14 março, 2007

A menina de sua mãe

Desde que começaram a vir a lume (hum gosto da expressão: vir a lume) casos de maus tratos, de mortes estranhas de crianças, etc...que se foi formando em mim uma convicção acerca dos "senhores da segurança social". Claro que sei que todas as generalizações são abusivas. Claro que sei que nunca estudei o assunto a fundo e me limito a intuir com base no que consigo perceber a partir da limitada informação que sai da comunicação social. Claro que....
Ressalvas feitas, o que ressalta da minha convicção acerca da Seg. Social? Um modo de funcionar burocrático e cheio de rodriguinhos pouco compatíveis com a natureza da função, com as características da actividade. Nota-se, nomeadamente pelos penteados das senhoras e pelas gravatas dos senhores. Que me lembram demasiado as alcatifas dos gabinetes e sugerem mais calos esferográficos nos dedos das mãos (agora mais calos computacionais) do que calos nos dedos dos pés e solas gastas onde as coisas acontecem (1). (É possível que o "sistema" estimule isto. Não digo que não.)

Então não é que a Segurança Social foi apanhada desprevenida com a rapidez da decisão do sistema judicial relativamente à menina raptada no Hospital de Penafiel?
...Que não pode ser assim... Que é uma família de risco... Que é preciso tempo...Que não estavam à espera de uma decisão tão rápida...
Mas não é uma família de risco desde há muito tempo? Não o sabem, pelo menos, desde que a menina foi raptada?
Será que uma mãe pobre sofre menos do que uma mãe que o não é?
Uma coisa é a entrada da menina na sua família não ser imediata porque é melhor para a menina fazer uma transição menos abrupta (e decerto a mãe sustem a sua angústia se isso for bom para a filha) outra coisa, bem diferente, é a menina não poder ir para a sua família porque é preciso tempo para criar condições de habitabilidade na casa, etc. etc. etc....

(1) Há um aspecto que eu sinto mas não sei explicar muito bem. Tem a ver com a formação inicial dos "técnicos" da Seg. Social e com a cultura que se vive nas instituições que ministram essa formação inicial. Mal seria que, de avanço em avanço para se formarem licenciados (leia-se Dr's) em escolas mui superiores em que os docentes têm de fazer carreira académica (huggggg), se chegasse a um conjunto de pessoas para quem o trabalho no campo... é desinteressante, suja muito e é desagradável, entre outras coisas "derivado" ao nível das pessoas com quem tem de se conversar.
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