock: lavende