Não importam agora as circunstâncias. Por motivos de trabalho, utilizei um documentário como meio de ensino, do qual pedi um relatório com ítens previamente definidos, deixando à criatividade dos relatores a organização e a forma de abordagem. Pois bem! Numa boa parte dos ditos cujos aparece recorrentemente o verbo "vizualizar". "Vizualizamos o filme", "da visualização do filme". Não é que esteja mal de todo, mas .... pensei, pensei e concluí que só pode ser um efeito dos "Gato Fedorento". Diz que são uma espécie de jovens com dificuldade em destrinçar a ironia das palavas!!!!
30 novembro, 2007
29 novembro, 2007
sem título, mas com muita convicção
Consumam-se encontros de gente, de sós
De formas diferentes, ousadas ou não
Consomem-se vidas redondas de nós
E de laços que abrem a imaginação.
Há trocas nos toques de tanto olhar
Em mares de desejo, que vejo, que sinto
E há a palavra, porque encontrar
É mais que um tropeço num poço de instinto.
Nada dá sentido à mão com coragem
Ou à boca redonda com medo de abrir
Senão a certeza que é descobrir
Que a gémea palavra induz a viagem.
Capazes de ir onde a vida se abra,
Só há o limite do fim da palavra!
28 novembro, 2007
Lá querer eu queria
Imagine que um dia alguém se aproximava de si na rua e em vez de lhe perguntar polidamente as horas, ou aonde é que ficava a rua tal, lhe perguntava, com a maior naturalidade:
- Importa-se de me dizer se sabe pensar?
Imagine, com a maior realidade que puder, que essa pessoa lhe pedia que a ajudasse a pensar, exactamente com a mesma naturalidade com que lhe pediria lume ou troco de vinte escudos.
Imagine que lhe faziam essa pergunta assim, na rua, ou em qualquer outra circunstância, e tente avaliar pela sua surpresa ao recebê-la e pela resposta que eventualmente lhe daria, o que é que pensa a respeito da necessidade de saber pensar; se alguma vez teve dúvidas sobre se sabe ou não pensar, ou quantas vezes, e exactamente de que maneira, é que o problema se lhe pôs.
Pode achar estranho que essa pergunta lhe fosse posta assim, numa situação ocasional de rua. Seria de qualquer modo curioso saber ao certo porque é que seria estranho, e não é estranha a situação contrária, isto é, a situação real – em que nunca se lhe põe, nunca se lhe pôs, nunca se lhe porá.
Mas pode sossegadamente recolocar a mesma questão em relação aos jornais, às revistas, ao cinema, às reuniões com os seus amigos, à generalidade das universidades, à esmagadora maioria dos livros. Pode procurar activamente em todas as situações da vida ordinária – em todas as situações comuns ou invulgares da vida ordinária – qualquer ocorrência explícita dessa questão. Pode procurar activamente – mas procurará em vão.
Penso, logo desisto
Penso, logo desisto – dizia recentemente um jovem matemático. E desisto porque, obviamente não sei pensar.
Para além de um pequeno número de operações mais ou menos mecânicas; para além de uns resultados, mesmo criadores, que por vezes se conseguem, fica um mundo interminável de coisas perdidas na penumbra da incompreensão – e essas são, muito possivelmente, as mais importantes.
A Matemática ainda se compreende. A Física, a química, a generalidade das ciências ditas exactas, progridem, e em geral de uma forma surpreendente.
Mas quando se trata de compreender o homem; quando se trata de compreender a morte, a agressividade, o medo, o amor, quando se trata de nos compreendermos a nós próprios – vejo-me forçado a desistir.
Poucas pessoas terão alguma vez na vida perdido um minuto do seu sono a pôr, ou a tentar resolver, explicitamente, essa questão. Mas todas as pessoas perderam – e perdem continuamente – muito mais do que um minuto, uma hora ou uma noite inteira do seu sono, por não saberem pensar – por não quererem saber pensar.
Quero filhos, quero vodka, quero um ideal, quero uma casa no campo, quero um guru, quero um bife de lombo, quero a eternidade, quero um perfume francês – mas nunca ouvi da boca de ninguém, isto:
Quero saber pensar.
Penso, logo desisto.
Vai, disse a ave, porque as folhas estavam cheias de crianças,
Que se escondiam excitadamente escondendo o riso.
Vai, vai, vai, disse a ave: o género humano
Não pode suportar muita realidade.
João de Sousa Monteiro (1978) in “ Tire a mãe da boca” pp. 33-35
27 novembro, 2007
16 novembro, 2007
Amanhã
15 novembro, 2007
13 novembro, 2007
Post desconsolado
Não sei de quem chegam saudades tão simpáticas.
Pensando rapidamente (salvo, portanto, razões mais aprofundadas) acho que é o desconsolo que me impede de "postar". Se, sem me sentir desconsolada, sou suficientemente céptica quanto ao interesse do que "posto", naturalmente que, com desconsolo declarado, naturalmente nem ponho a hipótese...
A ver se a viagem da próxima semana me retempera. Depois darei notícias (eventualmente com sotaque... paradoxalmente (ou não) sou muito surda mas tenho um óptimo ouvido) ehehehehehe
Pensando rapidamente (salvo, portanto, razões mais aprofundadas) acho que é o desconsolo que me impede de "postar". Se, sem me sentir desconsolada, sou suficientemente céptica quanto ao interesse do que "posto", naturalmente que, com desconsolo declarado, naturalmente nem ponho a hipótese...
A ver se a viagem da próxima semana me retempera. Depois darei notícias (eventualmente com sotaque... paradoxalmente (ou não) sou muito surda mas tenho um óptimo ouvido) ehehehehehe
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