E, ainda assim, eu também (quase) só distingo os carros pela cor... E, ainda assim, também eu já tive aflições escusadas (eufemismo para ignorâncias muitas) à conta da questão oleica do meu carro...
Subi o Marão, do Porto a Vila Real, já noite dentro, (era Dezembro) com o coração aos pulos por causa do maldito ícone que, a meu ver, remetia para o óleo. Logo por alturas de Paredes o ícone deu sinal de vida! Mas não podia ser falta de óleo!... Por precaução tinha pedido, na garagem de todos os recursos rápidos, para verem o nível dos líquidos todos...Ainda assim, perante a piscadela “gemente” do ícone, parei logo na estação de serviço a seguir a Penafiel. Tudo conferido por diligente funcionário que não lhe parecia que fosse falta de óleo, mas ainda assim acrescentou um niquinho:
_"Vá lá. De certeza que não é falta de óleo. Vá sossegada".
E eu fui porque tinha de seguir...esperavam-me às 21.30h. Mas nada sossegada. O ícone volta e meia aparecia e mais, ainda que contidamente, guinchava!
Desci o Marão, no dia seguinte, com pulos cardíacos intermitentes porque o raio do ícone intermitentemente me aparecia, sem que eu estabelecesse a mínima relação causa-efeito. Cheguei ao Porto e, oh! oh! calmamente retomei a minha rotina. Continuei a andar com o carro porque a cena do ícone desapareceu e eu, pura e simplesmente, me esqueci dele. No dia a dia não acontecia nada... Passou.
Porém... sempre que me distanciava um pouco mais do Porto lá aparecia o ícone, intermitente, sem nexo, a sobressaltar-me o coração e a arreliar-me a mente.
_Como é que me esqueci desta treta mais uma vez? Massacrava-me eu a cada viagem. Parecia uma praga rogada por alguém que me queria atormentar nas viagens que me levavam, em trabalho, a locais fora do Porto. E era ver-me a parar ...nas bombas de gasolina, em garagens de ocasião... e nada...
_”O carro tem óleo, minha senhora!”...
Cheguei a conferir, com empenhados funcionários, o livrinho que acompanha o carro... Nada... Até que um dia...
_“Olhe, se reparar bem, este ícone não é o do óleo "tout court". Alguém, mais inspirado, me suspirou passados muitos sustos e lugares.
Depois deste susto maior, acabei por ir onde devia ter ido logo na altura de "rever" o óleo: à garagem da marca do carro.
Lá fui. Expliquei-me o que podia. Que parece que falta óleo, mas que me dizem que não! mas...
Risada geral.... Sim, risada porque, entretanto, um exército de anjos da guarda não permitiu que algo de definitivamente grave acontecesse à viatura... e a mim!
_"Oh minha senhora, claro que não é falta de óleo. É EXCESSO!!!"...
Só quando o carro andava mais tempo e mais veloz e aquecia mais é que a intermitência sinalética aparecia...
… pois o calor também dilata (ainda mais) o mero óleo de uma mera viatura conduzida por uma mera condutora meramente ignorante...
Porto 2005