A revolta de 31 de Janeiro de 1891 foi a primeira tentativa de implantação do regime republicano em Portugal. A revolta do Porto foi um "prólogo" do que haveria de acontecer em 1910...
Existe uma rua no Porto que muitos continuam a chamar de Santo António. Já o foi, já deixou de o ser, já voltou a sê-lo, agora não é mais. Mudou pela primeira vez de nome em 1910 e recuperou a toponímia religiosa em 1940. Por fim, abandonou-a algures após o 25 de Abril. Hoje chama-se Rua 31 de Janeiro, tal como a baptizaram na I República. Mas há quem ainda insista no nome do santo...
31 janeiro, 2007
25 janeiro, 2007
Eusébio
O Eusébio faz hoje anos.
(Declaração de interesses): Não sou benfiquista nem especial adepta de futebol. Gosto de desporto por motivos que não se esgotam no espectáculo de profissionais.
Em 1990 eu estudava fora do país. Num tempo em que Portugal contava ainda menos nos países da "Europa". Num Sábado esperava alguém que me ia buscar à residência de estudantes para passar o fim de semana fora. Para facilitar desci do meu apartamento e esperei no átrio. Nesse átrio "morava" um "mendigo" que recorrentemente fugia à segurança social para se albergar naquele espaço quente e onde o convívio com os estudantes que ocupavam os 25 andares do prédio lhe permitia viver. Era um homem gasto pela vida e permanentemente ébrio. Saído do seu torpor interpelou-me quanto à minha nacionalidade. Para evitar conversa (eu mal entendia o que ele dizia) respondi-lhe que adivinhasse. Ele levou a sério e foi dizendo...italiana, espanhola, turca, grega, iraniana, jugoslava, francesa,...Às tantas, o meu metro e sessenta moreno, cabelos e olhos castanhos, já dava para ser holandesa, sueca e sei lá que mais. Portuguesa? Nada... De repente dei comigo quase furiosa. A minha vontade de o entreter com o exercício de adivinhação, foi completamente virada por um assomo de "patriotismo" que nem eu mesma sabia que tinha e que, convenhamos, naquela circunstância seria completamente inútil. Segura de mim, disse bem alto: SOU PORTUGUESA, DE PORTUGAL! Sabe?
Soergueu-se um pouco da cadeira de baloiço onde pernoitava e passava os dias a beber cerveja e ronronou absorto...Ah! Benfica, Eusébio...
(Declaração de interesses): Não sou benfiquista nem especial adepta de futebol. Gosto de desporto por motivos que não se esgotam no espectáculo de profissionais.
Em 1990 eu estudava fora do país. Num tempo em que Portugal contava ainda menos nos países da "Europa". Num Sábado esperava alguém que me ia buscar à residência de estudantes para passar o fim de semana fora. Para facilitar desci do meu apartamento e esperei no átrio. Nesse átrio "morava" um "mendigo" que recorrentemente fugia à segurança social para se albergar naquele espaço quente e onde o convívio com os estudantes que ocupavam os 25 andares do prédio lhe permitia viver. Era um homem gasto pela vida e permanentemente ébrio. Saído do seu torpor interpelou-me quanto à minha nacionalidade. Para evitar conversa (eu mal entendia o que ele dizia) respondi-lhe que adivinhasse. Ele levou a sério e foi dizendo...italiana, espanhola, turca, grega, iraniana, jugoslava, francesa,...Às tantas, o meu metro e sessenta moreno, cabelos e olhos castanhos, já dava para ser holandesa, sueca e sei lá que mais. Portuguesa? Nada... De repente dei comigo quase furiosa. A minha vontade de o entreter com o exercício de adivinhação, foi completamente virada por um assomo de "patriotismo" que nem eu mesma sabia que tinha e que, convenhamos, naquela circunstância seria completamente inútil. Segura de mim, disse bem alto: SOU PORTUGUESA, DE PORTUGAL! Sabe?
Soergueu-se um pouco da cadeira de baloiço onde pernoitava e passava os dias a beber cerveja e ronronou absorto...Ah! Benfica, Eusébio...
Sinal dos tempos
.
"sim, faz mau tempo, mas é melhor que faça mau tempo do que não faça nenhum"...
anciã russa
Recordo esta frase quase absurda a propósito de uma conferência a que assisti ontem à tarde e que pôs muita gente de "cara à banda" perante as mudanças anunciadas. É que a gente tem de se agarrar a alguma coisinha...
"sim, faz mau tempo, mas é melhor que faça mau tempo do que não faça nenhum"...
anciã russa
Recordo esta frase quase absurda a propósito de uma conferência a que assisti ontem à tarde e que pôs muita gente de "cara à banda" perante as mudanças anunciadas. É que a gente tem de se agarrar a alguma coisinha...
24 janeiro, 2007
"estória" para crianças (independentemente do número de anos que tenham vivido)
Um miúdo de cinco anos, com a cara lavada em lágrimas e um ar visivelmente perturbado, dava repetidamente voltas ao mesmo quarteirão de um bairro de Londres, transportando ao ombro um pequeno saco.
Um polícia que reparou na cena, aproximou-se dele e perguntou-lhe o que é que se passava, se poderia ajudá-lo nalguma coisa.
_Fugi de casa - respondeu o miúdo - mas o meu pai proibiu-me de atravessar a rua sozinho.
"estória" contada por R.D. Laing
Um polícia que reparou na cena, aproximou-se dele e perguntou-lhe o que é que se passava, se poderia ajudá-lo nalguma coisa.
_Fugi de casa - respondeu o miúdo - mas o meu pai proibiu-me de atravessar a rua sozinho.
"estória" contada por R.D. Laing
23 janeiro, 2007
Ficções úteis
A capacidade intelectual mais positiva do homem é o proveito que sabe tirar da sua ignorância. Pois a ignorância é a mais extensa e intensa produção teórica do homem, e aprender a utilizar essa imensa riqueza, redistribuída convenientemente, invertê-la, usá-la como carburante ou como chamariz é uma tarefa fundamentalmente civilizadora. Ninguém é mais bárbaro do que aquele que só conhece a utilidade do conhecimento certo e inatacável: está-lhe proibido tudo o que há de maior, de mais arriscado, de mais eficaz, no terreno do espírito.
A única definição completa de sabedoria é: arte de empregar bem a ignorância. Ciência geral do adequado uso dos nossos erros.
F. Savater " O conteúdo da felicidade".
PS. Será por ter este entendimento das coisas (mesmo sem o saber), que nunca gostei de fanfarrões e de gente que se leva demasiado a sério tal como está?
A única definição completa de sabedoria é: arte de empregar bem a ignorância. Ciência geral do adequado uso dos nossos erros.
F. Savater " O conteúdo da felicidade".
PS. Será por ter este entendimento das coisas (mesmo sem o saber), que nunca gostei de fanfarrões e de gente que se leva demasiado a sério tal como está?
21 janeiro, 2007
Pai versus espermatozóide.
Ainda a propósito do caso do senhor que foi preso por causa da criança....
Independentemente de existirem (ou não) aspectos que não passam para a opinião pública e, portanto, as coisas poderem ser um tanto diferentes daquilo que tem sido apresentado, na substância mantenho o que já disse. Não entendo processos que conduzem à prisão de um pai porque se "deve" entregar a criança a um espermatozóide.
Independentemente de existirem (ou não) aspectos que não passam para a opinião pública e, portanto, as coisas poderem ser um tanto diferentes daquilo que tem sido apresentado, na substância mantenho o que já disse. Não entendo processos que conduzem à prisão de um pai porque se "deve" entregar a criança a um espermatozóide.
19 janeiro, 2007
risco o disco do fisco que é muito pisco e tem cisco com visco
Ouvi agora na televisão que qualquer doação acima de 500 euros feita a familiares tem de ser declarada às finanças.
Não sei se é para rir ... A mãe dá 500 euros ao filho para ele ir de férias e tungas! Antes de receber notícias de como chegou ao destino, corre pressurosa para as finanças declarar a doação. Poderíamos acrescentar quantos exemplos????
As finanças ou seja, o estado não tem nada mais importante com que se preocupar mesmo neste capítulo restrito dos impostos?
Apetecia-me propor o seguinte: cada um, na sua família, com os seus amigos ....organize-se! Combinem uma doação em cadeia e, quando todos tiverem o cheque na mão, corram para as finanças e ....entupam os serviços!
Não sei se é para rir ... A mãe dá 500 euros ao filho para ele ir de férias e tungas! Antes de receber notícias de como chegou ao destino, corre pressurosa para as finanças declarar a doação. Poderíamos acrescentar quantos exemplos????
As finanças ou seja, o estado não tem nada mais importante com que se preocupar mesmo neste capítulo restrito dos impostos?
Apetecia-me propor o seguinte: cada um, na sua família, com os seus amigos ....organize-se! Combinem uma doação em cadeia e, quando todos tiverem o cheque na mão, corram para as finanças e ....entupam os serviços!
Por onde anda Salomão?
O senhor que preferiu ser preso, a mulher do senhor que preferiu ser preso (e que anda fugida a uma vida tranquila a que naturalmente tem direito) são o rosto actual da mãe que, perante a possibilidade de ver o seu filho morto numa partilha proposta por Salomão, para garantir a vida do filho foi ao extremo de prescindir dele.
A diferença aqui está mesmo em quem julga. Enquanto Salomão utilizou o seu poder para tentar aferir qual era a "verdadeira" mãe, propondo um instrumento extremo, mas tirando conclusões relativamente ao que importa, agora assistimos a uma utilização dos instrumentos legais não para concluir relativamente ao que importa, mas para cumprir o formalismo dos meios alienando a finalidade que esses mesmos meios deveriam servir.
Em 4 de janeiro coloquei aqui um post em que dizia: "In science as in love a concentration on technique is quite likely to lead to impotence" (Berger 1976)
Ó yehhh!
(já para não falar dos autênticos "coitos interrompidos" de que certas conclusões parecem resultar...).
Quase estou tentada a parafrasear dizendo: em ciência, no amor, na justiça, .....concentrarmo-nos na técnica leva-nos à impotência.........
A diferença aqui está mesmo em quem julga. Enquanto Salomão utilizou o seu poder para tentar aferir qual era a "verdadeira" mãe, propondo um instrumento extremo, mas tirando conclusões relativamente ao que importa, agora assistimos a uma utilização dos instrumentos legais não para concluir relativamente ao que importa, mas para cumprir o formalismo dos meios alienando a finalidade que esses mesmos meios deveriam servir.
Em 4 de janeiro coloquei aqui um post em que dizia: "In science as in love a concentration on technique is quite likely to lead to impotence" (Berger 1976)
Ó yehhh!
(já para não falar dos autênticos "coitos interrompidos" de que certas conclusões parecem resultar...).
Quase estou tentada a parafrasear dizendo: em ciência, no amor, na justiça, .....concentrarmo-nos na técnica leva-nos à impotência.........
18 janeiro, 2007
strong minds
"It requires very strong minds to resist the temptation of superficial explanations"
A. EINSTEIN (sem a língua de fora!!!!)
A. EINSTEIN (sem a língua de fora!!!!)
17 janeiro, 2007
Meta-blogue: Reflexão 2 em 1 como os shampôs modernos
ando a fazer isto demasiado pessoal por isso vou tentar ser menos temporal não importa a razão
1) Ando a fazer isto demasiado pessoal. Por isso, vou tentar ser menos temporal, não importa a razão.
2) Ando a fazer isto. Demasiado, pessoal! Por isso, vou tentar ser menos. Temporal não importa a razão.
15 janeiro, 2007
Título? Algum espanto
Fico muito contente quando o poder político é receptivo e concretiza na legislação que produz as propostas sensatas que lhe são feitas com espírito de colaboração .
Bem se diz que o que AINDA NÃO SOMOS pode sempre ser de maneira diferente quando nos empenhamos e não adoptamos uma atitude de bota abaixo desesperançada.
valeu!
Bem se diz que o que AINDA NÃO SOMOS pode sempre ser de maneira diferente quando nos empenhamos e não adoptamos uma atitude de bota abaixo desesperançada.
valeu!
14 janeiro, 2007
(DES) Encontro fatal
Encontro das Águas
Fenómeno natural provocado pela confluência das águas escuras do Rio Negro com as águas pardas do rio Solimões, que se juntam para formar o Rio Amazonas. Por uma extensão de 6 km, as águas dos dois rios correm lado a lado sem se misturarem. Esse fenómeno ocorre por haver uma grande diferença entre as temperaturas e densidade das águas e a velocidade das suas correntezas. O Rio Negro corre cerca de 2 km/h a uma temperatura de 22ºC, enquanto o Solimões corre de 4 a 6 km/h, a uma temperatura de 28ºC.
O rio Negro não possui sedimentação em suspensão e, devido à escassez da microfauna, falta alimento para os peixes, que são poucos. Na época da cheia suas águas negras inundam as florestas baixas formando os igapós. Suas cabeceiras situam-se no Platô Guianense, em formações cristalinas pobres em cátions – por isso, suas águas são ácidas e de pouquíssima fertilidade.
O Rio Solimões nasce na região Andina (Sul do Peru) e carreia sedimentos trazidos da Cordilheira dos Andes e das demais regiões por onde passam.
Já o Rio Amazonas nasce da confluência do Rio Negro com o Rio Solimões em Manaus – fenômeno conhecido como o “Encontro das Águas”, no qual as águas escuras do Negro se encontram com as águas brancas do Solimões e não se misturam, percorrendo lado a lado cerca de 6 quilômetros até se misturarem, formando o Rio Amazonas que deságua no Oceano Atlântico. Os rios de águas brancas são os mais generosos para com a vida na floresta. Nas enchentes, esses Rios depositam no solo os sedimentos argilosos em suspensão recolhidos ao longo do caminho, erodindo encostas e formando ilhas fluviais. Suas águas ricas em cálcio, potássio, sódio, magnésio e outros metais, são chamadas de brancas, sendo os rios mais piscosos. Na cheia, tanto o Rio Solimões quanto o Amazonas inundam as planícies e vales formando as florestas inundadas de várzea. Esses dois rios (e muitos outros) influenciam grandemente a distribuição geográfica de espécies da Amazônia. Nós podemos encontrar em margens opostas de um mesmo tipo de floresta, espécies distintas tanto de aves como de outros vertebrados, bem como diferentes raças geográficas. A formação de ilhas fluviais e o isolamento da fauna, por rios e por essas ilhas possibilitaram o processo de especiação – origem de espécies distintas, restritas a esse tipo de habitat – processo que ocorreu também na margem direita do Rio Amazonas.
Comentário: O Rio Negro e o Rio Solimões são diferentes. Por isso não se misturam durante 6 km. Depois resolvem entender-se para formarem um novo Rio, importante, dos maiores do mundo.
Eu durante 6 anos corri lado a lado com gente sem me misturar. A impossibilidade da mistura obrigou-me a ter de ir correr para outro lado.
A diferença que impediu a mistura não pode agora deixar de ser evidente.
Fenómeno natural provocado pela confluência das águas escuras do Rio Negro com as águas pardas do rio Solimões, que se juntam para formar o Rio Amazonas. Por uma extensão de 6 km, as águas dos dois rios correm lado a lado sem se misturarem. Esse fenómeno ocorre por haver uma grande diferença entre as temperaturas e densidade das águas e a velocidade das suas correntezas. O Rio Negro corre cerca de 2 km/h a uma temperatura de 22ºC, enquanto o Solimões corre de 4 a 6 km/h, a uma temperatura de 28ºC.
O rio Negro não possui sedimentação em suspensão e, devido à escassez da microfauna, falta alimento para os peixes, que são poucos. Na época da cheia suas águas negras inundam as florestas baixas formando os igapós. Suas cabeceiras situam-se no Platô Guianense, em formações cristalinas pobres em cátions – por isso, suas águas são ácidas e de pouquíssima fertilidade.
O Rio Solimões nasce na região Andina (Sul do Peru) e carreia sedimentos trazidos da Cordilheira dos Andes e das demais regiões por onde passam.
Já o Rio Amazonas nasce da confluência do Rio Negro com o Rio Solimões em Manaus – fenômeno conhecido como o “Encontro das Águas”, no qual as águas escuras do Negro se encontram com as águas brancas do Solimões e não se misturam, percorrendo lado a lado cerca de 6 quilômetros até se misturarem, formando o Rio Amazonas que deságua no Oceano Atlântico. Os rios de águas brancas são os mais generosos para com a vida na floresta. Nas enchentes, esses Rios depositam no solo os sedimentos argilosos em suspensão recolhidos ao longo do caminho, erodindo encostas e formando ilhas fluviais. Suas águas ricas em cálcio, potássio, sódio, magnésio e outros metais, são chamadas de brancas, sendo os rios mais piscosos. Na cheia, tanto o Rio Solimões quanto o Amazonas inundam as planícies e vales formando as florestas inundadas de várzea. Esses dois rios (e muitos outros) influenciam grandemente a distribuição geográfica de espécies da Amazônia. Nós podemos encontrar em margens opostas de um mesmo tipo de floresta, espécies distintas tanto de aves como de outros vertebrados, bem como diferentes raças geográficas. A formação de ilhas fluviais e o isolamento da fauna, por rios e por essas ilhas possibilitaram o processo de especiação – origem de espécies distintas, restritas a esse tipo de habitat – processo que ocorreu também na margem direita do Rio Amazonas.
Retirado da Wikipédia.
Comentário: O Rio Negro e o Rio Solimões são diferentes. Por isso não se misturam durante 6 km. Depois resolvem entender-se para formarem um novo Rio, importante, dos maiores do mundo.
Eu durante 6 anos corri lado a lado com gente sem me misturar. A impossibilidade da mistura obrigou-me a ter de ir correr para outro lado.
A diferença que impediu a mistura não pode agora deixar de ser evidente.
05 janeiro, 2007
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"Os que teriam preferido um Diário de Adriano a Memórias de Adriano esquecem que o homem de acção raramente escreve o seu diário: é quase sempre mais tarde, do fundo de um período de inactividade, que ele recorda, anota e, na maior parte dos casos, se espanta."
Pois é.... um homem de acção não escreve diários. Espanta-se, mais tarde, com o que realizou no tempo em que não esteve a escrever diários!
Estou quase a sentir-me mal!
Quideiafinaleusoumamulhereistonuméumdiáriomasumblog quécoisaquenãoexistiaquandoaMargueriteYourcenardissisto!
Às vezes sobressalto-me mesmo à toa !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
"Os que teriam preferido um Diário de Adriano a Memórias de Adriano esquecem que o homem de acção raramente escreve o seu diário: é quase sempre mais tarde, do fundo de um período de inactividade, que ele recorda, anota e, na maior parte dos casos, se espanta."
Marguerite Yourcenar in Apontamentos sobre as Memórias de Adriano.
Pois é.... um homem de acção não escreve diários. Espanta-se, mais tarde, com o que realizou no tempo em que não esteve a escrever diários!
Estou quase a sentir-me mal!
Quideiafinaleusoumamulhereistonuméumdiáriomasumblog quécoisaquenãoexistiaquandoaMargueriteYourcenardissisto!
Às vezes sobressalto-me mesmo à toa !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Onde é que eu já "vi" e "vivi" as consequências disto?
.
"O VIL
O vil não é simplesmente um medroso. Existem pessoas que, face a um perigo, tremem, ficam dominadas pelo pânico. Pessoas que se assustam de cada vez que têm de tomar uma decisão. Mas destas pessoas dizemos que são medrosas, frágeis.
O vil* , pelo contrário, pode ser hábil, astuto, capaz de tomar decisões rápidas, mas só quando são a seu favor, para reforçar o seu prestígio, o seu poder, a sua segurança. Torna-se preguiçoso, assustadiço, cobarde apenas quando tem de lutar por algo que não diz respeito à sua pessoa, quando tem de ir em socorro de alguém em perigo. Então cala-se, esconde-se, pior, enfurece-se com ele.
A característica principal do vil é a de mandar fazer aos outros as coisas arriscadas. Depois, em vez de ajudá-los, defendê-los, deita-os às feras que são os inimigos, faz recair sobre ele as culpas todas.
... O vil é um egoísta cínico que tira vantagem da iniciativa e da coragem dos outros e sacrifica-os assim que está em jogo a sua própria segurança. Tem medo de perder as suas comodidades, os seus privilégios, o seu prestígio. Tem medo das pessoas activas e que perseguem um ideal. Odeia-as porque lhe lembram a sua preguiça moral e porque as considera perigosos concorrentes se forem apreciadas, admiradas, amadas pelos outros. Suporta-as enquanto lhe forem úteis, mas anseia por ver-se livre delas.
A sociedade está cheia de vis que ocupam posições de poder. Isto contrasta com o que as pessoas gostariam.
... o vil nunca arrisca seja o que for. Avança com prudência e astúcia. Manda os outros para a frente e depois fica com o mérito se as coisas correrem bem. E descarrega sobre eles quando as coisas correm mal. Dado que teme as pessoas inteligentes e activas, mantém-nas de lado e faz-lhes a vida difícil. Utiliza-as quando lhe são úteis, mas faz tudo para enfraquecê-las assim que começam a ter algum crédito e prestígio. Faz-lhes promessas em privado que depois nega em público. Pouco a pouco desgasta-as, esgota-as. Rodeia-se de cortesãos servis. Desta forma mantem-se sempre no poder, sempre em cima. O preço é pago por todos os outros. Numa empresa os melhores vão-se embora, assim vai vivendo ou vai à falência. Se for um político pagam os cidadãos."
in "Tenham coragem" de Francesco Alberoni, pp.88/89 (excertos).
*(e a vilã, acrescento eu)
Como se vê não sou a autora do texto atrás transcrito. Não teria engenho para o fazer. Mas uma coisa é certa...o Alberoni descreve, com uma precisão que arrepia, umas criaturas bem concretas, que há uns anos se atravessaram na minha vida. É tudo tão exacto.... até na parte em que vim (viemos) embora.
Acresce que, as criaturas em questão, combinam outras caraterísticas (utilizando ainda a caracterização do Alberoni para as "formas de existência erradas"):
Uma: vil + que rouba energia + que não sabe fazer a paz + centralizadora + predadora + aquela que conspira.
Outro: vil + que não sabe fazer a paz + agressivo + psicoinstável.
Outro: assim tipo que faz papel de "jagunço" com ares de coronel só porque os que assim se entendem lhe dão a esmola de lhe destinar esse papel - de jagunço (claro que esta caracterização não cabe nas categorias do Alberoni, mas há gente que, de tão servil nem pinta tem para ser vil por conta própria).
Viver isto assim já é, em si, grave, muito grave! Mas há outro aspecto que me dói muito além do prejuízo pessoal que possa ter tido (e se houve danos...). Existirem instituições públicas, supostamente cheias de pergaminhos (mesmo os conferidos pela história) onde se permite o exercício descarado e prolongado desta vilania. Instituições cuja MISSÃO é por demais elevada. O que eu vi foi Omissão, DEmissão, PERmissão e mais coisas não terminadas em ão mas que continuam a não rimar com um exercício cidadão...
Nota final: numa altura em que toda a gente bate no sistema judicial, a bem da verdade há que dizer que ainda foi aí que as coisas funcionaram. E, como se diz na minha aldeia, pelo menos "sentam o cú no mocho". A douta instituição só acordou estremunhada quando um sistema exterior produziu uma acusação...
Ah! como é deduzível da caracterização feita atrás a vilã "prescindiu" de prestar declarações. Bate tudo certo ó Alberoni.
O vil não é simplesmente um medroso. Existem pessoas que, face a um perigo, tremem, ficam dominadas pelo pânico. Pessoas que se assustam de cada vez que têm de tomar uma decisão. Mas destas pessoas dizemos que são medrosas, frágeis.
O vil* , pelo contrário, pode ser hábil, astuto, capaz de tomar decisões rápidas, mas só quando são a seu favor, para reforçar o seu prestígio, o seu poder, a sua segurança. Torna-se preguiçoso, assustadiço, cobarde apenas quando tem de lutar por algo que não diz respeito à sua pessoa, quando tem de ir em socorro de alguém em perigo. Então cala-se, esconde-se, pior, enfurece-se com ele.
A característica principal do vil é a de mandar fazer aos outros as coisas arriscadas. Depois, em vez de ajudá-los, defendê-los, deita-os às feras que são os inimigos, faz recair sobre ele as culpas todas.
... O vil é um egoísta cínico que tira vantagem da iniciativa e da coragem dos outros e sacrifica-os assim que está em jogo a sua própria segurança. Tem medo de perder as suas comodidades, os seus privilégios, o seu prestígio. Tem medo das pessoas activas e que perseguem um ideal. Odeia-as porque lhe lembram a sua preguiça moral e porque as considera perigosos concorrentes se forem apreciadas, admiradas, amadas pelos outros. Suporta-as enquanto lhe forem úteis, mas anseia por ver-se livre delas.
A sociedade está cheia de vis que ocupam posições de poder. Isto contrasta com o que as pessoas gostariam.
... o vil nunca arrisca seja o que for. Avança com prudência e astúcia. Manda os outros para a frente e depois fica com o mérito se as coisas correrem bem. E descarrega sobre eles quando as coisas correm mal. Dado que teme as pessoas inteligentes e activas, mantém-nas de lado e faz-lhes a vida difícil. Utiliza-as quando lhe são úteis, mas faz tudo para enfraquecê-las assim que começam a ter algum crédito e prestígio. Faz-lhes promessas em privado que depois nega em público. Pouco a pouco desgasta-as, esgota-as. Rodeia-se de cortesãos servis. Desta forma mantem-se sempre no poder, sempre em cima. O preço é pago por todos os outros. Numa empresa os melhores vão-se embora, assim vai vivendo ou vai à falência. Se for um político pagam os cidadãos."
in "Tenham coragem" de Francesco Alberoni, pp.88/89 (excertos).
*(e a vilã, acrescento eu)
Como se vê não sou a autora do texto atrás transcrito. Não teria engenho para o fazer. Mas uma coisa é certa...o Alberoni descreve, com uma precisão que arrepia, umas criaturas bem concretas, que há uns anos se atravessaram na minha vida. É tudo tão exacto.... até na parte em que vim (viemos) embora.
Acresce que, as criaturas em questão, combinam outras caraterísticas (utilizando ainda a caracterização do Alberoni para as "formas de existência erradas"):
Uma: vil + que rouba energia + que não sabe fazer a paz + centralizadora + predadora + aquela que conspira.
Outro: vil + que não sabe fazer a paz + agressivo + psicoinstável.
Outro: assim tipo que faz papel de "jagunço" com ares de coronel só porque os que assim se entendem lhe dão a esmola de lhe destinar esse papel - de jagunço (claro que esta caracterização não cabe nas categorias do Alberoni, mas há gente que, de tão servil nem pinta tem para ser vil por conta própria).
Viver isto assim já é, em si, grave, muito grave! Mas há outro aspecto que me dói muito além do prejuízo pessoal que possa ter tido (e se houve danos...). Existirem instituições públicas, supostamente cheias de pergaminhos (mesmo os conferidos pela história) onde se permite o exercício descarado e prolongado desta vilania. Instituições cuja MISSÃO é por demais elevada. O que eu vi foi Omissão, DEmissão, PERmissão e mais coisas não terminadas em ão mas que continuam a não rimar com um exercício cidadão...
Nota final: numa altura em que toda a gente bate no sistema judicial, a bem da verdade há que dizer que ainda foi aí que as coisas funcionaram. E, como se diz na minha aldeia, pelo menos "sentam o cú no mocho". A douta instituição só acordou estremunhada quando um sistema exterior produziu uma acusação...
Ah! como é deduzível da caracterização feita atrás a vilã "prescindiu" de prestar declarações. Bate tudo certo ó Alberoni.
Liberdade
04 janeiro, 2007
pois.........
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"In science as in love a concentration on technique is quite likely to lead to impotence" (Berger 1976)
Ó yehhh!
(já para não falar dos autênticos "coitos interrompidos" de que certas conclusões parecem resultar...).
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"In science as in love a concentration on technique is quite likely to lead to impotence" (Berger 1976)
Ó yehhh!
(já para não falar dos autênticos "coitos interrompidos" de que certas conclusões parecem resultar...).
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02 janeiro, 2007
Haverá título para isto?
...
O JN apresenta hoje três "matérias" relativas à fraude académica:
"Fraude académica virou negócio"; "Plágio de trabalhos na internet é pão-nosso do básico ao superior"; "Júris "amigos" podem ajudar a aprovar teses".
Porque será que não tive uma única surpresa?
E podia continuar. Oh se podia! (ver post Carolina académica)
Nota: As generalizações são abusivas. Mas tapar o que corre muito mal com uma peneira também é abusivo. E se há abusos! Oh se há! E muito piores do que se pode imaginar...
O JN apresenta hoje três "matérias" relativas à fraude académica:
"Fraude académica virou negócio"; "Plágio de trabalhos na internet é pão-nosso do básico ao superior"; "Júris "amigos" podem ajudar a aprovar teses".
Porque será que não tive uma única surpresa?
E podia continuar. Oh se podia! (ver post Carolina académica)
Nota: As generalizações são abusivas. Mas tapar o que corre muito mal com uma peneira também é abusivo. E se há abusos! Oh se há! E muito piores do que se pode imaginar...
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