26 junho, 2009

ruminações (ando farta das sagradas)






Toulouse-Lautrec, H.
la vache enragée
(1896)










AS VACAS TRESMALHADAS

As vacas tresmalhadas pelo asfalto
da cidade fazem fugir quem passa.
Amarelo... Vermelho! Uma atravessa.
É apanhada, seco, dá um salto,

desentranha um mugido e, abatida,
põe nos olhos mansíssimos a vida.
Que pascigo escolheste, amável bicho?
Se não fora o olhar, já eras lixo.

Vaca malhada tresmalhada, vaca
de leite em sangue, atormentado nó
pulsando no asfalto, agora saca
dos misérrimos bofes o seu muuuu

derradeiro. Já sem dor ou protesto,
é da ciddade a vaca mais um resto.

Alexandre O' Neill, poesias completas, INCM, 293


Madredeus, vaca de fogo

À porta
daquela igreja
vai um grande corropio
À volta
duma coisa velha
reina grande confusão
Os putos
já fogem dela
deita o fogo a rebentar
soltaram
uma vaca em chamas
com um homem a guiar

São voltas
Ai amor são voltas
sete voltas
são as voltas da maralha
Ai são voltas
Ai amor são voltas
são as voltas
são as voltas da canalha

No largo
daquela igreja
vive o ser tradicional
à volta
duma coisa velha
e não muda a condição

Pedro Ayres de Magalhães

4 comentários:

Anónimo disse...

Canção do meu 1º ano da Faculdade. Tão linda!

Ana Paula Sena disse...

Olá, md(Sol)!

Deixei ficar um prémio, para ti e Branco no Branco, lá no Catharsis.

Obrigada pela tua companhia, sempre luminosa, terna e de muito bom gosto!

Um beijinho grande :)

lino disse...

O Alexandre bem sabia que vaca (tres)malhada de vermelho e amarelo dá leite laranja azedo. Para felicidade dele e azar nosso não viveu para assistir à primeira e segunda rodadas. Eu espero manter-me por cá uns bons anos e nunca vir a assistir à terceira:))

Duarte disse...

No sete de julho "San Fermín", e os touros correrão pelas ruas de Pamplona, como sempre...
mas o mesmo vai acontecer aqui perto, em Segorbe, mas isto lá para o inicio de setembro,
Todo o verão nas festas das povoações estarão estes animais. Foi assim que um matou o marido da nossa amiga Juani. (:

Beijinhos