26 junho, 2011
há domingos assim (45)
Rochlitz, Barbara
o encontro
João Villaret, a procissão
Tocam os sinos da torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.
Mesmo na frente, marchando a compasso,
De fardas novas, vem o solidó.
Quando o regente lhe acena com o braço,
Logo o trombone faz popó, popó.
Olha os bombeiros, tão bem alinhados!
Que se houver fogo vai tudo num fole.
Trazem ao ombro brilhantes machados,
E os capacetes rebrilham ao sol.
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.
Olha os irmãos da nossa confraria!
Muito solenes nas opas vermelhas!
Ninguém supôs que nesta aldeia havia
Tantos bigodes e tais sobrancelhas!
Ai, que bonitos que vão os anjinhos!
Com que cuidado os vestiram em casa!
Um deles leva a coroa de espinhos.
E o mais pequeno perdeu uma asa!
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.
Pelas janelas, as mães e as filhas,
As colchas ricas, formando troféu.
E os lindos rostos, por trás das mantilhas,
Parecem anjos que vieram do Céu!
Com o calor, o Prior aflito.
E o povo ajoelha ao passar o andor.
Não há na aldeia nada mais bonito
Que estes passeios de Nosso Senhor!
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Já passou a procissão.
António Lopes Ribeiro
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6 comentários:
A população da aldeia ainda não sabia
que vai perder a junta de freguesia
Os bombeiros, bem alinhados
Não estão ainda informados
que não haverá nem subsidios nem fundos
Os anjinhos, em suspiros profundos
encantados da vida,
nem imaginam que a escola vai ser transferida
Assim vai a procissão
Com falhas de informação
o que, sendo espaço rural
não tem assim muito mal
Um bom momento, muito domingueiro, agora, em tempo de santos populares :)
adoro domingos
Bjinhos
Paula
:))
E hoje: boa semana!
(já li o poema mas não sei quando, onde ou porquê, mas desconfio que seria daquelas coisas que a Mãe me mandava ler:))
Acho um encanto este poema, qualquer que seja a leitura que se faça: uma ironia quase sardónica, ou um bucolismo a cheirar a bafio...um uma ingenuidade um pouco tonta!
Mas estou a ouvir a voz do Villaret e gosto:))
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