07 julho, 2009

estrelas da tarde [ :) ]

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Nolde, E.
mohnblüten
(c.1930)









DE TARDE

Naquele "pic-nic" de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima de uns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!

Cesário Verde, o livro de Cesário Verde 1887 (poesia completa 1855-1886, dom quixote, 133)


Carlos do Carmo, estrela da tarde

14 comentários:

Vicktor Reis disse...

Querida MdSol

Bonitas partilhas como já nos habituaste.

Beijinho.

anamar disse...

Viva mdsol!
Tudo é belo o que nos dás para seroar um pouco!
beijinho
:))

Violeta disse...

mdsol
e o que eu gosto deste poema...
bjs

mena maya disse...

Benditas tardes!

Lindo post!

Beijinhos

Francisco Clamote disse...

Belo quadro e belo poema !

Carminda Pinho disse...

Mdsol,

lindo este poema que eu desconhecia.
Um post cheio de estrelas e, a da tarde também é bem bonita.
:)

Beijos

A.S. disse...

Madsol...

Que belo e doce poema que nos deixas pela mão do Cesário Verde!
Quanta emoção... quanta beleza... quanta sensualidade!...


Beijos....

jose albergaria disse...

Dos meus poetas, "santos" de devoção perene.
Obrigado pela partilha.
Pessoa,considerava-o um mestre.
:))))

Je Vois La Vie en Vert disse...

Olá Mdsol,

Não queres fazer como o Cesário Verde e nos oferecer umas rimas portuguesas traduzindo/adaptando as minhas francesas ?

Estou a espera de ti e das tuas rimas là no meu cantinho...

Beijinhos

Verdinha

Blondewithaphd disse...

Também gosto da Lua:) E de talhadas de melão e pêssegos e apanhei muitas papoilas em pequena! (diabo, ainda as apanho...)

(E li o teu comment no outro blog e és uma querida!)

Sensualidades disse...

ok fizete-me fome

bjokas

Paula

Duarte disse...

Não lia nada de Cesário desde o Infante. Obrigado.

Aquelas malgas de vinho americano, pão e açúcar, que tão bem conjuntava a minha avó, que na merenda degustava com a minha irmã... que tempos aqueles!!!

Um forte abraço por fazer-me reviver

Ana Paula Sena disse...

Adoro este poema! Desde o tempo em que o estudei, lá pelo 10º ano...

Obrigada, md(Sol), pelas maravilhosas recordações que me traz!

Manuel Veiga disse...

até as papoulas enrubeceram, com a beleza das rolas... rss

amorável poeta. de que gosto muito.

grato