"O VIL
O vil não é simplesmente um medroso. Existem pessoas que, face a um perigo, tremem, ficam dominadas pelo pânico. Pessoas que se assustam de cada vez que têm de tomar uma decisão. Mas destas pessoas dizemos que são medrosas, frágeis.
O vil* , pelo contrário, pode ser hábil, astuto, capaz de tomar decisões rápidas, mas só quando são a seu favor, para reforçar o seu prestígio, o seu poder, a sua segurança. Torna-se preguiçoso, assustadiço, cobarde apenas quando tem de lutar por algo que não diz respeito à sua pessoa, quando tem de ir em socorro de alguém em perigo. Então cala-se, esconde-se, pior, enfurece-se com ele.
A característica principal do vil é a de mandar fazer aos outros as coisas arriscadas. Depois, em vez de ajudá-los, defendê-los, deita-os às feras que são os inimigos, faz recair sobre ele as culpas todas.
... O vil é um egoísta cínico que tira vantagem da iniciativa e da coragem dos outros e sacrifica-os assim que está em jogo a sua própria segurança. Tem medo de perder as suas comodidades, os seus privilégios, o seu prestígio. Tem medo das pessoas activas e que perseguem um ideal. Odeia-as porque lhe lembram a sua preguiça moral e porque as considera perigosos concorrentes se forem apreciadas, admiradas, amadas pelos outros. Suporta-as enquanto lhe forem úteis, mas anseia por ver-se livre delas.
A sociedade está cheia de vis que ocupam posições de poder. Isto contrasta com o que as pessoas gostariam.
... o vil nunca arrisca seja o que for. Avança com prudência e astúcia. Manda os outros para a frente e depois fica com o mérito se as coisas correrem bem. E descarrega sobre eles quando as coisas correm mal. Dado que teme as pessoas inteligentes e activas, mantém-nas de lado e faz-lhes a vida difícil. Utiliza-as quando lhe são úteis, mas faz tudo para enfraquecê-las assim que começam a ter algum crédito e prestígio. Faz-lhes promessas em privado que depois nega em público. Pouco a pouco desgasta-as, esgota-as. Rodeia-se de cortesãos servis. Desta forma mantem-se sempre no poder, sempre em cima. O preço é pago por todos os outros. Numa empresa os melhores vão-se embora, assim vai vivendo ou vai à falência. Se for um político pagam os cidadãos."
in "Tenham coragem" de Francesco Alberoni, pp.88/89 (excertos).
*(e a vilã, acrescento eu)
Como se vê não sou a autora do texto atrás transcrito. Não teria engenho para o fazer. Mas uma coisa é certa...o Alberoni descreve, com uma precisão que arrepia, umas criaturas bem concretas, que há uns anos se atravessaram na minha vida. É tudo tão exacto.... até na parte em que vim (viemos) embora.
Acresce que, as criaturas em questão, combinam outras caraterísticas (utilizando ainda a caracterização do Alberoni para as "formas de existência erradas"):
Uma: vil + que rouba energia + que não sabe fazer a paz + centralizadora + predadora + aquela que conspira.
Outro: vil + que não sabe fazer a paz + agressivo + psicoinstável.
Outro: assim tipo que faz papel de "jagunço" com ares de coronel só porque os que assim se entendem lhe dão a esmola de lhe destinar esse papel - de jagunço (claro que esta caracterização não cabe nas categorias do Alberoni, mas há gente que, de tão servil nem pinta tem para ser vil por conta própria).
Viver isto assim já é, em si, grave, muito grave! Mas há outro aspecto que me dói muito além do prejuízo pessoal que possa ter tido (e se houve danos...). Existirem instituições públicas, supostamente cheias de pergaminhos (mesmo os conferidos pela história) onde se permite o exercício descarado e prolongado desta vilania. Instituições cuja MISSÃO é por demais elevada. O que eu vi foi Omissão, DEmissão, PERmissão e mais coisas não terminadas em ão mas que continuam a não rimar com um exercício cidadão...
Nota final: numa altura em que toda a gente bate no sistema judicial, a bem da verdade há que dizer que ainda foi aí que as coisas funcionaram. E, como se diz na minha aldeia, pelo menos "sentam o cú no mocho". A douta instituição só acordou estremunhada quando um sistema exterior produziu uma acusação...
Ah! como é deduzível da caracterização feita atrás a vilã "prescindiu" de prestar declarações. Bate tudo certo ó Alberoni.
O vil não é simplesmente um medroso. Existem pessoas que, face a um perigo, tremem, ficam dominadas pelo pânico. Pessoas que se assustam de cada vez que têm de tomar uma decisão. Mas destas pessoas dizemos que são medrosas, frágeis.
O vil* , pelo contrário, pode ser hábil, astuto, capaz de tomar decisões rápidas, mas só quando são a seu favor, para reforçar o seu prestígio, o seu poder, a sua segurança. Torna-se preguiçoso, assustadiço, cobarde apenas quando tem de lutar por algo que não diz respeito à sua pessoa, quando tem de ir em socorro de alguém em perigo. Então cala-se, esconde-se, pior, enfurece-se com ele.
A característica principal do vil é a de mandar fazer aos outros as coisas arriscadas. Depois, em vez de ajudá-los, defendê-los, deita-os às feras que são os inimigos, faz recair sobre ele as culpas todas.
... O vil é um egoísta cínico que tira vantagem da iniciativa e da coragem dos outros e sacrifica-os assim que está em jogo a sua própria segurança. Tem medo de perder as suas comodidades, os seus privilégios, o seu prestígio. Tem medo das pessoas activas e que perseguem um ideal. Odeia-as porque lhe lembram a sua preguiça moral e porque as considera perigosos concorrentes se forem apreciadas, admiradas, amadas pelos outros. Suporta-as enquanto lhe forem úteis, mas anseia por ver-se livre delas.
A sociedade está cheia de vis que ocupam posições de poder. Isto contrasta com o que as pessoas gostariam.
... o vil nunca arrisca seja o que for. Avança com prudência e astúcia. Manda os outros para a frente e depois fica com o mérito se as coisas correrem bem. E descarrega sobre eles quando as coisas correm mal. Dado que teme as pessoas inteligentes e activas, mantém-nas de lado e faz-lhes a vida difícil. Utiliza-as quando lhe são úteis, mas faz tudo para enfraquecê-las assim que começam a ter algum crédito e prestígio. Faz-lhes promessas em privado que depois nega em público. Pouco a pouco desgasta-as, esgota-as. Rodeia-se de cortesãos servis. Desta forma mantem-se sempre no poder, sempre em cima. O preço é pago por todos os outros. Numa empresa os melhores vão-se embora, assim vai vivendo ou vai à falência. Se for um político pagam os cidadãos."
in "Tenham coragem" de Francesco Alberoni, pp.88/89 (excertos).
*(e a vilã, acrescento eu)
Como se vê não sou a autora do texto atrás transcrito. Não teria engenho para o fazer. Mas uma coisa é certa...o Alberoni descreve, com uma precisão que arrepia, umas criaturas bem concretas, que há uns anos se atravessaram na minha vida. É tudo tão exacto.... até na parte em que vim (viemos) embora.
Acresce que, as criaturas em questão, combinam outras caraterísticas (utilizando ainda a caracterização do Alberoni para as "formas de existência erradas"):
Uma: vil + que rouba energia + que não sabe fazer a paz + centralizadora + predadora + aquela que conspira.
Outro: vil + que não sabe fazer a paz + agressivo + psicoinstável.
Outro: assim tipo que faz papel de "jagunço" com ares de coronel só porque os que assim se entendem lhe dão a esmola de lhe destinar esse papel - de jagunço (claro que esta caracterização não cabe nas categorias do Alberoni, mas há gente que, de tão servil nem pinta tem para ser vil por conta própria).
Viver isto assim já é, em si, grave, muito grave! Mas há outro aspecto que me dói muito além do prejuízo pessoal que possa ter tido (e se houve danos...). Existirem instituições públicas, supostamente cheias de pergaminhos (mesmo os conferidos pela história) onde se permite o exercício descarado e prolongado desta vilania. Instituições cuja MISSÃO é por demais elevada. O que eu vi foi Omissão, DEmissão, PERmissão e mais coisas não terminadas em ão mas que continuam a não rimar com um exercício cidadão...
Nota final: numa altura em que toda a gente bate no sistema judicial, a bem da verdade há que dizer que ainda foi aí que as coisas funcionaram. E, como se diz na minha aldeia, pelo menos "sentam o cú no mocho". A douta instituição só acordou estremunhada quando um sistema exterior produziu uma acusação...
Ah! como é deduzível da caracterização feita atrás a vilã "prescindiu" de prestar declarações. Bate tudo certo ó Alberoni.
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