25 junho, 2009

e bibó Porto que ontem foi dia de S. João






Casanova, E.
torre dos clérigos
(c.1890)








METAMORFOSE*

Para a minha alma eu queria uma torre como esta,
assim alta,
assim de névoa acompanhando o rio.

Estou tão longe da margem que as pessoas passam
e as luzes se reflectem na água.

E, contudo, a margem não pertence ao rio
nem o rio está em mim como a torre estaria
se eu a soubesse ter...
...................................uma luz desce o rio
...................................gente passa e não sabe
que eu quero uma torre tão alta que as aves não passem
......................................................as nuvens não passem
......................................................tão alta tão alta
que a solidão possa tornar-se humana.

Jorge de Sena, Metamorfose, Coroa da Terra (1946), Poesia I, Moraes, Lisboa, 1977

* Segundo Mécia de Sena, o poema Metamorfose refere-se à Torre dos Clérigos


Frei Fado d' El Rei, deusa de azul
(ora ouçam este grupo do Porto, sem preconceito quanto à cor e à realeza:)))

7 comentários:

jrd disse...

Em síntese ;), gostei do poema, muito; da música e, claro, do sorriso.

meus instantes e momentos disse...

beijos minha linda.
Adorei esse comentario aí de cima, e concordo(??)rsrs.
Maurizio

Daniel Santos disse...

e muito bem!

vbm disse...

Belo!

Sena,
a Torre,
a Canção.



Já os caracteres chineses,
por cativante que seja
o desenho da grafia,
o hermetismo
desvelado
no babel
fish

exibe uma semântica
sem sentido.

Luna disse...

Gostei muito do poema,existem grupos musicais de grande qualidade
Namastê

cristal disse...

Muito linda a múxica. Não conhecia.

Duarte disse...

Não conhecia e gostei...